sexta-feira, 30 de abril de 2010

35° aniversário do final da Guerra do Vietnã


Em 30 de abril de 1975 chegava ao fim a Guerra do Vietnã, com a tomada de Saigon pelas tropas do exército do Vietnã do Norte. A cidade passou a se chamar Cidade de Ho Chi Min e marcou a derrota das tropas americanas no sudeste asiático. O conflito provocou um desgaste da imagem dos Estados Unidos, principalmente porque uma das novidades deste conflito foi a intensa cobertura da imprensa, já incluindo aí imagens de televisão. A fotografia e os repórteres de guerra representaram um capítulo especial deste conflito e exerceram grande influência na formação da opinião pública sobre o conflito.

O site do jornal El Pais publicou hoje um conjunto de imagens que valem a pena serem vistas. São uma excelente provocação para pensar sobre os horrores da guerra, mas também sobre os limites do ser humano.

A fotografia que ilustra este post foi tirada em 08 de junho de 1972, mostrando um grupo de crianças fugindo de um ataque de bombas napalm, um agente químico que era utilizado para desfolhar as florestas com o objetivo de impedir a formação de abrigos para os guerrilheiros. A menina, que tinha 9 anos à época, chama-se Pham Thi Kim Phuc e sobreviveu ao ataque das tropas estadunidenses ao seu vilarejo e ao templo onde sua família se refugiou. Hoje ela é ativista dos direitos humanos, embaixatriz da ONU e mora no Canadá. A fotografia ganhou o prêmio Pulitzer de 1973. No final de 2009, o jornal O Estado de São Paulo publicou uma entrevista onde ela própria conta como sobreviveu.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Artigo meu publicado no Diário de Pernambuco de hoje: "Guerra, holocausto e crise da razão".


Prezados amigos, saiu um artigo meu no Diário de Pernambuco de hoje (29/04), que pode ser conferido e comentado na página do jornal e também aqui no blog.

O aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz pelos soviéticos em 27/01/45 foi transformado com muita justiça no dia mundial de lembrança das vítimas do Holocausto. A insanidade coletiva em que os alemães mergulharam na década de 30 e que tomou o nome de nazismo é não apenas um dos momentos mais trágicos da humanidade, mas representou uma crise na forma do ocidente conceber a política, a filosofia, as tecnologias, a ciência e as relações do homem com estes elementos e com a natureza.
(...)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Eleições presidenciais e as capas da revista Veja. (1)

Outro dia fiz uma postagem mostrando as capas de uma Newsweek e de uma Veja que foram feitas com uma semelhança muito, mas muuuuiiiito grande mesmo. Como a Veja era de uma data posterior, poderíamos até pensar que ela foi simplesmente... copiada. rsrs. Tratava-se de Steve Jobs com seu livro eletronico (Newsweek) e de Paulo Coelho, também com um livro eletrônico (Veja). Você pode conferir AQUI o artigo.

O exemplar desta semana da Veja trouxe José Serra na capa, afinal no último sábado ocorreu o lançamento de sua candidatura à presidência em uma festa, segundo a colunista do Globo, Eliane Catanhede, muito "cheirosinha". Sobre o exemplar dessa semana, duas observações. Primeiro, foi novamente uma cópia [não há problema em ser cópia, só em não citar a fonte]. Depois, uma comparação entre o comportamento da imprensa norte-americana e brasileira em relação aos candidatos presidenciais.

Um dos articulistas do blog Acerto de Contas, Marco Bahé, publicou uma postagem no último dia 20 mostrando mais uma dessas "coincidências" com a criatividade da Veja. A revista Time publicou no ano passado uma foto com o presidente Obama que é a fonte clara onde a Veja se inspirou para a capa com José Serra. Confira abaixo.

A idéia do projeto de apresentar os presidenciáveis José Serra e Dilma Roussef que a Veja elaborou foi muito interessante. Atenção! Eu disse a idéia, não a pose de Serra, porque essa foi, como vimos, uma "fila" [rsrs]. O projeto foi assim. Na edição com Dilma na capa, a margem superior traria o nome de Serra e de um artigo escrito pelo mesmo. Na edição com Serra na capa, a margem superior traria o nome de Dilma e de um artigo escrito pela mesma. Projeto perfeito, isenção completa, jornalismo de primeira linha. Quando a revista apresentasse um, o outro assinaria um artigo e assim, todos estariam contemplados e respeitados.
Vamos, então, conferir os dois exemplares.

Não há nada de errado, em minha modesta opinião, em que a equipe editorial de uma revista ou jornal demonstre a sua preferência por este ou aquele candidato. Desde que faça isso de forma transparente, democrática, explicitando as suas razões. Afinal, o Estado contemporâneo é uma expressão da relação de forças e de grupos de pressão que representam setores da sociedade e a seção editorial o lugar apropriado para expor o pensamento do grupo que dirige o órgão de imprensa. Ativistas de todas as tendências, de todos os viés de pensamento organizam-se e pressionam os políticos por seus interesses. E a imprensa cumpre um papel importantíssimo e essencial de veiculação da informação, de formação de opinião, mas é também [relação complicada essa] um grupo empresarial.

É dessa forma nos EUA, quando, ao se aproximarem as eleições presidenciais os principais jornais e revistas publicam editoriais, repito, editoriais, explicando porque esse ou aquele candidato seria o melhor, na opinião da equipe. Assim, em meio a crise do governo Bush, o Washington Post e New York Times, durante as prévias para escolher os candidatos a presidente, afirmaram que em suas opiniões os melhores candidatos do Partido Republicano e Democrata seriam, respectivamente John McCain e Hillary Clinton. O portal UOL publicou a notícia quase como se estivesse se referindo uma excentricidade. Posteriormente, com as prévias encerradas e os os candidatos dos dois partidos definidos, publicaram novos editoriais afirmando suas preferências para Obama sobre McCain. Tudo limpo, explícito, jogo aberto. Afinal, numa sociedade moderna e com uma economia cada vez mais complexa, os jornais e revistas são grupos empresariais. Faz parte do lobby legítimo que deve existir em uma sociedade assim. Que alguns imaginam que já somos e outros que podemos ainda vir a ser [modernos e ocidentais, rsrs]. Por fim, demonstrar simpatia não é sinônimo de manipular fotografias, distorcer informações, difundir o medo, fazer terrorismo. Em momento algum deixaram de tecer críticas a Obama por conta de suas escolhas ou manipularam informações contra McCain.

No Brasil, há muito tempo os grupos empresariais que editam jornais e revistas são essencialmente familiares. As famílias Frias (Folha de São Paulo), Mesquita (Estado de São Paulo), Marinho (O Globo), Civita (Grupo Abril) são os principais. Suas revistas e jornais há muito tempo manifestam suas preferências, entretanto, não o fazem explicitamente. Sob o manto da neutralidade, de resto impossível, apresentam-se como guardiães da democracia, da liberdade, etc. etc., mas não tem o mínimo respeito com o público leitor e terminam por fazer manipulações toscas, quase amadoras, que apostam, na verdade, na imbecilização e na ignorância desse mesmo leitor. Apostam, por exemplo, que ninguém encontrará a capa original que usaram para se "inspirar". Que todos continuarão acreditando que eles são mesmo geniais em ser tão originais. Mas diante das capas de Dilma e Serra, acima, isso é apenas o mínimo.

terça-feira, 20 de abril de 2010

VIII Encontro Estadual de História da ANPUH PE. O ofício do historiador e os novos territórios da história.


A Associação Nacional de História, através de sua Regional em Pernambuco, convida os estudantes, professores e pesquisadores vinculados à sua área de conhecimento a participarem do VIII Encontro Estadual de História- 20 Anos de ANPUH-PE, cuja temática será: O Ofício do Historiador e os Novos Territórios da História.
(...)
As atividades a serem desenvolvidas no evento ocorrerão na Universidade Federal Rural de Pernambuco, entre os dias 24 e 27 de Agosto de 2010, e serão estruturadas em conferências, mesas-redondas, grupos de trabalho, exposições de trabalhos e oficinas.
(...)
Inscrição de propostas para Grupos de Trabalho:
Trata-se do momento de apresentação e discussão de trabalhos agrupados por um eixo temático comum. Serão organizados grupos de trabalho – GT, entre proposições recebidas pela organização do evento até o dia 10 de Maio de 2010.
Os coordenadores de GT devem estar com seu cadastro de associado atualizado, quites com a anuidade do ano corrente, ter a titulação mínima de Mestre e serão responsáveis pelo andamento da discussão e, no final, entregarão um relatório das atividades à comissão organizadora do evento. Associado ao coordenador podem estar até dois outros pesquisadores, atendendo os mesmos critério já mencionados.

A apresentação de trabalhos em GT é facultada a:
- Profissionais sócios ou não da ANPUH;
- Participante que poderá inscrever um trabalho que deve ser resultado de pesquisa acadêmica em andamento ou concluída;
- Participante que verse sobre ensino de história, poderá discorrer sobre trabalhos de pesquisa, bem como, trabalhos referentes a experiências e outras atividades específicas da atuação no magistério.



Formas de pagamento:Depósito bancário, Banco do Brasil, Agência 2802-9, Conta Poupança 30847-1, Variação: 01 (Em nome de Humberto da Silva Miranda). Envio de ficha de inscrição e comprovante de depósito por e-mail ou correio.

Acesse o sítio da ANPUH/PE AQUI.

Concurso público para a Prefeitura de Goiana. Vagas para professor e outras áreas.


A prefeitura de Goiana lançou para edital para a realização de um concurso público para preencher vagas em diversos setores, incluindo saúde e educação. Há vagas para professor de história (02), geografia (02), artes(02), ciências (02), matemática (02), português (08), inglês (08), educação física (08), pedagogo (03), educação infantil (79). Há vagas ainda para diversos cargos técnicos e outros superiores.

O IPAD é a empresa organizadora do concurso e o prazo de inscrições começou no dia 16/04 e segue até o dia 16 de maio. As provas serão realizadas no dia 13 de junho.

Você pode conferir o edital completo AQUIe o sítio da prefeitura de Goiana AQUI.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

50 anos de Brasília Teimosa. Em área nobre, uma comunidade que nasceu na luta pela terra


Do Diário de Pernambuco, 18 de abril.. Brasília, a capital federal, celebrou antecipadamente neste sábado seus 50 anos com show de Moby, cantor pop novaiorquino. Distante 1,6 mil quilômetros do Planalto Central, uma outra Brasília, construída à beira mar, no início da Zona Sul do Recife, não fará festa. Não pela falta de motivos. Mas porque não existe uma data que simbolize o seu nascimento. Brasília Teimosa, na realidade, começou a ser formada bem antes de 22 de abril 1960, dia da inauguração da prima famosa. Justamente quando a capital idealizada pelo então presidente Juscelino Kubsticheck começava a ser erguida, os primeiros ocupantes da localidade travaram uma luta política das mais simbólicas por terra, por moradia, por direitos, por cidadania, enfim.

Inspirados no nome que seria dado à nova capital, pescadores, lavadeiras, biscateiros, brasileiros sem chão, levantavam seus barracos à noite e via a polícia derrubá-los ao amanhecer. Resistentes, juntavam os destroços e recomeçavam. Valentes, não seintimidavam com truculência patrocinada pelo poder público. Teimosos, conquistaram uma área cobiçada e criaram uma comunidade cuja história é marcada por vitórias resultantes da mobilização popular.
Hoje, 50 anos depois, a luta pela terra permanece. A especulação imobiliária avançou sobre o vizinho bairro do Pina e tem Brasília Teimosa como o novo alvo. O Conselho de Moradores, um dos quartéis da resistência desde 1966, vê com preocupação o fenômeno que define como 'expulsão branca'. "Procuramos alertar os moradores para a importância de não vender as casas. Mas sabemos que gente interessada em construir aqui chega e oferece valores tão altos que os moradores não resistem", observou o presidente da entidade, Wilson Lapa.

"Quem tem dinheiro chega e compra uma, duas, três casas. Se o morador quiser vender, não tem como proibir. A Justiça é que deve agir para coibir isso. Nós da comunidade devemos conscientizar os donos a não vender seus imóveis. Por que depois, para onde eles vão? Sem o apoio do poder públicofica mais difícil ainda", queixa-se Lapa, atestando que a posse da terra ainda hoje é uma prioridade. Segundo ele, até apenas cerca de 2,5 mil títulos foram entregues.

O tema, aliás, está entre os mais debatidos nessa fase de campanha para renovação do Conselho, cuja eleição ocorre no próximo domingo. Antônio Rodrigues, ex-presidente e candidato a novo mandato, concorrendo com Lapa, alerta para o fato de os prédios da 'invasão branca' estarem sufocando o bairro. "A gente lutou, invadiu, e está lutando até hoje pela posse. Só apareceu mentira até agora".

A situação do bairro, uma área de praia, entre o centro da cidade e o hoje saturado bairro de Boa Viagem - o mais caro do Recife - explica o fato de Brasília ser objeto de desejo. O ex-prefeito Gustavo Krause, gestor que entre 1979 e 1982 executou projeto de estruturação urbana da área, destaca que Brasília vive sob ameaça constante desde a invasão inicial. Ele lembra que naquela época agiu sem sofrer pressões de empreendedores mas avalia que, mesmo que não existisse uma demanda concreta, havia um risco permanente de expulsão. "Por toda a luta pela sobrevivência Brasília Teimosa tornou-se talvez o mais politizado dos bairros periféricos", diz.

Essa politização surgiu a partir da Igreja. Presidente do Conselho de Moradores na época da administraçã de Krause, Moacir Gomes diz que ele e outras lideranças foram formados por religiosos oblatos do grupo Voluntários do Papa. Foram eles, que liderados pelo padre americado Jaime Kohmichen, fundaram a capela do Imaculado Coração de Maria e capacitaram os jovens para lutar por direitos e deveres.

"Essas pessoas nos estimularam a ver o mundo de modo diferente. De um lugar que era só barba de bode (capim) e bicho de pé, construímos um bairro com infraestrutura. Com ajuda de profissionais de diversas áreas montamos um projeto (chamado de Teimosinho) pensado para as nossas necessidades e não abrimos mão de nada", salienta. O projeto chamou tanto a atenção que trouxe à comunidade na época o então presidente do Banco Mundial, Roberto McNamara, e o arquiteto Oscar Niemeyer. O mesmo que projetou a outra Brasília.

Leia a matéria no Diário de Pernambuco, 18/04, AQUI.

domingo, 18 de abril de 2010

Manchetes do domingo e da semana

- Globo: PF já rastreia dinheiro sujo para caixa 2 nas eleições

- Folha de São Paulo: Renda no Brasil volta a subir no ritmo pré-crise

- Estadão: Consumo cresce em ritmo chinês e pressiona juros

- Jornal do Brasil: País pronto para se ver em 3D

- Correio Brasiliense: Como Rosso virou governador do DF

- Veja: Serra e o Brasil pós-Lula

- Época: Brasília 50 anos

- IstoÉ: Eleição

- IstoÉ Dinheiro: Os donos do emprego

- CartaCapital: Começou! [a eleição]

- Exame: Infraestrutura

Leia AQUI os destaques de capa de alguns dos princiais jornais e revistas do país.

sábado, 17 de abril de 2010

Vulcão na Islândia lança nuvem de cinzas sobre a Europa


Uma gigantesca nuvem de cinzas emitida pelo vulcão Eyjafjallajokull [rsrs, um doce para quem pronunciar rápido, ou mesmo para quem pronunciar] espalha-se pelos céus europeus, principalmente a Inglaterra, suspendendo vôos, fechando aeroportos. As imagens são belas e assustadoras. Acompanhem e vejam fotos e animações nos links abaixo.

No The Guardian [Inglaterra], AQUI. [Cinzas vulcânicas espalham-se pela Europa]

No Le Monde [França], AQUI. [Um caos sem precedentes no céu europeu]

No El Pais [Espanha], AQUI. Neste, você encontra animações da Agência Espacial Européia [O caos aéreo volta a instalar-se pelo terceiro dia consecutivo]

O Brasil e a questão nuclear


Do site da revista Carta Capital
(...)
A tese iraniana de “energia nuclear para todos, armas nucleares para ninguém”, é defensável. Em troca de promessas que podem ser abandonadas em horas, espera-se que outros países joguem fora muitos anos de pesquisa e investimento necessários para se desenvolver a capacidade de produzir combustível nuclear por conta própria – a única violação de que o Irã pôde, até agora, ser acusado com provas. E que acatem as decisões de uma cúpula da qual a sexta potência nuclear do mundo, Israel, recusa-se a participar por temor de que países como Turquia e Egito cobrem sua adesão ao Tratado de Não Proliferação (ao qual o Irã aderiu), rompendo o pacto de silêncio pelo qual seu arsenal atômico é deixado de lado pela mídia e pela ONU, como se fosse parte da ordem natural das coisas: “A política de ambiguidade (nuclear) é o fundamento de toda a segurança de Israel, sempre o foi e continuará a ser. Obama não exigiu que ela fosse alterada”, disse o vice-chanceler israelense Danny Ayalon em entrevista à emissora de rádio do seu Exército.

De resto, o mundo ideal de Obama talvez fosse “livre de armas nucleares”, segundo as declarações que lhe renderam o Nobel da Paz de 2009, livre e até de caças que contribuam para o efeito estufa, a julgar pela apresentação recente de um F-18 parcialmente movido a biocombustível, o “Green- Hornet”. Mas de nenhuma forma um mundo livre de golpes militares devastadores. O programa de Ataque Global Imediato Convencional (Conventional Prompt Global Strike – CPGS), citado pelo Departamento de Estado em 9 de abril, pretende contornar as limitações ao arsenal nuclear. Desenvolveria armas convencionais avançadas e de longo alcance que Moscou não seria capaz de emular, tais como armas hipersônicas que proporcionariam a velocidade e alcance de um míssil balístico internacional a uma ogiva convencional.
(...)
Dito isso, a cúpula que reuniu 47 nações não deixa de ser um fato geopolítico a se levar em conta, sejam ou não verdadeiros os discursos com os quais se apresenta. Ao contrário de seu predecessor, Obama parece levar a sério o multilateralismo das grandes potências – mas só destas –, a ponto de oferecer concessões palpáveis. Para melhorar as relações com a Rússia, desistiu dos antimísseis na Polônia e parece ter admitido implicitamente uma esfera de influência russa, ao aceitar a vitória do candidato pró-russo na Ucrânia e reconhecer rapidamente o (popular) golpe de mesma orientação no Quirguistão. Até que ponto outros poderes têm interesse em colaborar?
(...)
Ao Brasil, mesmo sem vínculos tão imediatos quanto o Irã, não convém abrir precedentes para sanções das potências nucleares contra países com desenvolvimento autônomo de energia nuclear para fins pacíficos, que é também o seu caso. Já em 2004, o Brasil, para proteger de espionagem industrial sua tecnologia, vetou a inspeção das centrifugadoras de urânio em Resende (RJ), e permitiu à AIEA apenas monitorar válvulas e tubos para medir a produção, o que foi aceito. E em março deste ano, tanto o governo quanto os militares rejeitaram como “invasivo” o adendo promovido pelos Estados Unidos ao TNP, que a AIEA apresentou em março e pretende impor a todos os signatários, pelo qual teriam de se submeter a frequentes e detalhadas inspeções de surpresa para ter o “direito” de exportar urânio.
(...)
Leia o texto completo AQUI, no site da REVISTA CARTA CAPITAL desta semana.

Leia AQUI as críticas feitas pelo jornal O Globo contra as posições do governo.

Leia a nota dos Ministério das Relações Exteriores AQUI, onde se explicita a posição brasileira sobre a questão nuclear e elenca os acordos e tratados que o país integra.

UFPE cria curso de Engenharia Naval e aprova uso do ENEM na primeira fase


Engenharia naval será o mais novo curso ofertado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A graduação, que só existe nos estados do Pará, Rio de Janeiro e São Paulo, foi escolhida para atender a demanda do Complexo Industrial de Suape. Devem ser oferecidas cerca de 30 vagas para o próximo ano, no campus Recife. A decisão foi tomada ontem, durante a reunião do conselho universitário, realizada no auditório do Centro de Tecnologia e Geociências da UFPE (CTG). No encontro, também foi aprovada a manutenção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como substituto da 1ª fase do vestibular. A decisão, antecipada ontem pelo Diario, foi acatada por 32 dos 41 conselheiros. A exceção fica por conta do curso de oceanografia, que terá o Enem como forma única de ingresso. Isso significa que esses feras não precisarão fazer a 2ª fase e que as 25 vagas disponíveis para 2011 serão preenchidas através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Você pode ler a matéria completa AQUI.

Quando tratamos da na semana passada do crescimento econômico do estado e seus desafios, ressaltamos a importância do pólo universitário/científico da região. A criação do curso segue a esteira da recuperação da indústria naval brasileira, que foi destruída no governo Fernando Henrique. A recuperação do setor nos últimos anos veio acompanhada de uma política de desconcentração industrial, com a construção do Estaleiro Atlântico Sul no Complexo Industrial de Suape.

Por sua vez, a adoção do ENEM na primeira fase também vai marcando a consolidação do Exame como critério de acesso às universidades. Apenas acredito que a mobilidade deveria ser discutida melhor. As Federais possuem um papel claro na política de desenvolvimento regional e não há muito sentido em 30% das vagas estarem ocupadas por alunos de outras regiões.

Leia matéria sobre assunto AQUI, e AQUI [esta última, publicada no Jornal do Commercio e com uma manchete extremamente deselegante, para dizer o mínimo: "Enem aprovou 38% de forasteiros no estado"].
O link para o site do Estaleiro Atlântico Sul é AQUI.

Até 1993 a UFPE permitia que o aluno optasse por cursos diferentes na inscrição do vestibular. Resultado: dezenas de "advogados frustrados" dentro do curso de história, que aparecia como segunda opção para quem queria direito, na ilusão de uma remota transferência durante o curso. Quando a transferência não vinha, o aluno abandonava. A partir de 1994 só se pode optar por um curso, o que reduziu a evasão e melhorou o nível dos alunos de história.

O MEC não precisaria criar cotas regionais. Bastaria, apenas, reduzir as possibilidades de ficar trocando de curso e escolhendo a universidade entre uma etapa e outra da seleção no SISU [sistema de seleção unificado].

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Casa grande anunciada como histórica no Diário de Pernambuco no domingo foi destruída pelo dono na segunda-feira



O título deste post poderia também ser "história, memória e patrimônio", mas optei pelo estilo "jornalístico" para depois tecer alguns comentários. No último domingo, em reportagem que você pode ler AQUI, o Diário de Pernambuco tratou da existência de uma casa grande de engenho na região metropolitana do Recife (no município de Jaboatão) que dataria do século XVII, estava um pouco deteriorada, as pessoas ignoravam sua importância arquitetônica, histórica e que a prefeitura estava avaliando o tombamento do imóvel.

Na segunda-feira, o dono colocou o prédio abaixo. [Como diria o José Simão, esse parece mesmo o país da piada pronta!]. Você pode ler a matéria AQUI.

O tombamento de um bem pelo Estado pode incidir sobre algo que tenha "valor histórico, cultural, arquitetônico ou ambiental", e objetiva impedir a sua destruição ou descaracterização. O ato é registrado em um livro específico do órgão de patrimônio responsável e não é uma desapropriação. Nesta, o proprietário teria a propriedade destituída e receberia a devida indenização do Estado e o bem passa a integrar o patrimônio de quem o "comprou". Naquela, o proprietário fica impedido como dito acima de destruir ou descaracterizar o imóvel, mas permanece integralmente com os seus direitos de domínio e posse, podendo utilizar o objeto, alugar, vender, enfim. A responsabilidade pelas obras de conservação da estrutura tal qual estava no momento do tombamento é responsabilidade do proprietário porque este de fato é o dono, pode e de fato utiliza o objeto integralmente na satisfação de seus interesses. Portanto, não há que se discutir que de fato a primeira responsabilidade dos custos da manutenção é do proprietário. A lei, entretanto, prevê que se este não possui os recursos necessários para as obras deve comunicar previamente o órgão responsável [municipal, estadual ou federal] que então poderia por obrigação legal realizar o serviço. Você pode consultar a legislação e os comentários da Fundarpe AQUI.

Claro que entram aqui questões seríssimas, práticas e filosóficas [rsrs]. A preservação da memória coletiva de uma dada sociedade é importante, é vital para a construção das identidades pessoais e coletivas. Um povo que desconhece, que não cria instrumentos para ter acesso a seu passado, que não tem relação orgânica com ele pode perfeitamente ser comparado a um indivíduo que, por algum motivo que seja, desmemoriado, vive um eterno presente. Literalmente, porque se não possui um passado, não pode compreender quem é nem pode ter perspectiva de futuro. Óbvio que os mais extremistas dirão que a sociedade tem todo direito a um passado, mas... sem mexer na propriedade privada de ninguém. [rsrs]. Esse é o ponto filosófico, de princípios [o outro também é, mas este é, digamos, mais tangível]. Se a propriedade privada é ou não absoluta. Apesar da ferocidade daqueles que se dizem 'liberais', há muito tempo a sociedade ocidental deixou de considerar esse caráter 'absoluto'.

O historiador inglês Eric Hobsbawn escreveu na introdução de um de seus livros [A Era dos Extremos, o breve século XX] que “quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milênio. Por esse mesmo motivo, porém, eles têm de ser mais que simples cronistas, memorialistas e compiladores”.

domingo, 11 de abril de 2010

Pernambuco é a nova locomotiva do Brasil?


Paulo Henrique Amorim já havia anunciado que Pernambuco é a nova locomotiva do Brasil, conforme você pode conferir AQUI.

O Diário de Pernambuco publicou hoje uma matéria sobre os impactos das duas maiores obras federais no Nordeste para a economia sertaneja. Você pode conferir a matéria completa AQUI

A metáfora de São Paulo como uma locomotiva vem da Primeira República e foi consagrada na academia com a publicação de uma série de estudos coordenados por três brasilianistas no final da década de 1970. Joseph Love, Robert Levine e John Wirth publicaram pesquisas, respectivamente, sobre o papel de São Paulo, Pernambuco e Minas Gerais na federação brasileira no período entre a proclamação da república (1889) e o início do Estado Novo (1937). O título do livro de Love foi "São Paulo na federação - A locomotiva". Tornaram-se estudos clássicos sobre as relações econômicas e políticas estabelecidas entre os estados na formação da república brasileira.

A reportagem do Diário de Pernambuco mostra os números impressionantes que as obras da Transnordestina e da 'transposição' do São Francisco. Os números que envolvem o complexo de Suape são todos igualmente grandiosos. Todos apontam para perspectivas importantes de crescimento da riqueza e criação de uma infraestrutura capaz de alavancar outros investimentos. Pernambuco já é hoje também uma referência em universidades, ciência e tecnologia. Entretanto, se possui o maior mercado privado de educação e a maior rede de universidades federais, a rede pública estadual vai de mal a pior, com remendos e paliativos. [Talvez o senador Cristóvão Buarque tenha razão e a educação pública só melhore efetivamente quando os políticos forem obrigados a matricular seus pimpolhos na rede pública].

O grande desafio do estado é congregar este crescimento com o desenvolvimento social. Educação, saúde, segurança, habitação, transportes. A região de Ipojuca receberá nos próximos meses e terá em 2011 um número de operários trabalhando na construção da Refinaria Abreu e Lima estimado em um terço da população que o município já tem hoje, conforme matéria do Jornal do Commercio, que você pode ler AQUI.

O crescimento do estado e da região vem apresentando bons números nos últimos anos, mas é interessante também observar que apesar deles, a participação do Nordeste na produção nacional manteve-se relativamente estável nos últimos vinte anos, pelo menos com números que vão até 2005. Não há possibilidade de equilíbrio federativo com números tão dissonantes. Os investimentos industriais e em infraestrutura de que tratamos aqui, entretanto, podem apontar para uma descentralização mais efetiva da atividade industrial no Brasil.

Manchetes do domingo e da semana

- Globo: Rio tem 18 favelas que cresceram sobre lixões

- Folha de São Paulo: Serra critica PT por dividir o país e defende diálogo

- Estadão: Serra defende união e diz que Brasil não tem dono

- Jornal do Brasil: Leis antifumo na mira do STF

- Correio Brasiliense: Serra ataca governo dos petistas

- Veja: Culpar as chuvas é demagogia

- Época: Rio de Janeiro, abril de 2010

- IstoÉ: Como salvá-los

- IstoÉ Dinheiro: A Ford faz diferente. E revoluciona

- CartaCapital: Não culpem os céus

Leia AQUI os destaques de capa de alguns dos principais jornais e revistas do país.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Vídeo da expedição Roosevelt - Rondon (2)

Vídeo da expedição Roosevelt - Rondon (1)



Esta é a primeira parte do filme feito por Theodore Roosevelt em sua expedição pela Amazônia no início da década de 1910. Guiado por Cândido Rondon, exploraram o Rio da Dúvida, depois renomeado Rio Roosevelt.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Está provado: Obama é de esquerda e Medvedev de direita



Durante a assinatura do maior tratado de redução de armas nucleares entre EUA e Rússia em vinte anos, os presidentes Obama e Medvedev proporcionaram ao mundo um ótimo momento da diplomacia entre as duas potências e uma foto impagável. Como podemos perceber claramente, está provado que Obama é de esquerda e Medvedev de direita. rsrsrs.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Woodrow Wilson e o fim do isolacionismo dos EUA


Woodrow Wilson, presidente entre 1912 e 1920

Se tivermos de procurar o momento em que os Estados Unidos decidiram adotar uma política externa efetivamente 'externa', encontraremos as duas primeiras décadas do século XX. Por todo o século XIX os seus objetivos foram: (a) a expansão interna; (b) o desenvolvimento industrial; (c) a resolução da questão da secessão entre 1860/1865; (d) contrapor-se à influência inglesa.

Esse programa foi claramente indicado pela doutrina Monroe (1823), que anunciava a célebre "América para os americanos". Ela buscava ser um alerta para que os ingleses não interferissem no processo de independências da América Latina, algo sem muitos efeitos práticos, já que a Inglaterra efetivamente tornou-se a principal parceira comercial do Brasil e Argentina ao longo do século XIX. A declaração serviu para afirmar o propósito de não interferir nos conflitos europeus e avisar que, igualmente, não aceitaria ingerências sobre as questões americanas. Tal política externa foi denominada de "isolacionismo" e orientou os governos até a virada do século. Assim, toda a turbulência política que os europeus viveram no XIX, viveram sós. Os americanos recusaram-se a intrometer-se de qualquer forma nos "negócios europeus", poderíamos dizer, "confusões européias". Voltaram-se para si, afirmaram sua indústria, expandiram seu território [com a mácula de terem-no feito sobre o extermínio das populações indígenas] e identificaram na América Central uma 'extensão' de seu território, o seu 'quintal'.

O isolacionismo foi abandonado ao longo de duas gerações de políticos, entre 1900 e 1930. Foram fundamentais os presidentes Theodore Roosevelt (1901/1909, tio do outro presidente, Franklin Roosevelt, 1932/1945) e Woodrow Wilson (1912/1920).



O primeiro iniciou uma aproximação com a América do Sul, principalmente o Brasil [até então com estreitas relações econômicas com a Inglaterra] e participou da guerra contra a Espanha quando esta tentou impedir a independência cubana em 1898 [era o vice-presidente de Mckinley, que declarou a guerra e lutou na mesma como voluntário]. Também era historiador e naturalista, veio ao Brasil e participou de uma expedição pela Amazônia guiado pelo próprio Cândido Rondon. À época, a expedição virou um filme [hoje chamaríamos de documentário] e é importante lembrar que o interesse do presidente americano para além do naturalismo, explica-se também pela posição estratégica da região amazônica como produtora de látex, matéria prima para a fabricação dos pneus dos automóveis. A guerra hispano-americana afirmou o poder militar americano e sua hegemonia sobre o Caribe e expansão sobre a bacia do Pacífico, pois com o Tratado de Paris, ao final da guerra, os EUA conquistaram várias possessões espanholas, inclusive as ilhas Filipinas. Lembremos que são estas posições dos EUA no Pacífico que colocarão o país em rota de colisão com a expansão japonesa na mesma região.


(Da esquerda para a direita, Rondon é o segundo, Roosevelt é o penúltimo, ambos sentados em cadeiras)

Woodrow Wilson era do Partido Democrata, foi eleito em 1912 e rompeu com dezesseis anos de governos republicanos. Era presbiteriano e teve sólida formação religiosa com o pai, que era pastor da mesma igreja. Disléxico, formou-se em direito, depois foi doutor em ciência política e eleito reitor da Universidade de Princeton, governador de Nova Jersey e presidente em 1912. Wilson representou uma nova geração de políticos que procurava afirmar o poderio externo dos EUA. Consolidou o controle sobre a América Central [foi ele que inaugurou o canal do Panamá, interveio no México, na República Dominicana e no Haiti diante de conflitos locais que ameaçavam interesses americanos], integrou os judeus na política interna, reconheceu alguns direitos trabalhistas para os americanos, confirmou a responsabilidade dos estados em tratar da questão eleitoral [o que reforçou a segregação racial e a exclusão dos negros das eleições) e, finalmente, levou os EUA [depois de muita resistência do congresso, dominado pelos republicanos] a intervir na Grande Guerra européia em 1917. Ao final do conflito apresentou um conjunto de propostas que apontariam para uma nova ordem mundial mais equilibrada (os 14 pontos de Wilson), mas que foram rejeitadas pelos ingleses e franceses.



A entrada dos EUA na I Guerra e as propostas de Wilson para os acordos de paz [principalmente a criação da Liga das Nações} rompiam efetivamente com a doutrina Monroe e indicavam uma América disposta a exercer um papel de protagonista nas relações internacionais, contrabalançando o poder da França e Inglaterra. Entretanto, podemos pensar que os políticos ainda viviam uma certa "crise de adolescência" [aquela em ainda não se sabe bem ao certo o que se quer da vida, rsrsr]. Em meio a estas indefinições, o congresso controlado pelos republicanos recusou-se a permitir o ingresso do país na recém criada Liga das Nações. A principal iniciativa de Wilson na política externa foi nati-morta. A Rússia não ingressou por veto dos países europeus em represália a sua revolução socialista e os EUA pela rejeição dos republicanos.

Entre os 14 pontos também estavam a proposta da abolição da "diplomacia secreta" e a não responsabilização exclusiva da Alemanha pela guerra. Como sabemos Ambas também foram rejeitadas pelos ingleses e franceses. Como sabemos, essa foi uma combinação trágica. Criada sem a participação das duas nascentes potências políticas [EUA e URSS], a palavra que traduzia a Liga era "fraqueza". Eric Hobsbawn, historiador inglês, afirma que sua principal contribuição à política internacional foi 'a elaboração de estatísticas sobre os seus membros' [srsrs]. Aliado a isso, o Tratado de Versalhes impôs responsabilidades de indenizações bilionárias e exclusivas contra os alemães. Foram os dois elementos que contribuíram decisivamente para o revanchismo e a expansão do discurso extremista do partido nazista na década seguinte.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Gordon Brown convoca para 6 de maio as eleições mais disputadas no Reino Unido desde 1992 (El Pais)


Na foto, Gordon Brown, primeiro-ministro e líder dos trabalhistas e David Cameron, líder dos conservadores.

El primer ministro británico, el laborista Gordon Brown, ha pedido esta mañana permiso a la reina Isabel II para disolver el parlamento y convocar elecciones legislativas para el 6 de mayo, día en el que se celebrarán también elecciones locales. Se trata de los comicios más apretados desde que en 1992 John Major renovó contra pronóstico la mayoría que los conservadores ostentaban desde que Margaret Thatcher llegara al poder en 1979.

O primeiro ministro britânico, o trabalhista Gordon Brown, pediu nesta manhã permissão a rainha Isabel II (ou Elisabete II) para dissolver o parlamento e convocar eleições legislativas para o dia 6 de maio, em que se celebrarão também as eleições locais. Trata-se da campanha mais disputada desde que em 1992 John Major renovou - contra os prognósticos - a maioria que os conservadores ostentavam desde que Margaret Thatcher chegou ao poder em 1979.

Leia AQUI a matéria completa no El Pais, também com a descrição do ritual legislativo que orienta a dissolução do parlamento, a convocação das eleições e a posse do novo gabinete.

domingo, 4 de abril de 2010

Manchetes do domingo e da semana

- Globo: Teste mostra falta de eficiência dos Correios

- Folha de São Paulo: Em ano de crise, alta do real garante lucro de empresas

- Estadão: Receita fecha cerco a manobras fiscais

- Jornal do Brasil: "Acabou a impunidade"

- Correio Brasiliense: Minha casa, Minha vida eleva preço de imóveis

- Veja: O insuportável peso de voar

- Época: Gordura vicia?

- IstoÉ: O custo de viver

- IstoÉ Dinheiro: O mineiro que cresce quieto

- Carta Capital: Transição demográfica: Velhos e pobres?

- Exame: Em busca da liderança perdida

Leia AQUI os destaques de capa de alguns dos principais jornais e revistas do país.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Eduardo Campos paga o pior salário a professores no Brasil. Epitáfio de sua política educacional: "Professor não come laptop".



Enquanto o governador Eduardo Campos aumenta o próprio salário de 18 para R$ 22.000,00 para possibilitar o igual aumento da cúpula da secretaria da fazenda estadual, aprovou reajustes de R$ 30,00 a R$ 40,00 para os professores. Algo ainda mais vergonhoso quando lembramos que este setor está há dois anos sem aumento! Absoluta e completa vergonha, o governo de Pernambuco paga há muito tempo, desde o governo Jarbas, o pior salário do Brasil a um professor! O estado vive um ciclo de crescimento muito importante [alavancado principalmente pelos investimentos federais e privados em Suape], mas os governantes não fazem disso um impulso para a educação, para as questões sociais. É muito difícil imaginar o ânimo com que um professor da rede estadual foi ao trabalho na semana passada depois da aprovação do aumento?

Você pode ler AQUI toda a tabela salarial que foi aprovada pelos deputados acima.

O salário para alguém em início de carreira, graduado, com jornada de 30 horas semanais, é de R$ 791,00!!! Se possuir doutorado, no fim da carreira, com 30 anos de trabalho, R$ 1.978,00. Os salários para a jornada de 40 horas semanais são de R$ 1.055,00 e no final da carreira, com doutorado, R$ 2.638,00!!! Este valor, entretanto, existe por uma previsão legal, porque não acredito que haja muitos doutores dispostos a submeter-se a um tratamento degradante desse. Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos igualam-se perfeita e completamente no trato com a educação pública.

Um dos melhores momentos da secretaria estadual de educação foi quando criou um programa para entregar laptops a todos os professores da rede no início do ano passado. Sem dúvida, excelente e pioneira iniciativa, embora ache que deva ter entrado na conta do FUNDEB. Entretanto, poucos meses depois, começava a campanha salarial [em abril de 2009] e o governador Eduardo Campos deu 0% de aumento e começou a alardear o programa de distribuição de laptops como prova de seu interesse com o setor. Uma professora na assembléia então desabafou com uma afirmação lapidar: "professor não come laptop!".

O governo estadual desenvolve um programa francamente contraditório no campo da educação. De fato, os investimentos em estrutura física aumentaram. Estão em construção sete escolas técnicas estaduais, ampliou-se o número de escolas em tempo integral e a secretaria comprou uma sede própria. Qual será, entretanto, o alcance destas medidas, à medida que elas dependem todas do trabalho do professor, cuja carreira [salários e perspectivas profissionais] são da natureza exposta aqui? Aliás, falando nisso, expandiu-se em toda a rede os programas de "avanço escolar" baseados em aulas gravadas em dvd onde um único professor coordena ações de todas as disciplinas (de história a física!!!). Sempre em convênios com as fundações Roberto Marinho e Airton Senna da vida.

E assim, a rede pública estadual de educação em Pernambuco chega ao final do governo Eduardo Campos na mesma situação que ao final do governo Jarbas Vasconcelos, pagando ao professor o pior salário do país.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Uma escrava que comprou sua própria liberdade. Uma outra que vendeu a si própria.


O avanço e consolidação dos programas de pós-graduação em história nas última décadas promoveu uma renovação na perspectiva com que se analisa os diversos aspectos da sociedade, da economia e da política de nosso passado. Histórias absolutamente improváveis ganham corpo a partir da pesquisa documental e da exploração de arquivos desprezados por muito tempo. Também influiu nesse processo a queda do muro de Berlim, o fim da URSS, à medida que as análises unicamente econômicas cederam espaço para outras 'escolas' historiográficas.

No caso da história da escravidão, tem se desvelado um painel muito mais complexo acerca da sociedade escravista a partir da análise de arquivos judiciais e outras fontes desprezadas em um passado até muito recente. Levantamentos de inventários, análises de "ações de liberdade" [onde o objeto da ação jurídica era a liberdade do escravo], anúncios de fugas e buscas de escravos publicados em jornal, são alguns instrumentos que puseram por terra a velha concepção que reduzia o escravo a um mero objeto, desprovido de vontade, incapaz de reagir de qualquer forma que fosse diante das "estruturas" da economia escravista.

O título da postagem remete a algumas dessas histórias, que você pode ler AQUI, na Revista de História da Biblioteca Nacional, excelente publicação.