domingo, 22 de abril de 2012

O Correio de Timbaúba, editado em 1914







Segundo Luiz do Nascimento, no volume 14 de sua História da Imprensa em Pernambuco, este jornal conseguiu circular até o número 19, entre outubro de 1914 e janeiro de 1916. Trabalhando com a pesquisa sobre os exemplares d'A Serra, o jornal editado por Jáder de Andrade, encontrei em um de seus volumes encadernados, este exemplar do nº 1 do Correio. Detalhe para os anunciantes e para a reclamação acerca da qualidade dos serviços prestados pela Great Western.

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domingo, 8 de abril de 2012

Timbaúba, 133 anos: no início, o algodão e uma rebelião popular


Vista do interior da firma Queiroz & Andrade, acervo FUNDAJ



Quem perguntar em Timbaúba, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, sobre o que significa “Mocós” terá como rápida resposta a indicação de um pequeno roedor cuja presença no passado era comum naquelas terras. Os significados deste nome, entretanto, dizem muito sobre o passado da Zona da Mata Norte de Pernambuco, associado ao algodão e a presença de pequenos proprietários, bem como às lutas sociais da Praieira e dos Quebra-Quilos, estas igualmente relacionadas os homens livres pobres da região.

O Dicionário Chorográphico, de Sebastião Galvão, escrito entre 1908 e 1927, nomina diversas serras e lugares do interior de Pernambuco que possuem o nome de ‘mocós’, sem explicitar o significado da palavra. Há delas em Garanhuns, em Bonito, em Pedra, em Gravatá, entre Bezerros e Bonito, e ainda, um riacho que é afluente do rio Ipojuca, no município de Caruaru. No mesmo sentido, na abertura de seu livro de memórias, o velho Gregório Bezerra afirma que nasceu ‘em um sítio chamado Mocós, em Panelas de Miranda’. Em Timbaúba, é a identificação do povoado de ‘Mocozinho, junto à cidade, da qual se pode dizer que é um prolongamento’. Pereira da Costa, nos Anais Pernambucanos, contemporâneo de Sebastião Galvão, associa o nome a um roedor e o dicionário Houaiss acrescenta que ‘mocozal’ é o tipo de serra onde esses animais abundam. Mas, é muito importante ressaltar que mocó é ainda o tipo de algodão conhecido por Seridó, preferido pelas tecelagens inglesas por possuir fibras longas e resistentes.

Pereira da Costa assinala, ainda, duas coisas importantes. Primeiro, uma citação antiga nos “Diálogos das Grandezas do Brasil”, que dizia serem esses pequenos roedores ‘feitos domésticos para combater os grandes ratos, por serem [os mocós] perseguidores deles [os ratos]’. Segundo, que foi esta a inspiração para nomear um jornal redigido pelos praieiros que circulou no Recife na década de 1840, com o título “O Mocó”. Este jornal tinha por epígrafe ‘Fugi, Guabirus, do esperto mocó! Às suas buscas não escapa um só!’. Os praieiros defendiam entre outras coisas, a nacionalização do comércio com a expulsão dos portugueses que monopolizavam esta atividade e chamavam de ‘guabirus’ aos conservadores e partidários dos portugueses, contra quem se rebelaram entre 1847 e 1850. Mocó era, portanto, um pequeno animal, que unido aos seus iguais, não temia enfrentar os guabirus. Epígrafe melhor não poderia haver.

Em 1847 foi exatamente isso que os habitantes de Mocozinhos, núcleo original da cidade de Timbaúba, fizeram, em um levante contra o ‘fazendeiro português’ que monopolizava o comércio e a compra do algodão produzido na região, radicado naquelas terras desde meados da década de 1820, onde se dedicou a principal atividade econômica da mata seca, o cultivo de algodão. Um potentado local que construiu riqueza em torno do ouro branco e montou uma casa de descaroçamento, diversificando seus investimentos. Sebastião Galvão registrou em seu Dicionário a expansão das propriedades e do poder de Guimarães, ‘pisando direitos impunemente e expelindo da terra quem o desagradasse, chegando ao desassombro dos crimes’. Pereira da Costa também foi direto: ‘fazia leis consuetudinárias, conspurcava o direito dos fracos, desterrava uns e assassinava a outros’. Os pequenos proprietários da região encontraram, depois de muito tempo e opressão política, uma fissura no mando que o Guimarães de Timbaúba exercia, levando-os à reação. Esta ocorreu em meio aos protestos que os praieiros conduziram na capital contra o monopólio dos portugueses sobre o comércio. Guimarães foi morto por um tiro, em meio a uma turba, em sua loja de fazendas no final de 1847. Os mocozinhos puseram fim ao que julgavam ser um gigantesco guabiru a roubar-lhes e ameaçar-lhes o cotidiano.

Pensar no termo 'Mocós' como um nome que remete a uma rebelião popular que põe fim ao mando político de um oligarca e ao controle econômico deste sobre os proprietários e pobres do lugar é algo, sem dúvida, memorável. Mocós como nome da melhor fibra de algodão produzida em Pernambuco também é significativo da história econômica local, representando uma época em que a cana dividia espaço com outros produtos agrícolas. Entretanto, a memória social do lugar perdeu tais significados à medida que avançava o século, na esteira da longa decadência do algodão. Mesmo o brasão da cidade foi modificado, pois no original, o escudo representativo do município era ladeado por um ramo de algodão e outro de cana, passando a ser desenhado na década de 1960 com dois ramos de cana de açúcar. A expansão das usinas de açúcar reforçou a concentração de terras, a decadência do algodão e dos pequenos proprietários e banguezeiros, reforçando um processo de pauperização e concentração de renda tão bem denunciada e retratada por Manuel Correia de Andrade, Josué de Castro, José Lins do Rego e outros intelectuais. Mas isso já é outra história.

Timbaúba, 133 anos de emancipação política





As imagens acima são da Revista de Timbaúba, publicada em 1932, quando a prefeitura comemorou 50 anos de instalação da Câmara Municipal.

 Capa do Informador de Timbaúba

 Loja A Violeta, à Praça Carlos Lyra, n. 19

 Igreja de Mocós
 
 "Confortável residência do dr. José de Araújo Pereira"

 Engenho Bela Vista, do cel. Álvaro Xavier de Morais Coutinho

 "Gente bonita de Timbaúba"

Igreja Matriz, depois de reconstruída, apenas com uma torre

 "Igreja Protestante", atual Igreja Congregacional

 Praça Carlos Lyra



Este outro conjunto de imagens são do Informador de Timbaúba, editado em 1937.