domingo, 30 de maio de 2010

Humor: José Serra beijando Aécio Neves. Contra o abraço de afogado, Aécio diz: "sai prá lá!"

Reação contra a Lei de Imigração do Arizona: um novo Movimento pelos Direitos Civis nos EUA


A extrema direita americana e o seu Partido Republicano aprovaram através do governador do Arizona uma duríssima lei contra os imigrantes no último mês. Hoje, milhares marcharam contra as discriminações, as perseguições, o radicalismo dos conservadores americanos. A matéria completa no EL PAÍS deste domingo.

La referencia no puede ser más clara. En la marcha que hoy ha reunido durante todo el día decenas de miles de personas en Phoenix contra la nueva ley de inmigración de Arizona, las palabras Selma Birmingham o Martín Luther King se pronunciaban constantemente. La movilización contra la ley SB 1070 -que comenzará a aplicarse el 29 de julio y que permite a la policía parar a cualquier persona que sospeche que pueda estar de forma irregular en el país y pedirle sus papeles- ha tomado como modelo el movimiento por los derechos civiles que en los años cincuenta y sesenta cambió para siempre este país.
(...)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Vestibular de meio de ano na UFPE. Ingresso extra-vestibular na UFPE, campus Caruaru.


O Conselho Coordenador de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFPE (CCEPE), reunido na última terça-feira (25), deliberou que, para o Vestibular 2010.2, serão utilizadas apenas questões com proposição de múltipla escolha, excluindo-se, portanto, as que ofereciam ao candidato as proposições múltiplas e numéricas. O exame do meio do ano vai contemplar os cursos de Engenharias do Centro de Tecnologia e Geociências (CTG), do Campus Recife; e as Licenciaturas em Física, Matemática e Química, do Centro Acadêmico do Agreste, em Caruaru.

O mesmo critério quanto às questões será válido para os cursos na modalidade a distância: Licenciatura em Letras – Português (polos Ipojuca, Limoeiro, Pesqueira, Trindade, Jaboatão dos Guararapes e Recife), Licenciatura em Letras – Espanhol (polos Garanhuns, Surubim, Tabira, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Recife) e Licenciatura em Matemática (polos Garanhuns, Surubim, Tabira, Jaboatão dos Guararapes e Recife).

Para a opção das Engenharias serão oferecidas 233 vagas. Já as licenciaturas de Caruaru terão 40 vagas em cada curso, totalizando 120 e para as licenciaturas na modalidade a distância serão disponibilizadas 850 vagas, sendo 300 para Letras – Português, 300 para Letras – Espanhol e 250 para Licenciatura em Matemática. Os cronogramas com prazos de inscrição, datas de provas e resultados dos vestibulares de meio de ano da Universidade ainda estão em fase de finalização junto à Covest.

O Vestibular 2010.2 para Engenharias – CTG segue o modelo do Vestibular 2010 da UFPE, tendo o Enem como primeira fase e provas específicas da Covest na segunda etapa. Para a seleção de meio de ano do Centro Acadêmico do Agreste será dispensado o Enem e será aplicada uma etapa única em dois dias consecutivos de provas.

O CCEPE também aprovou mudança no tempo de duração para as provas da segunda fase do Vestibular 2010.2 para Engenharias – CTG, que passa de quatro horas e meia para quatro horas em cada dia de provas. Para as provas do CAA, a duração será de quatro horas e meia, em cada dia.

INGRESSO EXTRA EXTERNO – No processo seletivo para Ingresso Extravestibular Externo serão usadas as mesmas provas do vestibular de meio de ano do CAA, que terão pesos específicos para cada curso. Estas duas seleções serão realizadas nos mesmos dias e horários. O Ingresso Extravestibular externo é voltado a estudantes de outras universidades que tenham cursado, no mínimo, 25% e, no máximo, 60% da carga horária do curso de origem. Os portadores de diploma graduados nos últimos cinco anos também podem concorrer ao processo. Todas as resoluções referentes à reunião do Conselho Coordenador de Ensino, Pesquisa e Extensão foram aprovadas por unanimidade.

Carlos Drummond de Andrade (1/3)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Le Monde, em editorial de primeira página: "O Brasil sobre todos os fronts".


Lula par-ci, Brésil par-là ! Le monde bruisse des déclarations du président brésilien et des hauts faits pas seulement footballistisques de ses concitoyens.

On a entendu Luiz Inacio Lula da Silva tancer l'Allemagne pour ses réticences à sauver la Grèce, et proposer sa médiation dans le conflit israélo-palestinien.

On l'a vu essayer de désamorcer avec les Turcs le dossier nucléaire iranien, et soutenir les Argentins dans leur conflit contre les Britanniques à propos des Malouines et de leur pétrole.

Mais "l'homme le plus populaire du monde", selon Barack Obama, ne s'appuie pas seulement sur son charisme pour parler haut et fort. Il incarne un Brésil en pleine forme qui, après un passage à vide dû à la crise, talonne la Chine et l'Inde en termes de croissance.

Petrobras, le groupe pétrolier qui est l'entreprise la plus lucrative d'Amérique latine, Vale, leader mondial du fer, l'avionneur Embraer qui pourrait bien damer le pion à Boeing et Airbus avant longtemps, ne sont que les fleurons d'une économie industrielle de premier ordre.

Côté agricole, la montée en puissance est comparable, et a valu au Brésil le titre de "grenier du monde". Soja, sucre, éthanol, café, fruits, coton, poulets, etc. en font un concurrent redoutable pour les éleveurs européens.

C'est en 2008 que le Brésil a pris conscience de ses capacités économiques. Jusque-là, il négociait à l'Organisation mondiale du commerce, mais de façon un peu frileuse. La crise partie des Etats-Unis et l'effondrement de la production industrielle des pays dits avancés l'ont persuadé que l'heure était à l'offensive.

Désormais, c'est le Brésil, brillamment représenté par son ministre des affaires étrangères, Celso Amorim, qui pousse le plus fort pour une conclusion des négociations du cycle de Doha. En comparaison, les Etats-Unis semblent englués dans un protectionnisme d'un autre temps.

Moins redouté que la Chine ou l'Inde, milliardaires en population, mieux considéré qu'une Russie rentière de ses matières premières, le Brésil est le véritable porte-parole de ces économies émergentes qui tirent la croissance mondiale. L'axe économique du monde se déplaçant vers le Sud, il peut réclamer à bon droit que ceux qui se substituent ainsi aux pays du Nord en panne de vitalité soient mieux représentés dans les instances internationales, à commencer par la Banque mondiale et le Fonds monétaire international (FMI). Sans oublier le Conseil de sécurité de l'ONU, au sein duquel le Brésil souhaite détenir un siège de membre permanent.

Parce que "le XXIe siècle sera le siècle des pays qui n'ont pas eu leur chance", et parce qu'il s'estime personnellement "à la moitié de [son] parcours politique", Lula (65 ans) pourrait présenter sa candidature au secrétariat général de l'ONU en 2012. Il devrait aussi militer pour améliorer le G20, dont il juge l'influence "très faible".

On n'a pas fini d'entendre l'ancien métallo, ami des favelas et des investisseurs. On n'a pas fini d'entendre parler d'un Brésil à l'aube de ses "trente glorieuses".

Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade, recitado por Paulo Autran.

Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade, cantada pelo CoralUSP.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

A Inglaterra (novamente) vai ao neoliberalismo: "Governo britânico anuncia cortes de R$ 16,6 bilhões de reais em gastos públicos".


Entre as medidas anunciadas, há um congelamento na contratação de novos servidores públicos e cortes de benefícios sociais.(...) “Pode haver milhares de empregos afetados por isso, pode haver medidas que prejudiquem o crescimento.(...)

LEIA A NOTÍCIA COMPLETA NO SÍTIO DA BBC BRASIL.

Tal qual o final dos anos 1970, quando os ingleses elegeram madame Tatcher em 1979 para primeira-ministra, o novo gabinete conservador anuncia um corte bilionários em... investimentos, infraestrutura, funcionalismo público e gastos sociais.

Naquele ano fatídico, a velha senhora foi acompanhada de sua caricatura masculina, o sr. Ronald Reagan. Ex-ator de filmes de cowboy e que via o mundo como uma daquelas paisagens desoladas de final de tarde onde o mocinho enfrenta o bandido em uma rua deserta, com lufadas de vento soprando montes de areia e de arbustos secos.

Ao mesmo tempo que anunciava cortes de gastos com saúde e educação, Reagan anunciou o seu "Programa Guerra nas Estrelas", inspirado - quem sabe! - no filme já então clássico de George Lucas, que foi às telas em 1977. Construiria um conjunto de satélites com grandes espelhos que, ao identificarem o lançamento de uma bomba nuclear pela URSS, dispararia um feixe de raios laser que destruiriam o artefato em pleno ar!!!

Pelo menos desta vez, os estadunidenses elegeram Obama no lugar dos republicanos de Reagan, Bush, Pallin, McCain e Rumsfeld.

domingo, 23 de maio de 2010

El País: Regime cubano reconhece mediação da Igreja Católica.


El Gobierno de Raúl Castro ha reforzado a la Iglesia cubana como posible mediadora para solucionar conflictos, como el de la liberación de los presos políticos enfermos o la huelga de hambre del disidente Guillermo Fariñas. Por segundo día consecutivo, el diario Granma publicó una información con foto del arzobispo de La Habana, cardenal Jaime Ortega, después de reunirse, el miércoles, con el presidente cubano.

Ortega convocó el jueves una conferencia de prensa para informar sobre su encuentro con Castro, el cual, dijo, abre un periodo "distinto y novedoso" en las relaciones con el Estado e incluye un proceso de diálogo, todavía incipiente, que podría permitir la liberación de los opositores presos más enfermos.

Granma también anunció la visita que realizará a la isla Dominique Mamberti, secretario para las Relaciones con los Estados de la Santa Sede, el próximo 15 de junio, invitado por la Iglesia y el Gobierno cubano, para participar en las jornadas que conmemoran los 75 años de las relaciones entre La Habana y la Santa Sede.

Hasta ahí nada extraordinario. Sin embargo, el diario oficial publica un comunicado de la Iglesia, que dice textualmente: "La visita de monseñor Dominique Mamberti no está relacionada con las gestiones que en las últimas semanas ha hecho la Iglesia en Cuba ante las autoridades del país a favor de los presos y las Damas de Blanco". Esto, en el órgano portavoz del Partido Comunista, no es ninguna casualidad y refuerza el nuevo papel e influencia de la Iglesia.

Durante la conferencia de prensa, Ortega dejó claras dos cosas: que las conversaciones entre la Iglesia y el Estado son "entre cubanos", lo que puede permitir negociaciones o mediaciones imposibles para un Gobierno extranjero; y que lo sucedido el miércoles representa un reconocimiento del Gobierno a "la Iglesia de Cuba". De los resultados de sus gestiones ante Raúl Castro, sobre la liberación de los opositores y el caso de Fariñas, fue muy discreto, como correspondía: no existe ningún "compromiso", dijo, pero las conversaciones seguirán y el comienzo a su juicio ha sido "magnífico". De posibles excarcelaciones y fechas tampoco quiso hablar, se limitó a decir que el asunto se trata "seriamente" y que la Iglesia "aspira" a que se produzcan las liberaciones.

El cardenal también se refirió al caso de Fariñas, en huelga de hambre desde el pasado 25 de febrero en demanda de la excarcelación de 26 presos enfermos. Según Ortega , la Iglesia no ha visitado al opositor "para pedirle que deje la huelga de hambre", sino para que "confíe" en que una gestión eclesiástica "quizás pudiera" lograr los objetivos que persigue con su ayuno. Fariñas fue informado de la eventual mediación eclesiástica, a la que no puso objeción, aunque la única condición que puso fue que su participación fuese "imparcial".

sexta-feira, 21 de maio de 2010

"Acordo com Irã criaria confiança", disse Obama a Lula em carta.


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou em uma carta ao seu colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva que o acerto de troca de combustível nuclear com o Irã criaria "confiança" no mundo, segundo trechos do documento enviado há 15 dias, antes do acordo de Teerã, e obtidos pela Reuters nesta sexta-feira.

O Brasil, que mediou com a Turquia o acordo com o Irã, alega que a carta de Obama inspirou a maioria dos pontos da Declaração de Teerã, por meio da qual a "República Islâmica do Irã concorda em depositar 1.200 kg de urânio levemente enriquecido" na Turquia. Em troca, o país receberia 120 kg de combustível para um reator de pesquisas médicas localizado na capital iraniana.

A Reuters teve acesso a trechos da correspondência e comparou alguns de seus pontos com o acordo assinado na última segunda-feira. Nela, Obama retoma os termos do acordo que o Grupo de Viena havia proposto no ano passado, cujos principais elementos constam no acerto entre Brasil, Turquia e Irã. "Do nosso ponto de vista, uma decisão do Irã de enviar 1.200 kg de urânio de baixo enriquecimento para fora do país geraria confiança e diminuiria as tensões regionais por meio da redução do estoque iraniano" de LEU (urânio levemente enriquecido na sigla em inglês), diz Obama, segundo trechos obtidos da carta.

Após o anúncio do acordo, no entanto, os Estados Unidos anunciaram que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Grã-Bretanha, França, China, Rússia) concordaram com um esboço de resolução contendo novas sanções à República Islâmica. "Nós observamos o Irã dar sinais de flexibilidade ao senhor e outros, mas, formalmente, reiterar uma posição inaceitável pelos canais oficiais da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)", disse o presidente dos EUA.

Segundo a Declaração de Teerã, o Irã se compromete a notificar a AIEA, por escrito, por meio dos canais oficiais, sua concordância com os termos do acordo em até sete dias a contar da data do documento. Esse prazo se expira na próxima segunda-feira.
"O Irã continua a rejeitar a proposta da AIEA e insiste em reter seu urânio de baixo enriquecimento em seu próprio território até a entrega do combustível nuclear", afirmou Obama na carta. Segundo a Declaração de Teerã, "a República Islâmica do Irã expressa estar pronta a depositar seu LEU dentro de um mês".

Obama manifestava, ainda na carta, preocupação com a possibilidade de o Irã acumular, no prazo de um ano, estoque necessário para construir "duas ou três armas nucleares". "Para iniciar um processo diplomático construtivo, o Irã precisa transmitir à AIEA um compromisso construtivo de engajamento, através dos canais oficiais, algo que não foi feito até o momento. No meio tempo, insistiremos na aprovação de sanções". A Declaração de Teerã deixa claro, ainda, que o acordo para a "troca de combustível nuclear é um ponto de partida para o começo da cooperação e um passo positivo e construtivo entre as nações".

Após o anúncio do acordo mediado por Brasil e Turquia na segunda-feira, autoridades iranianas afirmaram que o país manterá suas atividades de enriquecimento de urânio, ao que Estados Unidos e outras potências ocidentais se opõem. O Ocidente suspeita que o programa nuclear iraniano tem o objetivo de construir armas nucleares, mas Teerã afirma que seu fim é a geração de eletricidade para fins pacíficos. Segundo autoridades dos EUA, o Irã teria manipulado Brasil e Turquia com o objetivo de ganhar tempo e adiar a imposição de novas sanções.

Time for Africa (Waka, Waka), por Shakira.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Nick Clegg promete maior reforma política na Inglaterra em 200 anos. A mais importante foi em 1832.


O processo de escolha do primeiro ministro britânico encerrou-se com a aliança entre o Partido Conservador de David Cameron e o Partido Liberal-Democrata de Nick Clegg. Sem ter obtido a maioria absoluta de assentos no parlamento, Cameron ofereceu a Clegg o cargo de vice-primeiro-ministro, obtendo assim as condições para a composição do gabinete. Junto à oferta do cargo, o acordo de reforma do sistema eleitoral que promoverá a passagem do voto distrital para o proporcional, embora a forma final do modelo ainda esteja em negociação [ler o post abaixo, sobre o tipo de voto].

Nick Clegg em entrevista hoje ao jornal inglês THE GUARDIAN, deu a declaração do título deste post, reafirmando a decisão do novo gabinete em encaminhar o processo de mudança do sistema eleitoral. A página do UOL notícias também publicou o release [a cópia] da notícia.

A reforma de 1832, a qual Clegg faz referência, foi feita em meio a uma crise política marcada pelo poder excessivo da Câmara dos Lordes, cujos membros não eram eleitos, mas indicados pela monarquia. A Câmara dos Comuns era em menor número e seus membros eleitos. Também havia uma distorção na proporcionalidade do sistema de representação dos distritos, com grandes cidades possuindo poucos parlamentares e pequenos lugarejos com uma representação superestimada.

Mas havia ainda um outro sério questionamento ao sistema, pois o direito de voto era exercido apenas por quem tinha propriedade ou renda específica. Naquele momento, no século XIX, o direito de voto era acompanhado pelo critério da renda [no Brasil, foi a constituição outorgada de 1824 que criou o 'voto censitário']. O crescente movimento operário pressionava fortemente pela ampliação do direito do voto, pela implantação do sufrágio universal.

Os primeiros movimentos do novo gabinete deverão estar entre o projeto de reforma política e um severo programa de corte de gastos, que na visão conservadora (tanto na Inglaterra quanto no Brasil) significa severíssimas reduções dos investimentos em saúde, educação, infraestrutura, investimentos estatais. Resta ainda a reafirmação da interessantíssima ironia, conforme já escrevi no outro post, do combate dado ao sistema distrital, que é apresentado no Brasil como solução para os problemas do nosso próprio sistema político. A imprensa brasileira [que faz mais política que jornalismo] deixa isso passar em brancas nuvens, finge que não vê.

El País: Lula analisa o futuro do Brasil junto a políticos e investidores.


El presidente de Brasil, un ex presidente del Gobierno español, dos ministros del país sudamericano y un ex ministro español, el presidente de un organismo multinacional, el consejero delegado de PRISA, el director de EL PAÍS y cuatro máximos ejecutivos de multinacionales de los dos países. Todos ellos participarán en Brasil, alianza para la nueva economía global , la jornada que organiza hoy este periódico para analizar la realidad económica de Brasil y sus oportunidades y a la que asistirán líderes políticos, inversores y periodistas.
(...)
Como muestra de la pujanza de Brasil y de la buena prensa que tiene Lula tanto fuera como dentro del país, la revista estadounidense Time nombró el pasado mes de abril al presidente brasileño como persona más influyente del mundo, por delante del mandatario de EE UU, Barack Obama, que quedó en cuarta posición.
(...)
Se puede seguir a través do EL PAÍS.

sábado, 15 de maio de 2010

Seitas protestantes em Pernambuco: subsídios históricos, de Vicente Férrer de Barros, publicado em 1906, para download.


Os que pesquisam ou são curiosos pela história do protestantismo no Brasil e em Pernambuco, gostarão todos deste LIVRO, escrito em 1906 sobre os protestantes em Pernambuco no final do século XIX e início do século XX. O texto traz uma profusão de dados, de informações várias, comentários sobre costumes, narrativas sobre os conflitos e perseguições movidas pelos frades capuchinhos, o recolhimento de bíblias e a fogueira feita para queimá-las no pátio da igreja da Penha em 1903 [a igreja é aquela que fica ao lado do Mercado de São José].

O livro foi escaneado e digitalizado pelo projeto do Google Books, a partir de um exemplar na Universidade de Austin, no Texas (EUA).

quinta-feira, 13 de maio de 2010

13 de maio e a abolição da escravidão. Um marco na construção da cidadania.


Um equívoco repetido à exaustão é que a abolição foi inócua por não ter sido acompanhada das necessárias políticas públicas voltadas para a integração social e econômica da população recém-libertada. Durante a década de 1980 os movimentos negros conseguiram imprimir ao 13 de maio um caráter de fraude, de arranjo conservador, de uma quase inutilidade política.

Ao mesmo tempo, passaram a ressaltar a importância do dia 20 de novembro, reconhecido pela tradição como o da morte de Zumbi dos Palmares. Desde então o dia 13 de maio passou a ser sempre noticiado ao lado de perguntas do tipo “o que comemorar?”, enquanto a data de Zumbi foi alçada à condição de feriado em vários locais, a exemplo da cidade do Rio de Janeiro. Não há o que se questionar quanto à importância crescente do dia 20 de novembro.

O problema é a construção de uma memória e uma interpretação sobre a lei de abolição que reduzem a sua importância para a história do trabalho no Brasil. Em meio a muitas outras possíveis, sugerimos a reflexão de dois aspectos que repõem a centralidade da abolição para pensar tanto o Brasil de ontem quanto o de hoje.

Primeiro, a abolição brasileira precisa ser compreendida dentro do vigoroso processo de mobilização social que levou ao fim da escravidão no ocidente. O abolicionismo representou um conjunto de idéias que defendiam a impossibilidade moral de que alguns homens pudessem reduzir outros à condição de coisas, assenhorando-se de suas vidas, transformando-os em simples mercadorias. O abolicionismo mobilizou grupos sociais e religiosos ingleses e que se utilizaram largamente de petições, divulgação de panfletos, de pregações e análises econômicas.

Também foi tributário de uma vertente importante do pensamento protestante, principalmente das idéias dos quakers, grupo religioso radical inglês, dissidente do anglicanismo e que defendia uma religião de hábitos simples, profundamente espiritual, mas com forte conteúdo ético e social.

Uma das idéias mais tolas
que ainda jazem escritas em livros de história e são repetidas sem nenhuma pausa para reflexão é a que afirma que a abolição foi feita por pressão dos capitalistas ingleses interessados na transformação dos escravos em assalariados consumidores dos produtos britânicos. Basta tentar imaginar qual seria o poder aquisitivo que os libertos teriam, em qualquer lugar que fosse. As regiões açucareiras desde antes do fim da escravidão já começaram a adotar várias formas de trabalho alternativas ao assalariamento, mas que não se caracterizariam por escravidão strictu senso. Trocar o trabalho pela moradia e instalar os famigerados barracões, que monopolizavam a venda de alimentos e utensílios para os moradores do engenho ou fazenda. Essas relações absurdas e de superexploração do trabalho foram denunciadas com veemência por Francisco Julião e as Ligas Camponesas, na década de 1950. O primeiro estado do Brasil que um governador impôs o pagamento de salários em dinheiro aos trabalhadores do campo (descendentes dos ex-escravos, nunca é demais lembrar) foi Pernambuco, em 1962, quando Miguel Arraes negociou o famoso Acordo do Campo entre sindicatos, usinas e proprietários rurais, exigindo também o fim dos barracões e adoção de "moedas próprias" nos engenhos [muitos pagavam aos trabalhadores em "vales" que só podiam ser gastos no próprio barracão do engenho]. Portanto, a idéia de um ex-escravo consumidor deve ser, no mínimo, mais problematizada.

Mais coerente seria afirmar que havia uma preocupação com o baixo custo da produção nos países escravistas. Passo a passo, o trabalho escravo foi sendo extinto no ocidente: em 1823 no Chile, em 1848 nas colônias francesas, em 1854 na Venezuela e no Peru, em 1863 nos EUA, em 1854 em Portugal, em 1886 em Cuba e em 1888 no Brasil. Mas ainda continuou a existir, inclusive em territórios africanos até o final do século XX!

Outro aspecto central é entender a expressão “abolição” não como um termo romântico (ah! A abolição!), mas como um processo que marcou a modernização das relações de trabalho no País e significou algo concreto: a partir dela, estava proibido lançar mão do trabalho escravo como mão de obra. É disso que trata a lei.

Muito ficou por fazer: a sobrevivência e a persistência de formas e condições indignas de trabalho, a constituição de uma mão de obra rural que não era paga em dinheiro, mas explorada a partir da concessão de uma moradia e de alimentos, a ausência de políticas públicas para o ex-escravo. Tudo isso são questões cruciais para o campo da análise política e sociológica das relações econômicas e de poder entre os grupos e classes sociais no Brasil. Nenhuma, entretanto, deveria ser utilizada para anular a importância fundamental do 13 de maio.

Precisamos repor a abolição brasileira como parte do processo mais geral do abolicionismo ocidental. É fundamental entendê-la como o fim do trabalho escravo, não como uma expressão destituída de conteúdo e colocar os problemas sociais que persistiram, no conjunto das lutas que precisam ser sempre travadas para a construção de uma sociedade menos desigual.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Homenagem ao 13 de maio: biografia do escravo Mohammah Baquaqua, publicada na Revista Brasileira de História.


Em homenagem ao 13 de maio, faço a indicação da leitura do texto na REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA (vol. 08, n.16, 1988), que apresentou a tradução feita por Peter Eisenberg das memórias autobiográficas do ex-escravo Mohammah Gardo Baquaqua.

Na apresentação do texto feita por Sílvia Lara "trata-se de um ex-escravo, sua vida na África, sua escravização e transporte para o Brasil, de suas experiências como escravo em Pernambuco junto a um padeiro, sua venda para o capitão de um navio que viajava até o Rio Grande do Sul, sua viagem até os EUA, da fuga para conseguir a liberdade, sua viagem ao Haiti, uma viagem de volta aos EUA e daí para o Canadá".

Deve-se acrescentar a sua relação com os abolicionistas americanos, em particular aquele que lhe auxiliou na escrita de sua biografia, Samuel Moore, além de sua conversão ao cristianismo [ele era muçulmano] pelas mãos de pregadores batistas, também ligados aos abolicionistas.

O original foi publicado em 1854 e recentemente, reeditado por Paul Lovejoy e Robin Law, historiadores norte-americanos envolvidos com o tema da escravidão. Outro artigo escrito por Lovejoy sobre Baquaqua pode ser lido na REVISTA AFRO-ÁSIA, da UFBA.

terça-feira, 11 de maio de 2010

David Cameron é o novo primeiro-ministro da Inglaterra. Como funciona o parlamentarismo.


A Inglaterra é a mãe de um dos dois modelos mais difundidos de administração do poder executivo do Estado na época moderna, o parlamentarismo. O outro, é o presidencialismo, mas trataremos dele em outra ocasião. Antes, atenção! Cada país que adota o parlamentarismo, o faz com particularidades próprias e com variações, ora menores, ora maiores, que o modelo inglês.

Chefia de Estado e chefia de governo

Lembremos que a gestão do Estado é dividida usualmente pela teoria política em uma função de administração, executiva e outra de representação do Estado junto à comunidade internacional. Em outras palavras, há uma função de governar e outra de representar. Em um sistema presidencial, a mesma pessoa ocupa as duas funções. No Brasil, o presidente governa (chefe de governo) e representa o Estado (chefe de Estado). Em um sistema parlamentarista, há uma pessoa para ocupar a chefia de governo (primeiro-ministro) e outra para a representação do Estado (se for monarquia, no caso inglês ou espanhol, o rei/rainha; se for república, no caso francês ou português, o presidente).

No parlamentarismo, a eleição mais importante é a de deputados, também chamados de parlamentares, na Inglaterra são os "comuns" [lá o "senado" seria a Câmara dos Lordes e a "câmara de deputados" seria a "Câmara dos Comuns", distinções que se originaram ainda na baixa idade média].

Voto distrital e proporcional

Os britânicos possuem cerca de 650 "comuns", que são eleitos por voto distrital, isto é, o território do país é dividido em distritos, na quantidade de parlamentares. Os candidatos concorrem no seu distrito, só podem ser votados naquele distrito, e o mais votado ganha a representação. Perceba a diferença para o Brasil. Aqui, o voto é proporcional. Vejamos: Pernambuco possui 25 deputados federais e os candidatos nas eleições podem receber votos de qualquer eleitor em qualquer município do estado. Ao final da eleição, apuram-se os votos dos partidos e estes elegem deputados proporcionalmente à quantidade de votos que obtiveram.

Essas diferenças de funcionamento não são apenas caprichos teóricos de cientistas políticos. Elas provocam efeitos práticos na vida política absolutamente contrários entre si. O voto proporcional favorece a existência de mais partidos políticos, considerando que os candidatos podem obter votos em uma ampla região, inclusive beneficiando-se do voto ideológico, de opinião. Por exemplo, em Pernambuco, candidatos como Roberto Magalhães (DEM), João Paulo (PT), Marco Maciel (DEM), Luciano Siqueira (PCdoB) recebem votos em todo o estado de pessoas que se identificam com seus posicionamentos ideológicos. O voto distrital favorece o bi-partidarismo, considerando que o candidato apenas pode receber votos em uma região específica do estado e que apenas o mais votado vence. A eleição parlamentar dessa forma é muito mais difícil e tende a parecer-se muito com uma eleição de prefeito ou governador. EUA e Inglaterra adotam o voto distrital; Brasil, Portugal, Itália adotam o voto proporcional. Atenção: os sistemas não são únicos nem puros, cada país possui particularidades e cada detalhe "técnico" pode provocar alterações sérias nos resultados eleitorais.

O caso inglês

Na Inglaterra, os eleitores votam para os "comuns" sabendo que o partido que eleger a maioria absoluta indicará o primeiro-ministro, que será um dos deputados e que fez a sua campanha dizendo isso. Apurados os votos, pode ocorrer um dos casos. (a) se um partido tem maioria absoluta, está automaticamente indicado o primeiro-ministro, porque apenas os votos do próprio partido já são suficientes para a sua aprovação; (b) se nenhum partido obteve maioria absoluta, começam as negociações com os partidos menores para a formação de um governo de "coalizão", isto é, de aliança. Esta é a alma do parlamentarismo: o governo é a expressão da maioria do parlamento. Não há um prazo definido para o mandato: o primeiro-ministro segue no cargo enquanto o seu partido ou coalizão forem majoritários.

Nesta eleição, os votos dividiram-se entre os Conservadores [cerca de 300 cadeiras], os Trabalhistas (cerca de 260) e os Liberais-Democratas (cerca de 60). Os primeiros não obtiveram a maioria absoluta (em torno de 330 parlamentares), mas os trabalhistas ainda tinham chance de fechar um acordo com os Liberais, que se tornaram o fiel da balança. Assim, após uma semana de negociações, os "tories" (conservadores) fecharam uma aliança com os liberais e formaram o novo gabinete, composto por DAVID CAMERON como primeiro-ministro e NICK CLEGG como vice-primeiro-ministro. Cameron substitui os trabalhistas após 13 anos das gestões de Tony Blair e Gordon Brown. Para conseguir o apoio de Clegg, garantiu uma revisão do sistema distrital para alguma forma de proporcional, que como vimos, dificulta a vida dos partidos pequenos.

A grande ironia

Aqui no Brasil muitos atribuem ao voto proporcional a causa da desordem da representação e dos males da classe política. Que o sistema favorece a eleição de parlamentares "celebridades", a infidelidade partidária, a fragilidade dos partidos e que o eleitor não se relaciona com o seu deputado, que deveria ser o seu representante. Muitos defendem o voto distrital como solução para estes problemas, afirmando que ele aproxima o parlamentar de sua base e que seria mais fácil acompanhar a sua atuação.

Na Inglaterra, um dos grandes debates foi exatamente o dos males do sistema distrital, que impedem a renovação política e fazem com o partido liberal, do Nick Clegg obtenha um total de votos no país entre 30 a 40%, mas apenas eleja 10% do parlamento, porque os seus candidatos perderam nos distritos. Se perde, não leva nada. O formação do novo gabinete pelo conservador Cameron apenas se tornou possível pelo seu comprometimento com os liberais em rever em alguma medida esse sistema. É realmente, uma grande ironia...

Coleção História da Imprensa de Pernambuco, de Luis Nascimento, disponível integralmente para download.


A Fundação Joaquim Nabuco criou um projeto e uma PÁGINA ESPECIAL para comemorar os 200 anos da imprensa no Brasil.

Nesta página, a FUNDAJ prestou um extraordinário serviço para a história, em particular a da imprensa, através da digitalização e disponibilização de toda a coleção História da Imprensa de Pernambuco, de autoria de Luis Nascimento, de longe a maior referência como fonte para pesquisas na área. Os volumes listam jornais, empresas, grupos, temas, histórias do século XIX até bem avançado o XX.

A coleção é formada pelos 14 volumes da coleção, assim dispostos:
Volume 1 - Diário de Pernambuco
Volumes 2 a 10 - diários e periódicos do Recife
Volumes 11 a 14 - jornais dos municípios do interior de Pernambuco
Índice geral
Dicionário de nomes e pseudônimos de jornalistas.

sábado, 8 de maio de 2010

Entendendo a crise econômica e a crise na Grécia (2).


Depois de 1929 e da tragédia da II guerra, muitas ilusões sobre o papel da economia e da ciência se desfizeram. Uma delas, que arruinou as pretensões dos positivistas do século XIX, era que a ciência seria capaz de explicar tudo (tudo mesmo, do início do universo e da vida, ao funcionamento de todas as coisas e o seu final). Os positivistas criam igualmente que a ciência traria o Progresso e a paz, em um mundo conduzido pela razão. As bombas atômicas demonstraram que a física e a política estão intimamente ligadas e os programas científicos são essenciais à segurança nacional de qualquer potência. A outra ilusão era a de que "a mão invisível do mercado" solucionaria todas as crises antes que ocorressem. A fé cega no liberalismo e a ausência de instrumentos para controlar, fiscalizar, regulamentar e proteger o mercado [está provado que o mercado precisa ser protegido até mesmo de si próprio] transformou a economia americana em um trem desgovernado rumo a um abismo.

Os professores no vídeo acima poderiam ter acrescentado que, da mesma forma que na crise de 2008, a de 1929 foi precedida por um longo período de governo do Partido Republicano, defensor intransigente do liberalismo e da não-intervenção do Estado na economia. Os EUA foram administrados por um longo período de presidentes republicanos, de 1897 a 1933, onde foram derrotados apenas pelo democrata Woodrow Wilson no período 1913/1921. Sobre Wilson e a sua geração com novas idéias para os EUA escrevemos AQUI.

A crise de 1929 provocou a queda dos republicanos e a eleição de Franklin Delano Roosevelt em 1932 [sobrinho de Theodore, quem disse que nos EUA também não há oligarquias?] seguida de TRÊS reeleições: 1936, 1940, 1944. Morreu no iniciozinho do QUARTO MANDATO presidencial. Depois dele, os republicanos conseguiram aprovar a proibição de mais de uma reeleição [ficaram com medo, rsrs]. Qual a grande novidade de FDR? Trouxe da Inglaterra John Maynard Keynes, que defendia diversas medidas de regulação e estímulo da economia pelo Estado. Tem sido muito comum no último ano que os jornais e revistas apresentem os projetos de Obama na saúde, na economia, no sistema bancário, etc. como "o maior pacote de intervenção e regulação da economia desde o New Deal de Roosevelt/Keynes".

O pós-guerra foi um período de intenso crescimento capitalista, tanto na Europa Ocidental quanto nos EUA, estimulado pela estabilidade política, pela expansão do capital, do consumo e pela expansão do papel do Estado. O motor desse crescimento foi duplo: por um lado, a melhoria geral das condições de vida das classes operárias, a constituição de uma forte classe média, tanto na Europa quanto nos EUA [em boa parte, as elites econômicas entenderam que precisavam melhorar a condição de vida de suas sociedades até para poder afastá-las da influência crescente do socialismo no pós-guerra]. Por outro, as elites políticas entenderam que o Estado deveria assumir um papel mais ativo na economia e na sociedade.

Sobre o papel do Estado nesse processo, lembremos que o modelo europeu chamou-se de Welfare State e foi marcado pela construção de uma ampla rede de excelentes serviços públicos prestados à população, ancorados [obviamente] em um igual crescimento da carga tributária nesses países. Os EUA, com sua tradição política/ideológica de defesa das liberdades individuais e da iniciativa individual sobre todas as coisas [é bom lembrar que isso é o discurso oficial, afinal, seria muito bom saber a opinião dos pobres sobre o que eles acham da tal 'liberdades individuais']. O período 1945/1973 foi tão bom para o capitalismo que muitos chamam o momento de "era de ouro".

Até que vieram as crises do petróleo de 1973 e 1979, onde o barril de petróleo saiu da faixa dos 3 para 27 dólares. O novo patamar elevou brutalmente todos os custos econômicos e pressionou fortemente os orçamentos dos países que haviam construído e mantinham o Welfare State. No Brasil a crise fez-se sentir através do esgotamento dos financiamentos externos que haviam financiado o intenso crescimento do período 1966/1973. A década de 1980 foi marcada pela eleição de governantes que passaram a defender a redução do papel do Estado na economia e na sociedade, um regresso do liberalismo, a adoção de uma série de políticas que passaram a ser chamadas de NEOLIBERAIS. O ponto de partida foi a vitória dos conservadores na Inglaterra em 1979 e a indicação de Margaret Tatcher como primeira-ministra e a eleição nos EUA do ator de filmes de cowboy Ronald Reagan, em 1980. A dupla Reagan/Tatcher iniciou o processo de desregulamentação dos mercados, das bolsas, de crescimento da especulação financeira que resultaram na evaporação dos investimentos em 2008.

Da mesma forma que no período que antecedeu 1929, os EUA foram governados pelos republicanos desde 1969 até 2008, que foram batidos apenas pelo batista e democrata Jimmy Carter no período 1976/1980 e por Bill Clinton entre 1992/2000. É impossível deixar de fazer relações entre as políticas dos republicanos de desregular os mercados, o crescimento da especulação e das fraudes diante da inércia do Estado e a arrebentação de crises. Da mesma forma que com Roosevelt em 1932, o início da década de 2010 ocorre com o regresso de um intenso debate sobre o papel do Estado na economia.

Vídeo da TV Mackenzie: entendendo a crise econômica e a crise na Grécia (1)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Irritado, Serra não responde pergunta sobre mensalão do DEM.

Dia histórico: a retomada da indústria naval brasileira.


O principal motivo da segunda visita do presidente Lula a Pernambuco em 2010 poderia ir por água abaixo. Mas está flutuando desde ontem. E será lançado ao mar hoje, às 10h30. Com 274 metros de comprimento, o petroleiro João Cândido é carregado de simbolismo. É o primeiro navio construído pelo primeiro estaleiro pernambucano, o Atlântico Sul. É a primeira das 49 embarcações a serem entregues dentro do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef).

"Para a gente tem um significado muito importante porque é o primeiro navio feito por pernambucanos, que são 90% da nossa força de trabalho. Eles foram treinados e qualificados ao longo desses últimos dois anos", destacou ontem o presidente do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), o paulista Ângelo Bellelis, durante a coletiva de divulgação dos detalhes da agenda presidencial. Ele aproveitou o momento para tentar esclarecer, de uma vez por todas, que lançamento não significa entrega.

O lançamento, destacou Bellelis, é a saída do dique seco. Agora, com o dique cheio d'água, a embarcação vai flutuar até o cais externo para receber o acabamento, onde será colocada a parte elétrica e eletrônica, o motor, a caldeira. "Nossa expectativa é entregar o navio em agosto", disse o presidente do EAS, destacando também que a construção do João Cândido foi bastante "peculiar", já que o próprio estaleiro também estava sendo construído.

"À medida que os galpões ficavam prontos íamos construindo as partes dos navios", lembrou Ângelo Bellelis. Com a infraestrutura pronta, ficará mais rápido trabalhar nos outros 21 navios da atual carteira do EAS, além do casco da plataforma P-55. A planta tem capacidade instalada de processar 160 mil toneladas de aço por ano. As encomendas totalizam US$ 3,5 bilhões. Cerca de 3,7 mil pessoas trabalham na área industrial. Outros dois mil profissionais ainda finalizam a construção do estaleiro.

Na cerimônia de hoje, a madrinha Mônica Roberta de França, moradora da Ilha de Tatuoca e funcionáriado estaleiro, ficará encarregada do famoso ritual de quebrar a garrafa de champanhe e desejar felicidades à embarcação. E felicidade é o que não falta ao presidente da Transpetro, Sérgio Machado. "Quando a gente falava desse projeto, o pessoal olhava como se fôssemos de outro planeta. Hoje pode haver uma coisa impossível. Amanhã a gente descobre como fazer possível", disse Machado.

Ele lembrou que, antes do Promef, a última encomenda de um petroleiro, o navio Livramento, tinha sido "há 23 verões". A entrega aconteceu 13 anos atrás. O presidente da Transpetro também falou sobre a necessidade de tocar o projeto adiante. "Cerca de 95% do comércio internacional do país é feito por navios. O Brasil não tem a opção de ter ou não ter navios. A opção é ter navios próprios ou de terceiros". Atualmente, o país gasta por ano US$ 10 bilhões com o afretamento de embarcações.

Navio petroleiro de óleo cru (ou de produtos), o primeiro filho do Estaleiro Atlântico Sul é da categoria Suezmax porque sua dimensão permite que elenavegue (sem entalar) pelo Canal de Suez, que liga o Mediterrâneo ao Mar Vermelho, no Egito, e funciona como atalho entre a Europa e a Ásia. Dos 22 navios encomendados ao EAS, 14 são monstros deste porte. Cada um custa US$ 120 milhões. As outras oito embarcações são do modelo Aframax.

Homenagem - O Almirante Negro, como João Cândido ficou conhecido, foi o líder da Revolta da Chibata, movimento contra os castigos físicos sofridos pelos marinheiros, em 1910. Banido da Marinha, descarregando peixes na Praça XV, Centro do Rio de Janeiro, João morreu em 1969, aos 89 anos. Cem anos depois de liderar os marinheiros, o Almirante Negro torna-se o líder da nova indústria naval brasileira.

(do Diário de Pernambuco)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Quem foi Pinto de Monteiro.


Pinto do Monteiro nasceu em 21 de Novembro de 1895 no sítio Carnaubinha, no município de Monteiro, interior da Paraíba. Começou a cantar aos 24 anos de idade, antes de embrenhar na profissão de cantador foi vaqueiro e soldado de polícia do Estado da Paraíba. Nas suas andanças como cantador foi ganhando fama e se tornando o grande mito que até hoje permanece, sendo reconhecido como o maior cantador de todos os tempos.

Com uma inteligência colossal, junto a uma enorme capacidade de improviso e ainda uma velocidade espantosa, Pinto, como é conhecido, assombrava os cantadores que o acompanhava nas pelejas, e deixava plateias em polvorosa com respostas irreverentes e rápidas.
Pinto fez algumas parcerias memoráveis, como por exemplo, com os grandes poetas Lourival Batista e João Furiba. Percorreu o Brasil, deixando rastros de poesia e genialidade por onde passava, chegou a cantar para o presidente Marechal Eurico Gaspar Dutra, sempre carregando consigo a essência do homem do sertão.

Morreu em 28 de Outubro de 1990, aos 94 anos de idade, na cidade de Monteiro, na casa de um amigo, em situação de extrema pobreza, mostrando a falta de reconhecimento de um povo que não tem idéia do gênio que era Pinto do Monteiro.



Agora vamos saborear alguns versos que foram improvisados por Pinto, nas mais diversas ocasiões, com os mais diversos cantadores.

.Aos 93 anos de idade, Pinto foi visitado pelo amigo e parceiro de profissão João Furiba, mesmo já próximo da morte mostrou porque sempre será o mito, improvisando essa sextilha:

Eu não imaginaria
Que você chegasse agora
Pra mim foi uma surpresa
Obtive uma melhora
Mas sei que vou piorar
Quando você for embora

.Certa vez cantando com o mesmo "Furiba", este criticou de forma desrespeitosa a cidade de Monteiro, Pinto que também conhecia a cidade onde "Furiba" nasceu retrucou:

Eu conheço muito bem
A sua Taquaritinga
Em cima fica uma serra
Em baixo uma caatinga
Na parte alta não chove
No pé da serra não pinga

.Noutra oportunidade, Pinto cantava com Lourival Batista, e assim improvisou:

Eu andando certo dia
Nas terras do Seridó
Tive o prazer de almoçar
Na fazenda de codó
Comi até me fartar
Da traíra o mocotó

Lourival Batista sabendo que traíra é um peixe respondeu:

Houve muitos pescadores
De Adão até Jacó
De jacó até moisés
De Moisés a Faraó
Mas nunca houve quem visse
Traíra com mocotó

Pinto, esbanjando inteligência e velocidade de raciocínio disse:

Era uma vaca cotó
Da fazenda Passira
Mataram e eu comi dela
A qual chamavam Traíra
Agora você me diga
Se é verdade ou é mentira

.Certa vez Lourival observando as vestimentas de Pinto terminou uma sextilha dizendo: "Pinto você canta muito/ E a roupa num vale nada". Pinto responde:

É verdade camarada
O que você tá dizendo
Eu costumo andar assim
Sujo e cheio de remendo
Mas ninguém diz onde passo
Pinto ficou me devendo

. Na mesma cantoria Lourival termina uma estrofe improvisando: "Meu verso é um bacamarte/ Nas mãos de um sujeito afoito". Pinto com maestria responde:

O meu é um trinta e oito
Na mão de um cabra valente
Bola cheia, cano longo
Queixa atrás, mira na frente
O queixa quebrando as balas
E as balas matando gente

.Mais adiante, Lourival termina uma estrofe dizendo: "Pinto não serve pra nada/ É pinto mas não se zanga". Pinto responde:

Pois se vire numa franga
Que eu quero pega-lo agora
Os pés sustentando o corpo
As asas fazendo escora
O bico ferrando a crista
O resto eu digo outra hora

.Furiba cantando com Pinto, faz menção a sua terra dizendo no fim de uma sextilha: "Tudo que se planta dá/ Na minha terra adorada". Pinto bombardeia:

Tua terra miserável
Só tem cupim e saúva
Teu pai morreu com cem anos
Tua mãe ficou viúva
Passou dos cento e quarenta
E nunca viu uma chuva

.Furiba certa vez terminou uma estrofe dizendo: "Deixe pra mim que só tenho/ Dezoito anos de idade". Pinto cansado das pabulagens de Furiba faz essa sextilha:

Isso aí não é verdade
Você quer ser inocente
Tem vinte anos que canta
Quinze que bebe aguardente
Trinta que engana o povo
Quarenta e cinco que mente

.Numa cantoria Furiba provoca: " Pinto velho do Monteiro/ Além de doido está cego". O gênio não deixa por menos e responde:

Ainda lhe vejo cego
Sem ganhar nenhum vintém
Pedindo esmola num beco
Onde não passe ninguém
Se passar, seja outro cego
Pedindo esmola também

.Pinto cantando sobre o exôdo rural do Nordeste fez essa bela sextilha:

Os homens do meu Nordeste
Estão desaparecidos
Nas estradas de São Paulo
Os caminhões entupidos
Conduzindo os enganados
Trazendo os arrependidos

.Cantando com Louro Branco, o gênero da cantoria chamado mourão a desafio. Pinto começa:

No mourão a tira-couro
Vou mata-lo no cacete

Louro responde:

Entro no bico do Pinto
Vou sair no "tamburete"

Pinto da o tiro de misericórdia:

Mas a coisa é diferente
Você entra como gente
Vai sair como tolete

Cantando com Furiba, este tinha acabado de chegar do Rio de Janeiro, e improvisa algo elogiando o povo carioca. Pinto com a sinceridade perturbadora de sempre, improvisa:

O que eu vi na guanabra
Foi "nêgo" descendo morro
Desastre no meio da rua
Gente no pronto-socorro
Ladrão batendo carteira
Mulher puxando cachorro

Cantando com Otacílio Batista, este improvisa uma sextilha enfatisando a boca banguela de Pinto, ao que Pinto responde que ao chegar na velhice o mesmo iria acontecer com ele, Otacílio então termina uma estrofe dizendo: "Quando chegar esse tempo/ O senhor já tem morrido", Pinto despeja esse improviso por cima de Otacílio:

Mas meu espírito envolvido
Muito além da sepultura
Irá vagar pelo mundo
Somente a tua procura
Até que um dia te veja
Cantando sem dentadura

Por fim uma estrofe do trabalho escrito por Pinto, chamado: Porque deixei de cantar

Com a matéria abatida
Eu de muito longe venho
Com este espinhoso lenho
Tombando na minha vida
Tenho a lembrança esquecida
Uma rouquice ruim
A vida quase no fim
A cabeça meio tonta
Quem for novo tome conta
Cantar não é mais pra mim

(Extraído do blog de Monique D'Angelo)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Fundação Joaquim Nabuco lança os cd's Pinto do Monteiro e Getúlio Cavalcanti.


A Fundaj, através do seu Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (CEHIBRA), vinculado à Diretoria de Documentação, lança os CD's "Pinto do Monteiro e Getúlio Cavalcanti", no dia 5 de maio, às 17 horas, no auditório do Museu do Homem do Nordeste (avenida 17 de agosto, 2187, Casa Forte).

O lançamento contará com a presença do Bloco da Saudade e do compositor pernambucano Getúlio Cavalcanti, interpretando os seus grandes sucessos, além de repentistas que farão uma saudação especial a Pinto do Monteiro.

(do sítio da FUNDAJ)

terça-feira, 4 de maio de 2010

Documento original da Lei Áurea integra exposição "Joaquim Nabuco: brasileiro, cidadão do mundo".


O documento original da Lei Áurea, assinado pela Princesa Isabel, chegou ao Recife pela primeira vez na História para integrar a exposição "Joaquim Nabuco: brasileiro, cidadão do mundo", aberta ao público a partir do dia 30 de abril, no Instituto Cultural Banco Real (Av. Rio Branco, 23, Bairro do Recife).

A Lei Áurea desembarcou no Aeroporto Internacional dos Guararapes Gilberto Freyre em 28 de abril, às 13h20, no vôo G31818 da Gol, de onde foi transportada com apoio da Companhia Independente de Operações Especiais da Polícia Militar de Pernambuco para o Instituto Banco Real, onde ficará em exposição até 17/05.

A exposição "Joaquim Nabuco, brasileiro, cidadão do mundo" tem curadoria geral de Helena Severo e faz parte das comemorações oficiais do Ano Joaquim Nabuco.

Horário de visitação:
De terça a quinta-feira, das 14h às 20h
Sexta, sábado e domingo, das 14h às 22h
Entrada franca.

Artigo sobre economia de Pernambuco foi reproduzido no site de Luis Nassif.


O artigo que tratou do crescimento da economia de Pernambuco, dos desafios sociais e das tendências de crescimento do Nordeste em comparação com o Sudeste foi reproduzido no blog do jornalista e economista Luis Nassif. É motivo de satisfação, pois compreendemos que a história nos fornece possibilidades de analisar um evento em perspectiva, comparando e problematizando, com o objetivo de fugir do óbvio e do "natural". Acho que estamos no caminho certo. A postagem original pode ser conferida AQUI.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Arqueólogos dizem ter achado a Arca de Noé.


(do sítio da revista História Viva)

Um grupo de arqueólogos religiosos afirma ter descoberto o paradeiro da Arca de Noé. A equipe, formada por pesquisadores chineses e turcos, encontrou em outubro de 2008 uma estrutura de madeira enterrada no Monte Ararat, na Turquia. Baseados em relatos bíblicos, os estudiosos acreditaram ter identificado o local onde a Arca teria supostamente ancorado após o Grande Dilúvio.

Os arqueólogos observaram que a estrutura continha uma série de compartimentos, alguns com vigas de madeira, que podem ter servido para abrigar animais. Além disso, todos os encaixes foram feitos sem pregos de metal, o que indica a possível antiguidade do achado. O teste de carbono 14 confirmou essas suspeitas, mostrando que a suposta arca tem cerca de 4.800 anos de idade.

A missão científica foi patrocinada pela Noah’s Ark Ministries, entidade evangélica dedicada à busca de indícios que comprovem a narrativa bíblica. No SITE OFICIAL DA INSTITUIÇÃO pode pode ver fotografias e vídeos da descoberta e das peças retiradas do sítio para análise laboratorial.

Os resultados dos trabalhos da expedição foram divulgados em uma coletiva de imprensa realizada no último domingo. O grupo luta, agora, para que a Unesco reconheça o local como patrimônio mundial da humanidade, o que garantiria a devida proteção do sítio arqueológico. Com isso, os pesquisadores esperam poder aprofundar os estudos na região e realizar novas escavações.

125 anos dos batistas em Pernambuco e 400 no mundo.


No dia 5 de maio próximo, os batistas de Pernambuco completam os 125 anos do início da pregação de suas doutrinas em nosso estado. O protagonista foi Mello Lins, despertado pela polêmica das bíblias falsificadas, travada em 1867 entre o general Abreu e Lima, pelas colunas do Jornal Pequeno, com o Cônego Pinto de Campos, pelo Diário de Pernambuco. O clima da polêmica levou Lins a examinar as referidas bíblias e, não encontrando justificativa para as acusações e perseguições, decidiu-se pelo protestantismo.

Cerca de dez anos depois optou pelos batistas, tendo sido batizado por imersão, característica dos batistas, por um pastor vindo de Salvador (Bahia), no dia cinco de maio de 1885, às margens do Rio Beberibe, a cinco quilômetros da foz. No ano seguinte, a quatro de abril, era fundada a Primeira Igreja Batista de Pernambuco, com o nome de Egreja de Christo no Recife, que teve sua sede na Rua Direita, 120. Hoje com o nome de Primeira Igreja Batista do Recife tem seu templo na Av. Conde da Boa Vista, 163.

Nesses 125 anos, o crescimento foi enorme. Instituições, como o Seminário Teológico, 1902, o primeiro do Brasil; o Colégio Americano Batista, 1906; Seminário de Educadoras Cristãs (SEC); fundação de igrejas, serviço social, comunicações, pastores consagrados e a grande aceitação da sociedade, levaram os batistas a estabelecer-se em todos os municípios do estado, somando mais de 600 igrejas, que se reúnem em Convenção, de 23 a 25 de abril para deliberarem sobre assuntos comuns.

Os batistas, como as demais denominações (ordens), são egressos dos ventos da Reforma do século 16, espalhados pela Europa. O marco, normalmente aceito, foi o ato do monge agostiniano e professor da Universidade de Wittemberg, Martinho Lutero, ao fixar as suas 95 proposições (teses) na porta da Igreja da Universidade, em 31 de outubro de 1517, para discussão, como era hábito. Não foi um ato de rebeldia; ao contrário, o propósito era melhorar a vida religiosa da época, muito envolvida com o fausto do Renascimento. Rechaçado por Roma, Lutero teve o apoio dos humanistas e a proteção dos príncipes alemães, que aproveitaram a oportunidade para se livrarem das imposições e do jugo de Roma, a igreja oficial.

Na Inglaterra, a Reforma foi muito mais traumática e sangrenta. Partiu do rei Henrique VIII, que declarou a igreja na Inglaterra independente de Roma, assumindo ele mesmo e seus sucessores, até hoje, a chefia da Igreja Inglesa. Mas o movimento luterano, mais do que a independência, lutava pela reforma da igreja, das práticas e doutrinas religiosas, expressas no trinômio: somente a Escritura, somente a Fé e somente a Graça. Estes ideais também proliferaram entre muitos religiosos da Ilha, que passaram a exigir modificações que se aproximassem do que achavam ser a pureza do modelo do Novo Testamento (puritanismo). Inconformados (inconformistas), separaram-se da igreja (separatistas) e foram à luta para verem suas ideias adotadas pelo povo inglês. Diferente da Alemanha, aqui a luta era contra o Rei, o "papa" da Igreja na Inglaterra. Por sua dissidência (dissidentes), muitos perderam a vida ou vegetaram nas prisões, enquanto outros se refugiaram na Holanda, onde havia um ambiente de maior liberdade, para defenderem as suas convicções reformistas.

É neste amalgama, propício à reflexão dos princípios da Reforma, que vão surgindo os vários grupos, denominações, com suas interpretações e acomodações peculiares, fruto da liberdade de especulação. Entre eles estão os que vão ser chamados de batistas. O grande líder e construtor do seu ideário foi Tomaz Helwys que, juntamente com João Smyth, o precursor, assinaram em 1610 uma Declaração de Fé, defendendo intransigentemente a separação da igreja do estado, principal "pedra de toque" dos batistas. Seus princípios, estabelecidos por longo e tenebroso caminho, são: absoluta liberdade religiosa para todos os homens de qualquer fé ou de nenhuma fé. Formação da
igreja por pessoas regeneradas, admitidas mediante o batismo por imersão e autonomia absoluta da igreja local.

(TEXTO DO PR. RAMOS ANDRÉ, PUBLICADO NO DIÁRIO DE PERNAMBUCO, DE 25/04/10. EMAIL DO AUTOR: jramosandre@ig.com.br)

domingo, 2 de maio de 2010

Um navio para entrar na história (do Diário de Pernambuco)


Nesta sexta-feira, dia 7 de maio, será lançado ao mar em Suape, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro navio petroleiro construído no Brasil a ser entregue ao Sistema Petrobras após 13 anos.

Mas não apenas isso. Será lançada ao oceano a primeira embarcação de grande porte produzida em Pernambuco em toda a sua história. Foram necessários mais de três anos desde a assinatura do contrato entre a Transpetro e um certo estaleiro que, por ser ainda virtual, gerava muita descrença.

Poucos acreditavam que o Brasil poderia retomar sua indústria naval, depois de mais de duas décadas de estagnação. E hoje temos a quinta maior carteira de encomendas do mundo. Poucos também acreditavam que os pernambucanos seriam capazes de construir navios. Felizmente, o que era sonho virou realidade. O João Cândido, um gigante de 275 metros de comprimento, quase dois campos e meio de futebol, finalmente deixará o dique seco do Estaleiro Atlântico Sul rumo aocais.

"Um país que não tem marinha mercante não é soberano. Por uma decisão do presidente Lula, estamos retomando a indústria naval em escala global e competitiva. O impossível só existe hoje, amanhã se torna real", comemora o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, muitas vezes tido como um sonhador. A subsidiária da Petrobras, que só comprava na Ásia e gastava por ano US$ 1,2 bilhão no afretamento de navios a armadores estrangeiros, encomendou 49 petroleiros a estaleiros nacionais, viabilizando essa retomada. E já pensa em novas contratações.

O João Cândido, o Suezmax nº 1, é o primeiro dos 49 petroleiros a ficar pronto. Daí tanto simbolismo, tanta comemoração. O lançamento ao mar funciona como uma espécie de batismo, o ponto mais marcante no processo de construção de um navio. Durante a cerimônia, a madrinha quebra uma garrafa de champanhe no costado e deseja sorte à embarcação.

"Será um marco histórico. Como numa gestação, nosso primogênito estará nascendo", prevê Angelo Bellelis, presidente do Estaleiro atlântico Sul. O dique já terá sido inundado 24 horas antes e o João Cândido, então, flutuará até o cais onde receberá o acabamento e passará por testes, até ser entregue ao cliente em agosto próximo.

Madrinha - A Transpetro ainda não anunciou quem será a madrinha do Suezmax nº 1, só sabemos que não será mais a ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, hoje pré-canditata à presidência da República. Já o nome João Cândido foi escolhido em homenagem ao marinheiro negro, filho de ex-escravos, que há cem anos liderou a Revolta da Chibata. O movimento, iniciado no Rio de Janeiro no dia 22 de novembro de 1910, pleiteava a abolição dos castigos corporais na Marinha de Guerra.

O Almirante Negro, como ficou conhecido, foi banido da Marinha e viveu precariamente, trabalhando como estivador e descarregando peixes na Praça XV, no Centro do Rio. Discriminado e perseguido, faleceu em 1969, aos 89 anos de idade. Retorna agora em grande estilo, emprestando o nome a um petroleiro suntuoso, que custou cerca de US$ 120 milhões (aproximadamente R$ 210 milhões).

CONFIRA A MATÉRIA COMPLETA NO DIÁRIO DE PERNAMBUCO.

Destaques do domingo e da semana.

- Globo: Legalização de casas em favelas só chega a 13%

- Folha de São Paulo: PF vê fraude bilionária em 5 obras da Petrobrás

- Estado de São Paulo: Governo acelera benefício social para mais 3,2 milhões

- Jornal do Brasil: Novo '11 de setembro'

- Correio Brasiliense: Fome Zero, sete anos depois - A comida chegou, mas a pobreza continua...

- Veja: Do you speak Google?

- Época: O Ministério da Saúde recomenda: faça sexo

- IstoÉ: Não carregue todas as culpas

- IstoÉ Dinheiro: As marcas mais valiosas do Brasil em 2010

- CartaCapital: Crescer? Que medo

- Exame: Exclusivo – “Eu não vendi a Casas Bahia”

Leia AQUI os destaques de capa de alguns dos principais jornais e revistas do país.

Quem é Rogaciano Leite.


Eu gosto muito de repentistas, da poesia que chamam de popular [numa evidente quase discriminação], de cordéis, enfim. Fui introduzido neste universo impressionante por JOSÉ HONÓRIO, funcionário do Banco do Nordeste e que foi meu chefe quando estagiei no banco, em Timbaúba, quando era aluno do "2º grau", hoje chamado de "ensino médio" [o tempo está passando, rsrs]. Honório é também um excelente poeta, experimentador das novas tecnologias, inclusive internet e tal, conforme todos podem conferir no link acima. Mas, apesar não sou especialista, apesar de desconfiar que algum dia desses ainda dedicarei um bom tempo para o assunto.

Portanto, o texto abaixo é de um expoente no conhecimento do universo do repente, Ésio Rafael, ele próprio também poeta de primeira grandeza. Foi copiado do site INTERPOÉTICA, excelente produção que trata do tema do repente, do cordel, dos poetas populares.

ROGACIANO LEITE, UM POETA ERUDITO E POPULAR (por ÉSIO RAFAEL, poeta e estudioso de poesia popular)

Rogaciano Bezerra Leite nasceu no Sítio Cacimba Nova, pertencente à Vila Umburanas, hoje Itapetim, Pajeú pernambucano, no dia 01 de Julho do ano de 1920. Ainda hoje, existe a polêmica, no que concerne à naturalidade do poeta. É que à época, a Comarca se localizava em São José do Egito, logo, Rogaciano, Os irmãos Batista: Louro, Dimas e Otacílio, Jó Patriota, além de outras “feras”, nasceram realmente em Itapetim, mas tudo pertencia à São José do Egito. E agora? Bom, polêmica à parte. O fato é que Rogaciano faleceu no dia 07 de Outubro de 1969, no Hospital Souza Aguiar, Rio de Janeiro. Infarto do miocárdio. Aliás, existem dois deuses da poesia Pajeuzeira, Rogaciano Leite e João Batista de Siqueira, Cancão, na concepção do seu povo. Apesar das diferenças entre eles, algumas coincidências os aproximam: poetas da mesma região, da mesma “torceira”, além da questão literária.

Assim como Rogaciano, Cancão leu Fagundes Varela, Cassimiro de Abreu, e, logicamente, Castro Alves. Aliás, alguns estudiosos querem afirmar o fato de Cancão não ter conhecido a mitologia Grega, e no entanto mostrar para o público uma intimidade que somente se explicaria através da Psicografia, principalmente para os adeptos de Kardec. Cancão estava limpando mato no seu sitio, em São José do Egito, quando de repente deu uma chuva. O poeta correu para se proteger embaixo de um pé de joazeiro. Fora quando ele se lembrou de uma Professora de Sertânia, moxotó, perto de São José, que ele mantinha uma simpatia por ela. Vejamos que prêmio que ele aprontou para ela: “És das regiões polares / A mais delicada planta / Vives igual uma santa / Entre as toalhas lunares / Os gênios dos longos mares / Dão-te atração soberana / Es a mais gentil liana / Em forma de criatura / Nasceste da ninfa pura / Da maresia indiana.

Poeta-repentista de primeira grandeza, escritor, jornalista (Gazeta do Ceará), compositor e boêmio. São alguns traços que compuseram a personalidade de Rogaciano. Funcionário do Banco do Nordeste S.A., migrou para o Rio e São Paulo entre os anos 50 e 55. Repórter de: A Última Hora e Revista da Semana. Diplomado em Literatura Clássica - 1949, Faculdade de Filosofia do Ceará. Intelectual, leitor de vários clássicos da literatura brasileira, dentre eles, os ultras românticos. “Ele era de fato um poeta Castralvino. Assim falou o Professor pesquisador – Aleixo Leite. Pois, além de ler: Fagundes Varela, Cassimiro de Abreu, Gonçalves Dias, Cruz e Souza, o poeta tinha uma afeição especial por Castro Alves, como rezam os seus textos.

“Perdulário de inteligência e da imaginação”, segundo depoimento de Carlyle Martins, da – Gazeta de Notícias do Ceará. Fernando Viana da Academia Maranhense de Letras: “Ouvir Rogaciano, não é encher os ouvidos de versos, é extasiar-se da própria poesia. É confundir-se com os homens na sublimação do Belo. Isso ocorreu em 47.

Várias obras de sua autoria compuseram o acervo do poeta Rogaciano: “Acorda Castro Alves”, “Quando Eles se Encontram Novamente”, “Dois de Dezembro”, “Poemas Escolhidos”, “A Vida de Antônio Silvino”, “A Vida do Cego Aderaldo”, “Os Trabalhadores” (Excelente!); “Carne e Alma” (Este traduzido por vários idiomas). Sobre o seu livro: “A Ronda do Tempo”, (Imprensa Oficial, Natal-71), escreveu Câmara Cascudo: “Rogaciano é uma visão arrogante de Castro Alves, um Rutebeuf sem fome, e um François Villon sem frutos dono de um sitio em Messejana, e de um cavalo cadilac.

Viajando para a Europa, como componente de uma caravana sob a tutela de - Assis Chateaubriand, Embaixador do Brasil em Londres, cujo destino era uma festa em um Castelo das Ilhas Britânicas. Rogaciano se apaixonou por uma francesinha, por isso, o Pajeú, o Ceará e o Brasil, ganharam mais poesias. O homem escreveu 100 sonetos dedicados a essa mulher (100 sonetos para Ane). Diz-se que com o fim do romance, o poeta ficara desestruturado, a ponto de o caso ter sido também, a razão de seu fim.

O poeta, foi enterrado no cemitério: São João Batista, em Fortaleza, terra escolhida por ele próprio, como a de seu coração, embora que enfartado. Os “Diários Associados” foram responsáveis pelo translado do corpo. O seresteiro: Osvaldo Santiago cantou em sua cova/túmulo, a valsa: “Cabelos Cor de Prata”, da autoria do poeta, gravada por Sílvio Caldas.

Rogaciano Leite ganhou o “Prêmio Esso de Jornalismo, ao escrever matéria sobre: Areia Monazítica, na região do Amazônia. Navegava entre o “popular e o erudito”. Orador de “Mão cheia”. Todavia, quando visitava a sua terra, dava de garra de uma viola, e cantava do mesmo jeito. Ainda houve uma época em que se questionava o fato de ele não ter morrido. E que poderia estar residindo na França, com a sua francesinha, Ane. Comenta-se que o caixão onde estaria o seu corpo, não fora aberto, continuando hermeticamente fechado, até a hora em que o obscuro coveiro lacrou o túmulo com cimento e tijolo. “O Trabalhador”, “Ceará Selvagem”, ainda correm na memória do povo.

sábado, 1 de maio de 2010

Homenagem ao 1° de maio: "Trabalhadores", de Rogaciano Leite, ilustrado com "Operários", de Tarsila do Amaral.


OS TRABALHADORES (Rogaciano Leite)

Uma língua de fumo, enorme, bandoleante,
Vai lambendo o infinito – espessa e fatigada…
É a fumaça que sai da chaminé bronzeada
E se condensa em nuvens pelo espaço adiante!

Dir-se-ia uma serpente de inflamada fronte
Que assomando ao covil, ameaçadora e turva,
E subindo… e subindo… assim, de curva em curva,
Fosse enrolar a cauda ao dorso do horizonte!

Mas, não! É a chaminé da fábrica do outeiro
- Esse enorme charuto que a amplidão bafora -
Que vai gerando monstros pelo céu afora,
Cobrindo de fumaça aquele bairro inteiro.

Ouve-se da bigorna o eco na oficina,
O soluço da safra e o grito do martelo…
Como tigres travando ameaçador duelo
As máquinas estrugem no porão da usina!

É o antro onde do ferro o rebotalho impuro
Faz-se estrela brilhante à luz de áureo polvilho!
É o ventre do Trabalho onde gera o filho
Que estende a fronte loura aos braços do Futuro!

Um dia, de uma idéia uma semente verte
Resvala fecundante e se agregando ao solo
Levanta-se… floresce… e ei-la a suster no colo
Os frutos que não tinha – enquanto estava inerte!

Foi o germe da Luz,a flor do Pensamento
Multiplicando a ação da força pequenina:
- De um retalho de bronze uma oficina!
- De uma esteira de cal gerou um monumento!

Trabalhar! Que o trabalho é o sacrifício santo.
Estaleiro de amor que as almas purifica!
Onde o pólen fecunda, o pão se multiplica
E em flores se transforma a lágrima do pranto!

Mas não vale o Trabalho andar a passo largo
Quando a estrada é forrada de injustiça e crimes…
Porque em vez de frutos dúlcidos, sublimes,
Gera bagos mortais e de sabor amargo!

Ide ver quanto herói, quanto guindaste humano
Sob a poeira exaustiva e o calor fatigante,
Os músculos de ferro, o porte gigante,
Misturando o suor o seu pão quotidiano.

Sua força é milagre! A redenção bendita!
O seu rígido braço é a enérgica alavanca
O escopro milagroso,a chave que destranca
O Reino do Progresso onde a Grandeza habita!

Sem os pés desse herói a Evolução não anda!
Sem as mães desse bravo uma nação nas cresce!
A indústria não produz! A campo não floresce!
O comércio definha! A exportação debanda!

No entanto,vêde bem! Esses heróis sem nome,
Malditos animais que ainda escraviza o ouro,
Arrastam – que injustiça! – o carro do tesouro,
Atrelados à dor, à enfermidade, e à fome!

Quanto prédio imponente e de valor suntuário
Erguido para o céu, firmado no infinito,
Indiferente à dor, indifrente ao grito
De desgraça que invade a choça do operário!

De dia é no labor! Exposto ao sol e à chuva!
De noite,na infecção de uma choupana escura
Onde breve uma filha há de tornar-se impura
E u’a mulher faminta há de ficar viúva!

Nem mesmo o sono acolhe as pálpebras cansadas!
O leite é a umidez dos fétidos mocambos!
O pão é escasso e duro! As vestes são molambos
E o calçado é paiol das ruas descalçadas!

Ali,a Medicina é estranho um só prodígio!…
Nunca um livro se abrirá em risos de esperança
Para encher de fulgor os olhos da criança,
Apontando-lhe o céu… mostrando-lhe um vestígio!…

Tudo é treva e descrença! O próprio Deus é triste
Ouvindo esse ofegar de corações humanos…
E a Lei – mulher feliz que dorme há tantos anos -
Não acorda pra ver quanta injustiça existe!

Onde está esse amor que os sacerdotes pregam?
Os estão essas leis que o Parlamento imprime?
O Código não pode abrir o seio ao Crime,
Infamando o pudor que os Tribunais segregam!

Vêde bem da fornalha a rubra labareda!…
Olhai das chaminés o fumo que desliza!…
Pois é o sangue… É o suor do pobre que agoniza
Enquanto a lei cochila entre os divãs de seda!

Que é feito desse herói? Ninguém lhe sabe a origem!
O Poder nunca entrou nas palhas do seu teto…
Somente a esposa enferma,o filho analfabeto,
E lá nos cabarés, – a filha… que era virgem!

Existe essa legião de mártires descrentes
Em cada fim de rua,em cada bairro pobre!
É desgraça demais que num país tão nobre
Que teve um Bonifácio e deu um Tiradentes

Será preciso o sangue borbotar na lança?
E o cadáver do povo apodrecer nas ruas?
Tu não vestes, ó Lei, as próprias filhas tuas?
Morre, pois, mãe cruel, debaixo da vingança!

Mas eu vejo que breve há de chegar a hora
Em que a voz do infeliz é livre – na garganta!
Porque sei que esse Deus que nos palácios canta
É o mesmo Deus que pelos bairros chora!

Quanto riso aqui dentro! E lá fora, os brados!
Quantos leitos de seda! E quantos pés descalçados!
Já que os homens não veem esses decretos falsos,
Rasga, Cristo, o teu manto! Abriga os desgraçados!…