segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Egito. Novo complicador. Queda de braço entre o 007 Suleiman e o pacifista El Baradei, apoiado pela Fraternidade Muçulmana


1. Não há mais dúvida que na complexa geopolítica médio-oriental Hosny Mubarak, ditador do Egito por quase 30 anos, já é carta fora do baralho.

No momento, o problema é saber quem conduzirá o país durante a transição e até a eleição de outubro. Ou, no caso de antecipação do calendário eleitoral (objeto de desejo da Fraternidade Muçulmana), quem garantirá posse aos vencedores.

Como até múmias sabem, a Fraternidade Muçulmana é a organização política mais bem organizada. Numa eleição livre, terá, segundo os analistas ocidentais de inteligência, maioria parlamentar.

Ontem no período vespertino, na praça Thair e quase abafado pelo barulho intimidador dos voos rasantes voltados a fazer valer o toque de recolher, Mohamed El Baradei, ganhador do Nobel da Paz, deixava clara a sua posição : “Estamos no início de uma nova era e não podemos voltar atrás. Hosni Mubarak deve cair fora. O povo é o titular desta revolução. Vocês representam o futuro do Egito”.

Antes de se manifestar na praça Thair, o pacifista El Baradei deu entrevista à CNN. Ele revelou estar disposto a assumir a presidência temporária do Egito para “uma transição à democracia”.

Num lance de xadrez bem jogado, a Fraternidade Muçulmana apóia a pretensão de El Baradei e, assim, se apresenta, no que toca a transição, como moderada e a deixar a questão religiosa de lado.

Com tal postura, a Fraternidade cala vozes de republicanos norte-americanos e direitistas israelenses. Ambos apostam num segundo Irã, caso os extremistas islâmicos assumam o poder.

O Exército impôs a Mubarak o general Omar Suleiman, um super 007.

Suleiman, que está há 20 anos no comando do serviço de inteligência do Egito, foi guindado ao cargo de vice-presidente para, numa transição, ocupar o cargo deixado pelo renunciante.

Para o Exército, o pacifista El Baradei não será o comandante da sucessão. Os generais temem estar El Baradei sendo manipulado pelos radicais islâmicos para, num futuro próximo e após a implantação de um Estado teocrático, ser atirado fora.

PANO RÁPIDO. Desta vez, o WikiLeaks ajudou o presidente Barack Obama.

Conforme divulgado pelo WikiLeaks, o presidente Obama estava preocupado e pressionava Mubarak a fim de este implantar um regime democrático e de respeito a direitos humanos.

Só para lembrar, a “doutrina Bush” defende a democracia. George W. Bush, no seu rancho no Texas, recebeu como hóspede de honra, além de Álvaro Uribe, o saudita rei Abdullah, de 86 anos de idade. Ele reina na Arábia Saudita desde 2005 e nunca respeitou direitos humanos.

No fundo, poucos sabem como será o efeito dominó. Teve início na Tunísia e passa pelo Egito. Será que alcançará Marrocos, Síria, Arábia Saudita, Mauritânia, Argélia, Líbia, Jordânia e Iêmen ?

Wálter Fanganiello Maierovitch

sábado, 29 de janeiro de 2011

Protestos no Egito contra Mubarak: "O Faraó em seu labirinto" (Tradução da matéria publicada no El País)


"Necessitam de mão de obra em seu país? Eu poderia oferecer-lhes 10 milhões de egípcios". A rapidez com que o presidente Mohamed Hosni Mubarak respondeu há três anos a uma pergunta desta correspondente sobre o desemprego em seu país era excessiva inclusive para o humor irreverente egípcio. Estava claro que Mubarak havia perdido o contato com a realidade de seu país. Perto de completar 30 anos no poder, os egípcios decidiram dizê-lo em alto e bom som nas ruas do Cairo, Alexandria, Suez e outras grandes cidades.

Naquela entrevista, Mubarak falou da forma paternalista de seus concidadãos ("este é um povo acostumado a um partido forte") e inclusive se atreveu a afirmar que os direitos humanos "não são motivo de preocupação no Egito". O dirigente, ao que muitos comentaristas apelidaram de "O Faraó" (apesar dos antigos governantes egípcios terem que provar-se continuamente ante seus súditos), sentia-se confiante. Tanto que fez substituir a Mohamed el Baradei, então o direitor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a quem havia vetado a continuidade do mandato.

Mubarak, que nasceu no delta do Nilo, em 1928, vem de uma família da pequena burguesia rural e, como seus antecessores, entrou para a política através do Exército. Após o treinamento como piloto militar na ex-União Soviética, alcançou honras de herói após o seu desempenho durante a última guerra árabe contra Israel. As em outubro de 1973. Ele era o chefe da Força Aérea até 1975, quando Anwar Sadat o nomeou vice-presidente.

O assassinato de Sadat em outubro de 1981 por ter assinado a paz com Israel levou Mubarak repentinamente para a Presidência. Ninguém poderia imaginar, então, que aquele oficial corpulento, sem apoio popular ou internacional, viria a se tornar um dos líderes árabes que durariam mais tempo no poder. No entanto, Mubarak assumiu a causa da morte de seu antecessor (o acordo de paz com Israel) para construir uma reputação como um estadista internacional (com a cumplicidade dos EUA) e reconstituir a influência regional do seu país.

Sem dúvida, ele contribuiu para um período de estabilidade política e desenvolvimento econômico que desviaram a atenção dos egípcios do seu crescente monopólio do poder. Na verdade, apesar dos sucessivos plebiscitos em 1987, 1993, 1999 e 2005, Mubarak tem agido como se fosse um governante militar. Embora a Constituição egípcia estabeleça em teoria as instituições democráticas, o controle das eleições reduziu os processos eleitorais a uma mera ratificação do Partido Democrático Nacional, em detrimento de uma oposição cada vez mais fragilizada e acomodatícia.

A chave para esse férreo controle foi o seu empenho, quase obsessão, para manter o país sob a 'lei de emergência'. Sob o pretexto do combate ao terrorismo, essa regra tem permitido suspender direitos fundamentais na Constituição (incluindo as liberdades de imprensa e de associação) e alargar as competências dos órgãos de segurança que se tornaram o principal bastião do seu regime. Mas se é verdade que conseguiu conter o terrorismo islâmico durante os anos noventa do século passado que chegou a colocar o país contra as cordas, não é menos verdade que o preço pago pode ter hipotecado o futuro de toda uma geração.

Com o poder nas mãos de poucos, a liberalização econômica do país, que começou há duas décadas tem enriquecido a apenas um punhado de fiéis e ampliado as diferenças sociais. Sem canais de expressão política, muitos egípcios estavam inclinados na direção da Irmandade Muçulmana, um grupo de oposição ilegal, mas tolerada, que com o tempo tornou-se a imagem reversa do governo. A ameaça de um eventual avanço da Imandade serviu a Mubarak para reduzir a pressão de os EUA e outros aliados ocidentais, sempre que lhe pediam para atenuar a força do sistema.

"Misturar religião e política é perigosa", ele repete em entrevistas, sabendo que a resposta soa bem para o ocidente secular. No entanto, enquanto se recusam a falar sobre a Irmandade Muçulmana ("para não dar publicidade"), suas políticas a fortaleciam. O empobrecimento do país é um terreno fértil para os islâmicos. Os protestos em 2004 lançaram o movimento para a mudança Kifaya (Basta) e abriu a esperança de que fosse possível quebrar a alternativa Irmandade Muçulmana ou Mubarak. Mas a atenção internacional que os ativistas conseguiram apenas resultaram em uma tímida reforma constitucional para permitir que em 2005 o referendo presidencial tivesse a aparência de uma verdadeira eleição e ilusórias promessas de milhões de empregos e habitação.

Mubarak nunca nomeou um vice-presidente e se recusou a revelar se pretende concorrer à reeleição em setembro próximo, ou se, como teme a maioria dos egípcios, pretende colocar o seu filho Gamal na chefia de Estado. Fartos, os egípcios estão dizendo que eles não aceitam qualquer uma destas opções. Ninguém sabe como o conflito vai se resolver. Mas, aquele El Baradei que há três anos esperava de uns jornalista espanhóis terminassem a entrevista com o seu presidente, voltou ao Egito para liderar a transição.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Há boas notícias vindas do ENEM.


Os resultados do vestibular feito a partir do ENEM trazem duas boas novas.

Oxigenou a lista dos dez primeiros da UFPE com alunos de escolas públicas e possibilitou a presença de outros cursos que não apenas medicina ou direito. Agora em 2011, os dez primeiros lugares estão divididos entre Música, Direito, Engenharia e Medicina. Por óbvio, nada contra as escolas privadas, medicina ou direito, mas o modelo de seleção até então vigente possuía como eixo a ênfase no treinamento dos alunos para a resolução de questões de múltipla escolha, cujas disciplinas mais difíceis, por assim dizer, eram aquelas da área de exatas, com uma infinidade de fórmulas a decorar e cálculos por fazer. (Só por curiosidade, gostaria muito de ver um candidato ao curso de medicina ler, pelo menos, um trecho de uma partitura da 9° de Beenthoven ou escrever a partitura de um trecho de uma peça musical do período colonial, que são atividades que fazem parte da avaliação 'prática' dos candidatos de música, kkkkkk. Parece mesmo ser uma prova muito 'cultural' e bem pouco 'intelectual' e que qualquer um bebum de barzinho consegue fazer. kkkkk.)

As atividades 'didáticas' da 'escola pedagógica dos cursinhos' eram normalmente encaminhadas através daquilo que toda uma geração conheceu como “bizus”, dicas que facilitavam a memorização, fosse de uma regra gramatical ou de uma fórmula matemática. Em torno deste fim, o Recife viu crescer um dos maiores polos educacionais do Nordeste. O que não se traduz necessariamente em melhor nível educacional. Salas de aula com dezenas e até centenas de alunos, professores “showmans”, “aulas-show” e “aulões” com dicas de última hora e onde proliferam as músicas e quadrinhas que facilitam a tarefa da memorização deste ou daquele conceito ou acontecimento, foram práticas que, tristemente, consolidaram-se em estratégias ‘pedagógicas’ e rapidamente foram exportados para estados vizinhos. Essa é a prática constante promovida pelos mercadores da educação (e prática essa que inviabiliza qualquer trabalho mais sério por parte do professor). E dessa parte eu entendo, porque já sofri neste setor. Já dei aula para uma turma regular de 3° ano com 90 alunos! Sempre me perguntava porque os pais permitiam tal absurdo.

Assim, o que deveria ser um meio para a construção do conhecimento transformou-se rapidamente em um fim, em uma inversão perversa que comprometia o próprio processo pedagógico e de formação intelectual e profissional das novas gerações. Não acho que a educação deva ser atividade exclusiva do Estado, mas é um engodo pensar que nela não há problemas, ou que nela há muito mais qualidade do que na pública.

Quando o Enem começou a ser aplicado há alguns anos já trazia claro o seu objetivo de verificar a construção de habilidades e competências com ênfase na interdisciplinaridade, superando uma visão pedagógica em que o conhecimento é compartimentalizado em setores estanques e isolados. Efetivamente, a redução do peso das fórmulas decoradas como instrumento de resolução de questões, equilibrou a avaliação de todos os alunos, tanto os que buscavam cursos na área de exatas onde o cálculo é fundamental, quanto na de humanas. O resultado do vestibular da COVEST expressa essa nova realidade, em que pese ainda a presença de um bônus na composição da nota dos alunos oriundos da escola pública. Mas, demonstrou porque os grandes grupos empresariais da educação reclamaram tanto da decisão do MEC de criar uma seleção nacional para as universidades baseada no Enem. Resta provado que o velho modelo pedagógico centrado no treinamento do aluno para resolução de questões de múltipla escolha é insuficiente para a formação do cidadão e do profissional que o novo século precisa. Os cursinhos vendem fumaça para os pais. Não são eles que 'aprovam', que emplacam os melhores alunos! Existem algumas táticas que inflam a qualidade e o número dos aprovados.

Vejamos.
Truque n° 1: formar uma turma de 3° ano únicamente com os excelentes alunos e apertar os cabras, a fim de produzir 'material' para os outdoors.
Truque n° 2: sabem aqueles alunos 'feras' que estudam no Colégio Militar, Colégio de Aplicação, Escola do Recife? É só 'pescar' alguns deles através da oferta de bolsas integrais e tirá-los de suas escolas no 3° ano e, se não conseguir efetuar a sedução, manter o aluno em algumas 'isoladas', pelo menos, a fim de poder, claro, mostrar como o colégio aprova 'sempre os primeiros lugares';
Truque n° 3: Fazer as listas de aprovados com todo mundo que passou pelo uma hora durante o ano em alguma das turmas, seja ela qual for, isolada, integrada, especial, de última hora, da véspera, do aulão, não importa. O que interessa é que a lista venha 'gordinha', de página inteira. Essa é a mais evidente das imposturas: qualquer leitor experimente somar (kkkkk) a quantidade de alunos que os colégios dizem que aprovam na UFPE, a partir dos anúncios das páginas dos jornais! VAI FALTAR É VAGA PRA TANTO APROVADO! KKKKKK.

É importante lembrar que a Folha de São Paulo, o grupo Abril, as 'organizações' Globo, o grupo Positivo e outros, estão todos envolvidos no imenso negócio de preparação de 'apostilas', volumes únicos, 'projetos pedagógicos' para vender nas escolas.

Ainda está por se avaliar, entretanto, o impacto da possibilidade de uma concorrência nacional para as vagas disponíveis nas universidades de cada estado. De imediato, novamente ocorreu um aumento assustador da concorrência na UFRPE. Se confirmado que tal aumento deveu-se a inscrições de alunos de outros estados, haverá muitas justas reclamações e talvez até reivindicações por algum tipo de "cota estadual", afinal, as universidades possuem um papel central no desenvolvimento local. Se a demanda está tão grande, o caminho é a abertura de novos cursos, vagas e universidades, não uma simples possibilidade de mobilidade entre regiões.

Em um balanço geral, portanto, o ENEM passou bem por seu teste inicial, embora precise de evidentes ajustes na logística de operacionalidade e aplicação das provas. Erros como os que aconteceram nos últimos dois anos não podem se repetir, porque, antes de mais nada, servem de munição contra a concepção geral do próprio ENEM.

Ganharam a educação brasileira, a universidade, os alunos e professores e, algo fundamental, o MEC reforçou um projeto de educação que tem como eixos o reforço da escola pública e da qualidade do conhecimento, embora o caminho esteja ainda no começo.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Saiu o resultado da UFPE: seis dos dez primeiros lugares são de música! O primeirão é de escola pública.


Os cursinhos e os grandes grupos educacionais estão estrebuchando de raiva. Não emplacaram suas figurinhas carimbadas entre os primeiros lugares. Terão que arrumar outras manchetes para publicar no lugar de seus 'tradicionais' campeões! kkkkkkk. É por isso que a campanha contra o ENEM está tão feroz e acirrada, liderada pelos grupos Abril, Globo e Folha de São Paulo. Todos passaram a investir no mercado de cursinhos e preparação de 'apostilas' e publicação de material didático. O ENEM privilegia uma avaliação que não se concentra apenas na 'decoreba' de fórmulas e cálculos, abre espaço para as ciências humanas e fortalece a escola pública. Tem problemas operacionais que ficaram óbvios e não podem ser desculpados, mas numa avaliação geral, provou que é muito bom.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Uma revolução em curso no Brasil. Acontecendo pela educação.


Uma pesquisa da Data Popular, consultoria voltada para o estudo sobre hábitos da classe média, mostra que, de cada cem jovens de famílias emergentes, a chamada classe C, 68 têm mais anos de estudo do que os pais.

Ou seja, quase 70% dos jovens desta faixa de renda no Brasil passaram a ter um nível escolar mais alto que o familiar. O estudo foi feito com base em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), levantados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O quadro fica mais claro quando se verifica que a classe média-baixa ganha força em um momento de intenso desenvolvimento econômico no Brasil.

Terminar o ensino médio é pré-requisito nos processos de contratação da maioria das empresas do país.

O documento que acompanha o estudo reforça essa ideia, ao frisar que “a ascensão social acontece a partir da frequência escolar”.

As mudanças no tipo de trabalho realizado pela classe C são o resultado desse avanço escolar. Os familiares dos jovens formam um grupo de pessoas entre 45 e 65 anos, que exerce profissões com mão de obra "menos intelectualizada, tais como trabalhadores domésticos e da construção civil".

Por sua vez, os brasileiros entre 18 e 25 anos na classe emergente ocupam funções que necessitam de conhecimentos específicos e aptidões comunicativas, como operador de telemarketing, de acordo com o estudo.

As cinco profissões mais comuns dos pais da classe C, segundo a pesquisa da Data Popular, são: domésticos, vendedores de lojas ou mercados, trabalhadores da construção civil, cozinheiros e zeladores, nesta ordem.

Já o ranking das atividades dos filhos é diferente: em primeiro lugar eles são vendedores de loja e mercado, depois auxiliares administrativos, operadores de telemarketing, caixas, e por fim recepcionistas.

Classe A

A diferença na escolaridade da classe A é menos gritante: apenas dez em cada cem jovens estudaram mais do que os pais. A consultoria Data Popular afirma que, como este grupo tem um “padrão profissional mais homogêneo”, as principais atividades exercidas por pais e filhos acabam sendo parecidas.

Os dados também mostram que pais e filhos da classe A cursaram, em sua maioria, pelo menos algum ano de curso superior.

Neste caso, as cinco profissões mais comuns entre os pais são gerente de produção, executivo, médico, advogado e bancário, nesta ordem. Entre os filhos, as principais atividades são bancário, profissional de marketing e comunicação, gerente de produção, advogado e trainee.

LINK PARA A NOTÍCIA NO SITIO R7

sábado, 1 de janeiro de 2011

Eita começo de ano bom!


POEMINHO DO CONTRA

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!