domingo, 27 de junho de 2010

Documento raro: a sentença de excomunhão e a defesa de José Manoel da Conceição, o primeiro pastor brasileiro, de 1867.


O primeiro pastor brasileiro foi um padre, que converteu-se ao protestantismo tornando-se pastor da igreja presbiteriana, o primeiro nacional ordenado para tal serviço, o que resultou sua excomunhão pela igreja católica, sentença publicada em um jornal paulista, acompanhada depois da defesa do já então, pastor Manoel da Conceição. Os dois documentos foram depois publicados juntos em uma brochura, no ano de 1867. É este opúsculo que está disponível para download no link abaixo.

Vale ainda contar como obtive o mesmo. Estive em Timbaúba desde a quinta-feira à noite cumprindo uma agenda estritamente familiar. rsrs. Assisti ao jogo do Brasil na casa de meu irmão, visitamos o sítio da tia de minha esposa com direito ao almoço com uma galinha de capoeira à cabidela de cardápio e encontramos nossos amigos e irmãos da igreja presbiteriana local. Na sexta à noite visitamos o pastor Helce, conversamos e ele trouxe a brochura para mostrar [sua biblioteca particular é excelente e tem mais de mil livros]. De imediato, eu fotografei o panfleto e as conversas foram seguindo e ao fim, fui presenteado com o livrinho, original de 1867 e adquirido em um sebo, exemplar perfeito. Não preciso dizer da alegria, rsrs. Muito obrigado ao pastor Helce e segue abaixo o documento em PDF, para uso de quem quiser.

DOWNLOAD DA "SENTENÇA DE EXCOMUNHÃO E SUA RESPOSTA", DE JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO, EDIÇÃO 1867, TYPOGRAFIA PERSEVERANÇA, RIO DE JANEIRO.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Imagens das inundações e da tragédia em Palmares.












Nas fotos, ruas e praças tomadas de lama; restos de móveis e utensílios amontoados no meio da rua; lojas completamente destruídas; em uma das igrejas católicas do município, a marca do nível da enchente, próxima ao teto, todo o interior da igreja foi tomado pela água; uma carreta que tombou quando a água fez uma imensa cratera na praça central de Palmares; na mesma praça, a igreja presbiteriana local, um prédio belíssimo, típico da sobriedade e simplicidade das igrejas protestantes clássicas, construído na década de 1940, com a casa anexa posta ao rés do chão e o próprio templo com a sua estrutura já comprometida; nas duas últimas imagens, as irmãs da igreja local organizam e separam roupas e alimentos para doação.

NOTÍCIAS SOBRE A CAMPANHA DE APOIO DA IGREJA PRESBITERIANA NO BLOG DO PR. MARCOS ANDRÉ.

José Serra continua procurando um vice... E até agora não há quem queira.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

COMO FUNCIONARÁ A RECEPÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DOS DONATIVOS PARA O SOS IGREJAS PRESBITERIANAS DO INTERIOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO


(Reproduzido do BLOG DO PASTOR MARCOS ANDRÉ MARQUES, diretor do Seminário Presbiteriano do Norte)

As igrejas do Recife foram contatadas através dos seus pastores, para que participem ativamente com a doação de roupas, colchões, lençóis, alimentos não perecíveis, água mineral, etc.

Esse material pode ser arrecadado nas igrejas ou no SPN. Os que forem entregues nas igrejas serão transportados para o SPN, que providenciará a seu encaminhamento para as cidades necessitadas. O transporte de tudo que for arrecadado será transportado pelo Instituto Brasileiro de Pró-Cidadania, presidida pelo Presbítero Petronio Omar Querino Tavares, que disponibilizou infra-estrutura e veículo.

A partir da manhã dessa segunda-feira, os funcionários do SPN, devidamente instruídos, receberão as doações e catalogarão tudo, para mais tarde emitir relatórios sobre a movimentação dos donativos que poderão ser checados e devidamente auditados.

Só amanhã poderemos disponibilizar número de conta bancária para aqueles que querem efetuar doações em dinheiro. Tudo será anotado e posteriormente relatórios sobre essa possível movimentação financeira, também será emitido. É importante destacar que essas doações são voluntárias e não servem para abatimento de imposto de renda.

Mais uma vez informamos o endereço do Seminário Presbiteriano do Norte:

Rua Demócrito de Souza Filho, 208 – Madalena, Recife-PE. Telefone: (81)3227.0986 e 9633.9893.

Aguarde novas notícias.

Em Cristo,

Rev. Marcos André Marques

domingo, 20 de junho de 2010

A Igreja Católica e Raul Castro afiançam o processo de diálogo.


O governo de Raul Castro segue dando pistas de que o processo de diálogo aberto com a Igreja Católica é sério. E também, que logo se verão mais resultados, tais como a libertação de mais presos políticos.
(...)
Em um ambiente de cordialidade e até de cumplicidade, o cardeal Mamberti, chanceler da Santa Sé em visita a Cuba, se pronunciou constatando que as relações do governo com o Vaticano se encontram "em uma fase muito positiva" e "de gradual evolução", e expressou logo seu desejo de que sua visita contribua com "sensíveis frutos de maiores entendimentos"
(...)
A vistia de Mamberti a Cuba não poderia ser mais oportuna. Chegou a Ilha apenas uns dias depois do governo libertar ao preso de consciência Ariel Sigler Amaya e transferir um grupo de 12 presos para cárceres em suas províncias de residência. Estes, juntamente com o fim dos atos de protesto das Damas de Branco depois de um pedido feito pela Igreja, foram os primeiros frutos do inédito processo mediador entre a hierarquia católica e o governo cubano. Se dá por certo que, antes de concluir sua visita, Mamberti se entrevistará com Raul Castro, outro momento importante para afiançar o trabalho da Igreja.

O papel cada vez mais relevante adquirido pela Igreja, e o que pode jogar no futufo, restou demonstrado durante a X Semana Social Católica, aberta por Mamberti. Os organizadores conseguiram reunir acadêmicos e pensadores cubanos, tanto residentes na Ilha quanto nos EUA - Jorge Domínguez, da Universidade de Pittsburgh, Carmelo Mesa (Harvard) e Arturo Lopez-Levy (Denver) -. Economistas como Omar Everly e Pavel Vidal, do Centro de Estudos da Economia Cubana e o catedrático Carmelo Mesa concordaram no painel sobre economia e sociedade que Cuba "necessita de reformas estruturais urgentes" e que o atual "gradualismo" na aplicação de algumas medidas pode resultar fatal.


ARTIGO ORIGINAL NO JORNAL EL PAIS, NESTE DOMINGO.

sábado, 19 de junho de 2010

Apelo do 18 de junho, do general Charles de Gaulle ( l'appel à la Résistance du 18 juin 1940).


O Apelo do 18 de junho é o nome que recebe o discurso que o general Charles de Gaulle pronunciou na BBC, no dia 18 de junho de 1940. É um apelo à resistência do povo francês depois da derrota e a invasão pela Alemanha nazista e uma reação ao armistício por parte do general Pétain, em 17 de junho de 1940. Pronunciado para um escasso auditório, mas fundador e emblemático, já que permitiu a Charles de Gaulle apresentar-se como o chefe da França Livre, ante o regime colaboracionista de Regime de Vichy.

Lhes chefs qui, depuis de nombreuses années, sont à a tête dês armées françaises, ont formei um gouvernement. Ce gouvernement, alléguant a défaite de nos armées, s’est meus em rapport avec l’ennemi pour cesser lhe combat.

Certes, nous avons été, nous sommes, submergés par a force mécanique, terrestre et aérienne, de l’ennemi.

Infiniment plus que leur nome, ce sont lhes chars, lhes avions, a tactique dês Allemands qui nous font reculer. Ce sont lhes chars, lhes avions, a tactique dês Allemands qui ont surpris nos chefs au point de lhes amener là où ils em sont aujourd’hui.

Mais lhe dernier mot est-il dit ? L’espérance doit-elle disparaître ? A défaite est-elle définitive ? Non !

Croyez-moi, moi qui vous parle em connaissance de cause et vous dis que rien n’est perdu pour a France. Lhes mêmes moyens qui nous ont vaincus peuvent faire vir um jour a victoire.

Car a France n’est pas seule ! Elle n’est pas seule ! Elle n’est pas seule ! Elle a um vaste Empire derrière elle. Elle peut faire bloc avec l’Empire britannique qui tient a mer et continue a lutte. Elle peut, comme l’Angleterre, utiliser sans limites l’immense industrie dês États-Unis.

Cette guerre n’est pas limitée au territoire malheureux de notre pays. Cette guerre n’est pas tranchée par a bataille de France. Cette guerre est une guerre mondiale. Toutes lhes fautes, tous lhes retards, toutes lhes souffrances, n’empêchent pas qu’il e a, dans l’univers, tous lhes moyens nécessaires pour écraser um jour nos ennemis. Foudroyés aujourd’hui par a force mécanique, nous pourrons vaincre dans l’avenir par une force mécanique supérieure. Lhe destin du monde est là.

Moi, Général de Gaulle, actuellement à Londres, j’convide lhes officiers et lhes soldats français qui se trouvent em territoire britannique ou qui viendraient à s’e trouver, avec leurs armes ou sans leurs armes, j’convide lhes ingénieurs et lhes ouvriers spécialistes dês industries d’armement qui se trouvent em territoire britannique ou qui viendraient à s’e trouver, à se mettre em rapport avec moi.

Quoi qu’il arrive, a flamme da résistance française ne doit pas s’éteindre et ne s’éteindra pas.

Demain, comme aujourd’hui, je parlerai à a Rádio de Londres.


TRADUÇÃO

Os chefes que há vários anos estão ao comando do exército francês, formaram um novo governo. Esse governo, alegando a derrota do exército, estabeleceu comunicação com o inimigo para cessar os combates.

Por suposto, temos estado, e estamos afundados pela força mecânica, terrestre e aérea do inimigo.

Infinitamente, mais que seu número, são os tanques, os aviões, a tática dos alemães, o que nos faz retroceder. São os tanques, os aviões, a tática dos alemães o que tem surpreendido a nossos comandos, ao ponto de levar à situação na que hoje se encontram.

Mas, disse-se a última palavra? A esperança deve desaparecer? A derrota é definitiva? Não!

Creiam-me, eu que lhes falo com conhecimento de causa e lhes digo que nada está perdido para a França! Os mesmos meios que nos venceram podem nos dar em um dia a vitória.

Pois a França não está sozinha! Não está sozinha! Tem um vasto império de seu lado. Pode formar bloco com o Império Britânico que domina o mar e continua a luta. Pode, como a Inglaterra, utilizar sem limites a imensa indústria dos Estados Unidos.

Esta guerra não se limita ao triste território de nosso país. Esta guerra não se decidiu na Batalha da França. Esta guerra é uma guerra mundial. Todos os erros, todos os atrasos, todos os sofrimentos não impedem que tenha, no universo, todos os meios necessários para esmagar em um dia aos nossos inimigos. Fustigados hoje pela força mecânica, podemos vencer no futuro com uma força mecânica superior. O destino do mundo está aí.

Eu, o General de Gaulle, atualmente em Londres, convido aos oficiais e aos soldados franceses que se encontrem em território britânico, ou que aí vierem a se encontrar, com suas armas ou sem elas; convido aos engenheiros e operários especialistas da indústria de armamento que se encontrem em território britânico, a se por em contato comigo.

Passe o que passe, a luz da Resistência Francesa não deve se apagar e não apagar-se-á.

Amanhã, da mesma forma que hoje, falarei na Rádio de Londres. Charles de Gaulle

Especial sobre José Saramago no jornal El Pais.



LEIA NO SÍTIO DO JORNAL ESPANHOL EL PAIS.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Vestibular de meio de ano (2010.2) e Ensino à Distância (EAD)) na UFPE: mais de mil vagas.


Na próxima semana, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) abre inscrições para três processos seletivos. Um deles é o Vestibular de meio do ano da instituição, que irá preencher vagas remanescentes no Centro de Tecnologia e Geociências (no Recife) e Unidade Acadêmica do Agreste (em Caruaru). A outra seleção seleciona candidatos para cursos de Ensino a Distância.

As inscrições para estes Vestibulares, que serão organizados pela Covest, iniciam dia 22 de junho e vão até o dia 4 de julho. Custam R$ 70 e são feitas exclusivamente pela internet: www.covest.com.br. A taxa pode ser paga até o dia 05 de julho em qualquer agência do Banco do Brasil.

O período para solicitar isenção de taxa será o será o mesmo para os três vestibulares, e vai ocorrer de 22/06 a 24/06.

Entenda como vai funcionar o processo seletivo e o número de vagas disponíveis.

Vestibular do CTG – Serão disponibilizadas 315 vagas para o Vestibular 2010.2 do Conjunto Engenharias CTG, da seguinte forma: Engenharia Civil (60 vagas), Engenharia de Alimentos (35 vagas), Engenharia de Energia (10), Engenharia de Minas (25), Engenharia Elétrica / Eletrônica (40), Engenharia Mecânica (50), Engenharia Química (45) e Engenharia Elétrica(*) (50 vagas).

(*) Antigo curso de Engenharia Elétrica/Eletrotécnica.

As provas serão realizadas nos dias 18/07 e 19/07, nas cidades do Recife, Caruaru, Garanhuns e Limoeiro, das 13h às 17h. No primeiro dia serão aplicados os testes de Português 1 (Redação e duas Questões Discursivas) e Química (16 questões). No segundo dia, os feras serão submetidos às provas de Matemática e Física (16 questões cada uma).

Unidade Acadêmica do Agreste – O processo seletivo para as vagas remanescentes na unidade acadêmica da UFPE em Caruaru vai seguir uma metodologia semelhante à do vestibular do CTG. Serão disponibilizadas 120 oportunidades de ingresso, distribuídas pelas Licenciaturas em Física (40 vagas), Matemática (40) e Química (40), todas no horário noturno.

As provas serão realizadas nas cidades do Recife, Arcoverde, Caruaru, Garanhuns e Limoeiro, também nos dias 18/07 e 19/07, mas com uma pequena mudança de horário. O primeiro dia de testes vai das 13h às 17h30, com a aplicação das provas de Português e Literatura (16 questões), Língua Estrangeira (08 questões), História (08) e Geografia (08), além de uma redação e duas questões escritas/discursivas. O segundo dia vai das 13h às 17h, com as avaliações de Matemática, Física, Química e Biologia (16 questões cada uma).

ENSINO A DISTÂNCIA – O Vestibular 2010.2 UFPE/Ensino a Distância disponibiliza 800 vagas em três Licenciaturas (Letras/Língua Portuguesa, Letras/Língua Espanhola e Matemática). A distribuição de vagas por Polos de Apoio Presencial (PAD) pode ser verificada pelo SÍTIO DA COVEST.
(Do JC online)

Chuva provoca morte de uma pessoa e o desabamento da igreja presbiteriana de Cortês, em Pernambuco.


Na Mata Sul do Estado, o rio Sirinhaém invadiu a cidade de Cortês. As pessoas estão deixando as suas casas e procurando os lugares mais altos. Mais de 200 famílias estão desalojadas, segundo o prefeito do município, José Genivaldo dos Santos (Geninho), que decretou estado de calamidade pública.

De acordo com o prefeito, o centro da cidade está todo inundado. "Lojas e casas estão alagadas, algumas chegaram a desabar. A chuva levou mercadorias. Na ilha da Saudade, 12 a 15 pessoas estão ilhadas. O Governo do Estado mandou um helicóptero para salvá-las. Nunca vi um desastre parecido aqui", falou.

Um homem identificado como José Heleno, de aproximadamente 37 anos, morreu devido a um deslizamento de barreira, na rua Aparador, no centro do município. A chuva também derrubou uma igreja presbiteriana, localizada próximo da avenida Rio Serinhaém. Não há informações de vítimas no local.

Morre José Saramago, aos 87 anos. Leia o seu discurso ao receber o nobel de literatura.


O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever. Às quatro da madrugada, quando a promessa de um novo dia ainda vinha em terras de França, levantava-se da enxerga e saía para o campo, levando ao pasto a meia dúzia de porcas de cuja fertilidade se alimentavam ele e a mulher. Viviam desta escassez os meus avós maternos, da pequena criação de porcos que, depois do desmame, eram vendidos aos vizinhos da aldeia, Azinhaga de seu nome, na província do Ribatejo.

Chamavam-se Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro. No Inverno, quando o frio da noite apertava ao ponto de a água dos cântaros gelar dentro da casa, iam buscar às pocilgas os bácoros mais débeis e levavam-nos para a sua cama. Debaixo das mantas grosseiras, o calor dos humanos livrava os animalzinhos do enregelamento e salvava-os de uma morte certa. Ainda que fossem gente de bom carácter, não era por primores de alma compassiva que os dois velhos assim procediam: o que os preocupava, sem sentimentalismos nem retóricas, era proteger o seu ganha-pão, com a naturalidade de quem, para manter a vida, não aprendeu a pensar mais do que o indispensável. Ajudei muitas vezes este meu avô Jerónimo nas suas andanças de pastor, cavei muitas vezes a terra do quintal anexo à casa e cortei lenha para o lume, muitas vezes, dando voltas e voltas à grande roda de ferro que accionava a bomba, fiz subir a água do poço comunitário e a transportei ao ombro, muitas vezes, às escondidas dos guardas das searas, fui com a minha avó, também pela madrugada, munidos de ancinho, panal e corda, a recolher nos restolhos a palha solta que depois haveria de servir para a cama do gado.

E algunas vezes, em noites quentes de Verão, depois da ceia, meu avô me disse: "José, hoje vamos dormir os dois debaixo da figueira." Havia outras duas figueiras, mas aquela, certamente por ser a maior, por ser a mais antiga, por ser a de sempre, era, para todas as pessoas da casa, a figueira. Mais ou menos por antonomásia, palavra erudita que só muitos anos depois viria a conhecer e a saber o que significava... No meio da paz nocturna, entre os ramos altos da árvore, uma estrela aparecia-me, e depois, lentamente, escondia-se por trás de uma folha, e, olhando eu noutra direcção, tal como um rio correndo em silêncio pelo céu côncavo, surgia a claridade opalescente da Via Láctea, o Caminho de Santiago, como ainda lhe chamávamos na aldeia. Enquanto o sono não chegava, a noite povoava-se com as histórias e os casos que o meu avô ia contando: lendas, aparições, assombros, episódios singulares, mortes antigas, zaragatas de pau e pedra, palavras de antepassados, um incansável rumor de memórias que me mantinha desperto, ao mesmo tempo que suavemente me acalentava.

Nunca pude saber se ele se calava quando se apercebia de que eu tinha adormecido, ou se continuava a falar para não deixar em meio a resposta à pergunta que invariavelmente lhe fazia nas pausas mais demoradas que ele calculadamente metia no relato: "E depois?" Talvez repetisse as histórias para si próprio, quer fosse para não as esquecer, quer fosse para as enriquecer com peripécias novas. Naquela idade minha e naquele tempo de nós todos, nem será preciso dizer que eu imaginava que o meu avô Jerónimo era senhor de toda a ciência do mundo. Quando, à primeira luz da manhã, o canto dos pássaros me despertava, ele já não estava ali, tinha saído para o campo com os seus animais, deixando-me a dormir. Então levantava-me, dobrava a manta e, descalço (na aldeia andei sempre descalço até aos 14 anos), ainda com palhas agarradas ao cabelo, passava da parte cultivada do quintal para a outra onde se encontravam as pocilgas, ao lado da casa.

Minha avó, já a pé antes do meu avô, punha-me na frente uma grande tijela de café com pedaços de pão e perguntava-me se tinha dormido bem. Se eu lhe contava algum mau sonho nascido das histórias do avô, ela sempre me tranquilizava : "Não faças caso, em sonhos não há firmeza". Pensava então que a minha avó, embora fosse também uma mulher muito sábia, não alcançava as alturas do meu avô, esse que, deitado debaixo da figueira, tendo ao lado o neto José, era capaz de pôr o universo em movimento apenas com duas palavras.

Foi só muitos anos depois, quanto o meu avô já se tinha ido deste mundo e eu era um homem feito, que vim a compreender que a avó, afinal, também acreditava em sonhos. Outra coisa não podería significar que, estando ela sentada, uma noite, à porta da sua pobre casa, onde então vivia sozinha, a olhar as estrelas maiores e menores por cima da sua cabeça, tivesse dito estas palavras: "O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer". Não disse medo de morrer, disse pena de morrer, como se a vida de pesado e contínuo trabalho que tinha sido a sua estivesse, naquele momento quase final, a receber a graça de uma suprema e derradeira despedida, a consolaçao da beleza revelada. Estava sentada à porta de uma casa como não creio que tenha havido alguma outra no mundo porque nela viveu gente capaz de dormir com porcos como se fossem os seus próprios filhos, gente que tinha pena de ir-se da vida só porque o mundo era bonito, gente, e este foi o meu avô Jerónimo, pastor e contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar, foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver.

LEIA E OUÇA O DISCURSO COMPLETO DE SARAMAGO AO RECEBER O NOBEL DE LITERATURA NA PÁGINA DO PRÊMIO NOBEL.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Judeus ultraortodoxos fazem protesto em Israel. Judeus asquenazis não querem seus fihos com outros judeus sefarditas.


(...)
Na quarta-feira, o chefe do governo pediu "moderação, respeito à lei" e que fosse encontrada uma fórmula de compromisso satisfatória para todos.

A efervescência dos homens vestidos de preto - de acordo com a vestimenta uultraortodoxa - em Israel foi desencadeada por uma decisão da Suprema Corte que obriga dezenas de judeus ortodoxos asquenazis (originários da Alemanha, Polônia, Rússia, do antigo Império Austro-Húngaro e da Europa central e oriental) da colônia Immanuel (Cisjordânia) a receber em sua escola religiosa crianças sefaraditas (em Israel, originárias da África do Norte e da Ásia, apesar de o termo designar as comunidades judaicas que viveram na Espanha e em Portugal até 1492).

Colonos asquenazis pertencentes ao grupo hassídico Slonim, de origem russa, que retiraram suas filhas da escola há um ano, afirmaram que preferiam ser presos a partir desta quinta-feira durante duas semanas, a obedecer à decisão da Suprema Corte.

Os pais acusados de discriminação racial - 86 pessoas - devem apresentar-se, segundo a emissora de rádio estatal, às 14h00 GMT (11h00 de Brasília) a uma prisão em Jerusalém ocidental a partir da qual deverão ser transferidos para prisões no centro do país.

As famílias do grupo Slonim negam ser racistas e justificam sua rejeição a aceitar outras crianças pelas diferenças entre as tradições religiosas sefaraditas e asquenazis.

LEIA NA PÁGINA DO PORTAL TERRA.

VEJA IMAGENS NO ÁLBUM UOL.

Copa é alvo da direita dos EUA: "futebol é coisa de pobre e hispânico".


A Copa do Mundo é a mais nova vítima da raivosa extrema direita dos Estados Unidos. Vários comentaristas americanos estão atacando a popularização do esporte nos EUA, dizendo que se trata de uma modalidade esportiva "de pobre", coisa de sul-americano, resultado da crescente influência dos hispânicos no país e ligado às "políticas socialistas" do presidente Barack Obama.

Glenn Beck, o mais famoso comentarista conservador da Fox News, compara o futebol às políticas de Obama. "Não importa quantas celebridades o apoiam, quantos bares abrem mais cedo, quantos comerciais de cerveja eles veiculam, nós não queremos a Copa do Mundo, nós não gostamos da Copa do Mundo, não gostamos do futebol e não queremos ter nada a ver com isso", esbravejou Beck na TV. Segundo ele, o futebol é como o governo atual: "O restante do mundo gosta das políticas de Obama, mas nós não."

Com o bom desempenho do time americano no jogo contra a Inglaterra no sábado, os tradicionais fãs de beisebol e futebol americano estão mais entusiasmados com a Copa do Mundo. Mas isso é resultado de uma "conspiração da esquerda", dizem os conservadores. "Futebol é um jogo de pobre", afirma o analista conservador Dan Gainor, do Media Research Center.

"A esquerda está impondo o ensino de futebol nas escolas americanas, porque a América está se "amarronzando"", afirmou, em referência ao aumento do número de hispânicos no país. Para Matthew Philbin, do centro de pesquisas de direita Culture and Media Institute, "a mídia liberal sempre se sentiu desconfortável com o fato de sermos únicos entre as nações, sermos líderes; e os esquerdistas são contra nossa rejeição ao futebol, da mesma maneira que são contra nossa rejeição ao socialismo". O radialista Mark Belling foi além, "eles nos estão enfiando futebol goela abaixo", disse Belling no programa de rádio de Rush Limbaugh, ouvido por 20 milhões de americanos.

Para eles, o futebol é um esporte estrangeiro, que não pertence à cultura tradicional dos EUA. O fato é que o futebol conquistou tantos adeptos no país nos últimos dez anos que atualmente rivaliza com beisebol e basquete.

Hoje em dia, mais crianças abaixo dos 12 anos jogam futebol do que beisebol, basquete e futebol americano juntos. Segundo a Fifa, os EUA têm 18 milhões de jogadores registrados. Muitos imigrantes hispânicos trouxeram a tradição de seus países e ajudaram a popularizar o esporte nos EUA.

Mas o futebol nem de longe restringe-se aos hispânicos. Já existe até uma faixa demográfica apelidada de "mães do futebol": mulheres brancas de classe média, que vivem no subúrbio e passam boa parte do tempo em suas minivans, buscando seus filhos nos treinos de futebol.

LEIA A MATÉRIA NA PÁGINA DO ESTADÃO.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Inscrições abertas para o XX Encontro estadual de história da ANPUH Pernambuco.


Cronograma:

Painéis de Trabalho Prazo: Até 16/07/2010

Fórum de Graduação Prazo: Até 16/07/2010

GTs Prazo: Até 16/07/2010

Oficinas Prazo: Até esgotar vagas

Ouvintes Prazo: Até 24/08/2010

GRUPOS TEMÁTICOS

GT 1 - Relações étnicas, diversidade sociocultural, novas abordagens: desafios as reflexões históricas e ao ensino da História. Edson Silva e José Bento

GT 2 - O Mundo Atlântico e suas dinâmicas - Séculos XVI-XIX - George Félix Cabral de Souza

GT 3 - História Cultural: Diálogos entre Fronteiras - Isabel Guillen e Maria Ângela Grillo

GT 4 - História Política, Autoritarismo e Discursos - Giselda Brito, Márcia Regina da S. R. Carneiro e Edgar Gandra

GT 5 - Ensino de História: diálogos com diferentes sujeitos, lugares e práticas culturais - Marta Margarida, André Victor e Luciano Bezerra

GT 6 - História, historiografia e Ensino de História no Sertão - Moisés Diniz

GT 7 - História Sociedae e Práticas Cotidianas entre os séculos XVI e XIX - Sheyla Farias, Mirella de Almeida e Gian Carlo de Melo Silva

GT 8 - História e Documentos - Grazielle Rodrigueso e Maria Lana

GT 9 - Recife: história, urbanização e modernização - Luís Manuel Domingues

GT 10 - História e Movimentos Sociais - Flávio Cabral e Robson Pedrosa

GT 11 - Arqueologia e sua Contribuição para o Ensino da História - Ana Nascimento e Suely Luna

GT 12 - História da Religião, Religiosidades e Cultura Popular - Severino Vicente

VALORES, NORMAS DE FORMATAÇÃO, ETC. NA PÁGINA DA ANPUH PERNAMBUCO.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Mané e o sonho. Mané Garrincha, por Carlos Drummond de Andrade.


A necessidade brasileira de esquecer os problemas agudos do país, difíceis de encarar, ou pelo menos de suavizá-los com uma cota de despreocupação e alegria, fez com que o futebol se tornasse a felicidade do povo. Pobres e ricos param de pensar para se encantar com ele. E os grandes jogadores convertem-se numa espécie de irmãos da gente, que detestamos ou amamos na medida em que nos frustram ou nos proporcionam o prazer de um espetáculo de 90 minutos, prolongado indefinidamente nas conversas e mesmo na solidão da lembrança.

Mané Garrincha foi um desses ídolos providenciais com que o acaso veio ao encontro das massas populares e até dos figurões responsáveis periódicos pela sorte do Brasil, ofertando-lhes o jogador que contrariava todos os princípios sacramentais do jogo, e que no entanto alcançava os mais deliciosos resultados. Não seria mesmo uma indicação de que o país, despreparado para o destino glorioso que ambicionamos, também conseguiria vencer suas limitações e deficiências e chegar ao ponto de grandeza que nos daria individualmente o maior orgulho, pela extinção de antigos complexos nacionais? Interrogação que certamente não aflorava ao nível da consciência, mas que podia muito bem instalar-se no subterrâneo do espírito de cada patrício inquieto e insatisfeito consigo mesmo, e mais ainda com o geral da vida.

Garrincha, em sua irresponsabilidade amável, poderia, quem sabe?, fornecer-nos a chave de um segredo de que era possuidor e que ele mesmo não decifrava, inocente que era da origem do poder mágico de seus músculos e pés. Divertido, espontâneo, inconseqüente, com uma inocência que não excluía espertezas instintivas de Macunaíma — nenhum modelo seria mais adequado do que esse, para seduzir um povo que, olhando em redor, não encontrava os sérios heróis, os santos miraculosos de que necessita no dia-a-dia. A identificação da sociedade com ele fazia-se naturalmente. Garrincha não pedia nada a seus admiradores; não lhes exigia sacrifícios ou esforços mentais para admirá-lo e segui-lo, pois de resto não queria que ninguém o seguisse. Carregava nas costas um peso alegre, dispensandonos de fazer o mesmo. Sua ambição ou projeto de vida (se é que, em matéria de Garrincha, se pode falar em projeto) consistia no papo de botequim, nos prazeres da cama, de que resultasse o prazer de novos filhos, no descompromisso, afinal, com os valores burgueses da vida.

Não sou dos que acusam dirigentes do esporte, clubes, autoridades civis e torcedores em geral, de ingratidão para com Garrincha. Na própria essência do futebol profissional se instalam a ingratidão e a injustiça. O jogador só vale enquanto joga, e se jogar o fino. Não lhe perdoam a hora sem inspiração, a traiçoeira indecisão de um segundo, a influência de problemas pessoais sobre o comportamento na partida. É pago para deslumbrar a arquibancada e a cadeira importante, para nos desanuviar a alma, para nos consolar dos nossos malogros, para encobrir as amarguras da Nação. Ele julga que entrou em campo a fim de defender o seu sustento, mas seu negócio principal será defender milhões de angustiados presentes e ausentes contra seus fantasmas particulares ou coletivos. Garrincha foi um entre muitos desses infelizes, dos quais só se salva um ou outro predestinado, de estrela na testa, como Pelé.

A simpatia nacional envolveu Mané em todos os lances de sua vida, por mais desajustada que fosse, e isso já é alguma coisa que nos livra de ter remorso pelo seu final triste. A criança grande que ele não deixou de ser foi vitimada pelo germe de autodestruição que trazia consigo: faltavam-lhe defesas psicológicas que acudissem ao apelo de amigos e fãs.

Garrincha, o encantador, era folha ao vento. Resta a maravilhosa lembrança de suas incríveis habilidades, que farão sempre sorrir a quem as recordar. Basta ver um filme dos jogos que ele disputou: sente-se logo como o corpo humano pode ser instrumento das mais graciosas criações no espaço, rápidas como o relâmpago e duradouras na memória. Quem viu Garrincha atuar não pode levar a sério teorias científicas que prevêem a parábola inevitável de uma bola e asseguram a vitória — que não acontece. Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e
Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios.

Mas como é também um deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível.

Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho.

Eleição 2010 terá 13 candidatos a presidente da república.

A eleição presidencial neste ano terá 13 candidatos. Entre eles, há 7 que precisam ser, obrigatoriamente, convidados para os debates em rádio e TV. São aqueles cujos partidos elegeram deputados federais na última eleição (em 2006) e continuam com representantes na Câmara. Ei-los: PT, PSDB, PV, PTC, PSOL, PT do B e PHS.

Por desfrutarem desse status (ter deputados eleitos em 2006 e ainda estarem representados na Câmara), esses 7 partidos têm participação assegurada em debates eleitorais em rádio e em TV. Trata-se de um dispositivo da Lei 9.504, que normatiza as eleições. Essa restrições impostas à TV e ao rádio não valem para a internet, como explicado no post abaixo.

Eis a lista completa dos 13 candidatos que disputam a eleição deste ano (aqui, um post com a descrição de alguns nanicos) e os debates anunciados (nem todos confirmados) por emissoras de TV:

(Do Blog do Fernando Rodrigues)

domingo, 13 de junho de 2010

Serra para Aécio: 'Você não está vendo que é minha última oportunidade?'


Ele sonha com a Presidência da República desde menino e trabalha metódica e obstinadamente para chegar lá há exatos 12 anos, 2 meses e 12 dias, desde que assumiu o comando do Ministério da Saúde, em 1998. Mas quando tudo parecia resolvido, com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, já fora do páreo, no final de janeiro deste ano José Serra vacilou.

A indecisão assombrou os cinco políticos mais próximos do candidato, a quem ele mais ouve. Foi o mais ilustre membro deste quinteto – o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – quem deu o ultimato e acabou com a indefinição: "Serra, agora é tarde. Você não pode mais desistir".
(...)
O convite explícito ao ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, para que aceitasse a vice na chapa puro-sangue do PSDB, demorou mais 30 dias – veio na primeira hora da terça-feira 3 de março, no Hotel Meliá em Brasília. Na conversa reservada, sem testemunhas, que avançou pela madrugada, Serra não hesitou em usar seus 68 anos de idade como argumento, para convencê-lo a aceitar a dobradinha café com leite.

"Você não está vendo que esta é minha última oportunidade?", ponderou, para salientar que Aécio é jovem e que um dia, "fatalmente", o neto de Tancredo Neves chegará a Presidência da República. Em resposta, o mineiro repetiu a tese de que a melhor forma de ajudá-lo seria dedicando-se à campanha de Minas, disputando o Senado – e o governador Antônio Anastasia, a reeleição.
(...)
LEIA A MATÉRIA COMPLETA SOBRE OS BASTIDORES DA ESCOLHA DE SERRA N'O ESTADÃO.

Onda de consumo chega à reforma das casas e mobiliza 22 milhões de famílias.


Faz oito meses que o pedreiro José Tertuliano da Silva cumpre dupla jornada. Entra às 7h na obra e sai às 17h. Depois segue para Paraisópolis, na periferia de São Paulo, onde constrói a terceira laje da sua casa. Lá, trabalha até meia-noite, dando o acabamento nos quatro cômodos. A família Silva é uma das 22 milhões de famílias que pretendem reformar ou construir casa até dezembro, revela pesquisa do instituto Data Popular.

Esse contingente equivale à soma da população de quatro países. É como se todos os
argentinos, chilenos, paraguaios e uruguaios resolvessem reformar ou construir moradias
até o fim deste ano, compara Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular. A enquete, que ouviu 2 mil famílias em 11 regiões metropolitanas e no Distrito Federal em março, mostra que a maioria - 90% das famílias - são das classes de menor renda (C, D e E), resultado que ganha relevância no Nordeste, beneficiado pelos programas sociais.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA N'O ESTADO DE SÃO PAULO.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O assassinato de João Pessoa, noticiado pelo jornal "A Serra", de Timbaúba/PE, em 02/08/1930

O Brasil no coração dos Mandela


(Do Estadão)
A torcida brasileira ganhou importante reforço. Toda a família de Nelson Mandela, principal líder da história sul-africana, revelou que vai torcer pelo Brasil caso os Bafana Bafana sejam eliminados. Os Mandela se dizem encantados com a história do futebol-arte brasileiro. Daí a explicação para terem escolhido o time pentacampeão entre as outras 31 equipes que disputam a Copa do Mundo da África do Sul a partir de sexta-feira. "Nossa família é apaixonada pelo futebol brasileiro. Desde Pelé, passando por Zico, Romário, Bebeto e todos os demais", contou o neto de Mandela e porta-voz do clã, Mandla Mandela, ao Estado. "Em mais de uma ocasião assisti ao Brasil jogar com meu avô." (...)
Momento importante. O clã Mandela não esconde que a oportunidade de realizar a Copa do Mundo se transformou em um dos maiores momento para a história da África do Sul no cenário internacional. Uma chance para unir o país e expor a explosão de entusiasmo que só foi registrada no país há 20 anos, quando Mandela foi libertado da prisão mantida pelo regime racista do apartheid. Ontem, Mandla confirmou a presença do avô na abertura do Mundial, mas limitará sua participação a 15 minutos, quando saudará os torcedores e jogadores. "Não podemos colocá-lo sob risco. Ver toda uma partida de futebol, em pleno inverno, seria um desafio para sua saúde. Estamos buscando uma forma de garantir que o mundo sinta a presença de Mandela na Copa, e estamos negociando", disse. "Como sul-africanos, queremos que ele viva o máximo possível."

Líder precoce. Mandla se transformou no chefe do conselho tribal de Mvezo, vilarejo de onde veio Mandela e que nem sequer tem água encanada. Com apenas 36 anos, teve de assumir suas responsabilidades perante a tribo. "Aprendi muito com meu avô. Mas, acima de tudo, aprendi a ser humilde e que o esporte tem a capacidade de superar barreiras", lembrou. "Ele lutou boxe em sua juventude e treinava entre 4 horas e 6 horas da manhã. Agora, insiste sempre em me dizer que minha barriga está grande e que preciso fazer esportes. A realidade é que meu avô sempre viu o futebol como parte do desenvolvimento humano. Ele fez questão de me dar minha primeira chuteira em 1984, quando ele ainda estava na prisão."

O neto de uma das principais personalidades políticas da história também destaca o poder do esporte, principalmente o futebol, em unir o país. "Meu avô acredita que essa Copa do Mundo tem o poder de construir um país", concluiu Mandla.

Henning Mankell, escritor sueco que viajou na Flotilha da Liberdade, faz diário da viagem, do ataque de Israel, prisão e deportação.


Henning Mankell é sueco, autor da série policial "Wallander", nome do detetive que investiga crimes pra lá de escabrosos na fria Ystad, na Suécia. A série já foi adaptada duas vezes para a televisão, com uma versão sueca e outra inglesa e tornou-se outra meia dúzia de filmes [no Brasil, é exibida pelo canal Warner, aos sábados às 22:00 h e seus livros são publicados pela Companhia das Letras]. Seu estilo traz as investigações policiais clássicas, mas tem como cenário o mundo europeu do final da guerra fria, da década de 1990, envolvendo tráfico de seres humanos, imigração clandestina, xenofobia, corrupção nos altos escalões de governo e da indústria, a nem sempre cordial relação da península escandinava com a vizinha Rússia, o tráfico de drogas. Dramaturgo, mudou-se para Moçambique, onde mora e desenvolve projetos locais com o seu "Teatro Avenida".
Mankell estava em um dos navios que foi abordado a tiros na desastrosa ação da marinha israelense e publicou notas da viagem e do choque, publicados inicialmente pelo jornal espanhol EL PAIS, conforme você pode conferir.

O autor era um dos "terroristas" ao lado de Corrigan Maguire, prêmio Nobel da paz no ano de 1976, uma pacifista irlandesa, que militou contra os radicais protestantes e católicos que se matavam uns aos outros [sempre em nome de Deus] na Irlanda. Aliás, o mesmo que fazem os radicais judeus e islâmicos, que matam-se em nome Deus e de Alah [no caso dos judeus, devidamente apoiados pelos radicais cristãos, principalmente a direita evangélica dos EUA, que também adoram uma "guerra santa"].

terça-feira, 8 de junho de 2010

Entrevista de Celso Amorim ao Roda Viva em 07/06/2010. Uma aula de história e política externa.



As outras partes da entrevista podem ser assistidas AQUI, AQUI e AQUI.

Fim da República do Café com Leite: Jornal do Brasil noticia o assassinato de João Pessoa.


"Abalou fortemente a população desta capital a notícia do assassínio do Sr. João Pessoa, presidente da Paraíba. Conhecidos os principais lances dessa cena indigna para os foros de civilização de um povo, levanta-se um coro unânime de condenação e protesto contra esse processo bárbaro de eliminação de uma alta autoridade política e administrativa. Os telegramas do nosso correspondente no Recife detalham o lutuoso fato e dão à impressão do horror que o assassínio produziu no governo, no povo e na culta sociedade". Jornal do Brasil

Fim da República do Café com Leite: o assassinato de João Pessoa e a mudança na bandeira da Paraíba.


O verbo "nego", que à época escrevia-se "négo", refere-se à decisão de João Pessoa, governador da Paraíba em 1929, de não aceitar o sucessor indicado pelo presidente da República, Washington Luís. Um acordo entre São Paulo e Minas Gerais garantia que o presidente sempre fosse de um desses Estados, em rodízio. Em 1929, o paulista Washington Luís resolveu quebrar o acerto e indicou outro paulista, o governador Júlio Prestes. Minas rebelou-se e recebeu o apoio do Rio Grande do Sul. A Paraíba, que estava esquecida pelo governo federal, decidiu também rejeitar a decisão do presidente e se unir aos mineiros e aos gaúchos, de acordo com o historiador José Otávio de Arruda Melo, da Universidade Federal da Paraíba.

Primeira bandeira da Paraíba, alterada em setembro de 1930.

João Pessoa enviou então uma mensagem ao Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, onde ficava o presidente, protestando contra a decisão. O governador não usou exatamente "nego", mas a palavra ficou como um símbolo. Pouco depois da morte de João Pessoa, assassinado por motivos passionais em 26 de julho de 1930, o governo paraibano, oposição a Washington Luis e Júlio Prestes, propôs a inclusão da palavra nego na bandeira. Ela foi definitivamente alterada em setembro de 1930, às vésperas da revolução que levou Getúlio Vargas ao poder.

Entrevista do ministro das relações exteriores Celso Amorim ao programa Roda Viva (01/08)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ataque de Israel aos pacifistas da Flotilha da Liberdade: "Israel consumou crime de guerra à luz do direito internacional".


Mapa da Morte, em vermelho o local do massacre. Imagem Corriere della Sera.

1. Nada aconteceu por acaso. Faz duas semanas que o assunto, em todos os cantos de Israel, era a chegada de algumas embarcações turcas, com partida pelo porto de Chipre, trazendo auxílio humanitário à Faixa de Gaza e, a bordo, o xeque Raed Salah, líder islâmico da comunidade árabe-israelense.

Raed Salah, por sorte, está vivo e a sua morte, seguramente, levaria a uma nova intifada.

O ataque promovido por Israel em águas internacionais e a vitimar passageiros de embarcações que não tinham propósitos bélicos, mas humanitários, caracteriza crime de guerra, à luz do Direito Internacional. Além, evidentemente, de estupidez de matriz nazifascista.

2. No Direito Internacional aquele (Israel) que toma a iniciativa de um ataque não pode alegar atuação em legítima defesa. Além da iniciativa, o ataque foi desproporcional.

Por outro lado, havia outra forma de promover uma blitz nas embarcações, para verificar sobre eventual transporte de armamentos e presença de terroristas.

A mera presença nas embarcações de representantes de uma organização não governamental (IHH- de solidariedade a palestinos em face do desumano bloqueio imposto na Faixa de Gaza) descaracteriza situação de legítima defesa. Caracteriza, isto sim, intolerância e injusta agressão. Na verdade, um estúpido ataque noturno que coloriu o mar de cor de sangue.

3. Todo mês o governo direitista do premiê Netanyahu — que conquistou o poder graças a uma união com extremistas e levou para a pasta de relações internacionais um irracional que já prometeu afogar todos os egípcios — mostra à comunidade internacional como se pratica terrorismo de Estado.

Mais uma vez, Israel promoveu terrorismo de Estado.

Quando da visita do vice-presidente norte-americano a Israel, o premiê Netanyahu fez a provocação ao anunciar a construção de casas populares em área ocupada militarmente em Jerusalém Leste.

O professor Noam Chomsky, notável e respeitável professor de universidade norte-americana, foi detido e submetido a interrogatório humilhante. Isto por ter entrado em Israel depois de uma visita à Jordânia. Chomsky, por evidente, não é nenhum terrorista. Sua única arma é a escrita e a sua força decorre do prestigio das suas obras e artigos.

Poucos dias atrás, o ultranacionalista Avigdor Lieberman recebeu a visita do embaixador turco (até então país amigo e distante do conflito) e o humilhou: colocou a cadeira do convidado em nível bem abaixo da sua e arrancou do gabinete a bandeira da Turquia, na frente do visitante.

Avigdor Lieberman tem uma mente tortuosa. Ele já virou notícia por ter, antes de assumir o cargo, viajado à Bielo-Rússia para se aconselhar com o ditador Aleksandr Lukashenko.

O ultranacionalista Avigdor, nascido Evet Lieberman, apelidado Yvette ou Leonid, tornou-se, pelo seu partido Yisrael Beiteinu (Nossa Casa Israel), o fiel da balança na formação do novo governo israelita.

Aos 51 anos e nascido na então república soviética da Moldávia, Lieberman conseguiu 1 milhão de votos de imigrantes russos e seu partido conquistou 15 cadeiras no Parlamento, transformando-se no terceiro maior.

Avigdor deixou a Moldávia em 1978 e, em trinta anos de Israel, apesar das denúncias de corrupção e de uma filha acusada de fraudes fiscais, integrou o gabinete do premiê Ehud Olmert (anterior a Netanyahu e marcado pela corrupção), num decorativo Ministério de Ações a Longo Prazo.

Algumas frases desse fanático de turno são preocupantes. 1 Devemos mandar o Hamas para o paraíso. 2 Vamos bombardear a represa de Assuã para inundar o Egito. 3 Precisamos fazer em Gaza aquilo feito por Putin na Chechênia. 4 Abu Mazen é um incompetente.

4. Israel não aceita a jurisdição do Tribunal Penal Internacional criado pelo Tratado de Roma e com competência para julgar crimes de guerra, contra a humanidade e genocídios. Como o país integra as Nações Unidas, espera-se que o Conselho de Segurança imponha sanções pelo mar de sangue que acabou de promover e cujo número de mortos está, até agora, estimado em dez.

5. A esquerda israelense, que afundou nas últimas eleições — o Meretz (pacifistas) teve de torcer pelo Kadima (centro-direita) e os trabalhistas perderam representatividade —, se fortaleceu depois do covarde ataque às embarcações humanitárias dispostas a furar pacificamente o absurdo bloqueio imposto a Gaza.

Já se fala e se exige a queda do premiê Netanyahu e de todo o seu gabinete, por consequência.

6. Israel, que não tem uma Constituição escrita e mantida a direita extremista no poder do Estado hebreu, certamente, continuará a indignar os que lutam pelo respeito aos direitos naturais do ser humano.

Wálter Fanganiello Maierovitch

Brasil 4 x 1 Itália. Final da Copa do Mundo de 1970.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

II Encontro de História do Império Brasileiro acontecerá em novembro na UFPB.


Inscrições de resumos: de 19 de maio a 30 de junho de 2010 (Iniciação Científica c/ orientador; mestrandos; mestres; doutorandos; doutores e demais pesquisadores), somente por via eletrônica
Divulgação dos resumos aprovados: 1º de agosto de 2010
Envio do texto completo para os anais eletrônicos: até 30 de agosto de 2010
Evento: 14 a 18 de novembro de 2010, no campus da UFPB, João Pessoa/PB.

Clique AQUI para ser direcionado ao sítio do evento.

Em 2008 realizamos em João Pessoa o I Encontro de História do Império Brasileiro, por iniciativa dos grupos de pesquisa Sociedade e Cultura no Nordeste Oitocentista e História da Educação no Nordeste Oitocentista (GHENO), ambos vinculados ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Paraíba, em parceria com outros programas de pós-graduação. O intuito foi o de reunir pesquisadores das regiões Norte e Nordeste e das demais regiões do Brasil para discutirmos as pesquisas desenvolvidas com o recorte temporal do oitocentos. As repercussões do referido evento e a sua grande aceitação por parte da comunidade acadêmica nos fez investir na segunda edição, em 2010. Assim, para este segundo Encontro, decidimos concentrar as discussões a partir do tema geral "Culturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas". Outrossim, a organização do encontro estabeleceu uma parceria com o Programa de Cooperação Acadêmica Novas Fronteiras da Capes (PROCAD-NF 2008 - PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG), no sentido de juntos realizarmos o I Simpósio Patrimônios – Conexões Históricas.

EIXOS TEMÁTICOS

1 - Instrução e Culturas Escolares
2 - Culturas políticas e construção do Estado Nacional
3 - Imprensa, Impressos e Práticas de Leitura
4 - Sociedade escravista: escravizados, mulheres e homens livres pobres
5 - Arte, Festas, Vida Cotidiana e Religiosidades
6 - Viajantes e Povos Indígenas
7 - Cidades, Territorialidades e Fronteiras
8 - Intolerância e Violência
9 - Sociabilidades Femininas e Infância