sexta-feira, 2 de abril de 2010

Eduardo Campos paga o pior salário a professores no Brasil. Epitáfio de sua política educacional: "Professor não come laptop".



Enquanto o governador Eduardo Campos aumenta o próprio salário de 18 para R$ 22.000,00 para possibilitar o igual aumento da cúpula da secretaria da fazenda estadual, aprovou reajustes de R$ 30,00 a R$ 40,00 para os professores. Algo ainda mais vergonhoso quando lembramos que este setor está há dois anos sem aumento! Absoluta e completa vergonha, o governo de Pernambuco paga há muito tempo, desde o governo Jarbas, o pior salário do Brasil a um professor! O estado vive um ciclo de crescimento muito importante [alavancado principalmente pelos investimentos federais e privados em Suape], mas os governantes não fazem disso um impulso para a educação, para as questões sociais. É muito difícil imaginar o ânimo com que um professor da rede estadual foi ao trabalho na semana passada depois da aprovação do aumento?

Você pode ler AQUI toda a tabela salarial que foi aprovada pelos deputados acima.

O salário para alguém em início de carreira, graduado, com jornada de 30 horas semanais, é de R$ 791,00!!! Se possuir doutorado, no fim da carreira, com 30 anos de trabalho, R$ 1.978,00. Os salários para a jornada de 40 horas semanais são de R$ 1.055,00 e no final da carreira, com doutorado, R$ 2.638,00!!! Este valor, entretanto, existe por uma previsão legal, porque não acredito que haja muitos doutores dispostos a submeter-se a um tratamento degradante desse. Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos igualam-se perfeita e completamente no trato com a educação pública.

Um dos melhores momentos da secretaria estadual de educação foi quando criou um programa para entregar laptops a todos os professores da rede no início do ano passado. Sem dúvida, excelente e pioneira iniciativa, embora ache que deva ter entrado na conta do FUNDEB. Entretanto, poucos meses depois, começava a campanha salarial [em abril de 2009] e o governador Eduardo Campos deu 0% de aumento e começou a alardear o programa de distribuição de laptops como prova de seu interesse com o setor. Uma professora na assembléia então desabafou com uma afirmação lapidar: "professor não come laptop!".

O governo estadual desenvolve um programa francamente contraditório no campo da educação. De fato, os investimentos em estrutura física aumentaram. Estão em construção sete escolas técnicas estaduais, ampliou-se o número de escolas em tempo integral e a secretaria comprou uma sede própria. Qual será, entretanto, o alcance destas medidas, à medida que elas dependem todas do trabalho do professor, cuja carreira [salários e perspectivas profissionais] são da natureza exposta aqui? Aliás, falando nisso, expandiu-se em toda a rede os programas de "avanço escolar" baseados em aulas gravadas em dvd onde um único professor coordena ações de todas as disciplinas (de história a física!!!). Sempre em convênios com as fundações Roberto Marinho e Airton Senna da vida.

E assim, a rede pública estadual de educação em Pernambuco chega ao final do governo Eduardo Campos na mesma situação que ao final do governo Jarbas Vasconcelos, pagando ao professor o pior salário do país.

5 comentários:

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  4. As várias frentes do descaso:

    Quando resolvi analisar parte dos problemas sócio-políticos envolvendo escravose roceiros nos conflitos agrários ao final do século XIX em Pernambuco, nunca imaginava o quanto é difícil a narrativa em História. O grande desafio do historiador relaciona-se a produção de deter-minada síntese das várias frentes do exercí-
    cio da política encabeçada por homens e mulheres na sociedade. As frentes da ação política per-passam inúmeras redes de disputa de poder que se desdobram em outras,labirintos que insistem em angustiar o historiador e provocar certo descon-forto ao leitor do seu texto, indagando-o por "algo mais objetivo".

    O professor de história na sala de aula enfrenta diariamente dificuldades de romper com a visão cartesiana de interpretar as decisões do campo da política;como a votação do piso salarial dos professores,entre outras mazelas da educação pública e privada no país,à medida que o ensino de história, a fim facilitar a compreensão de da-
    da síntese histórica, equivocadamente, vem formando os alunos numa falsa identificação da política com quem é da situação ou da oposição; direita versus esquerda;Por isso na aula os alunos nos indagam: "professsor, quem é o bom e o mal político nesse história"? Vamos mudar essa página - "Todos nós disputamos o poder, a disputa faz parte da cidadania"

    Daqui a 10 ou vinte anos, a deputada Tereza Leitão do PT e ligada a categoria dos profes-sores, quando analisada pelos historiadores, dificilmente não será isenta da atuação ambigua no Parlamento. Sem contar com os deputados do DEM e PSDB de ocasião.O Sintepe, enquanto instituição de defesa dos professores, segue hoje divido, será que mapearemos os aliados do governador e a contrapartida desse apoio? Quem melhor para ajudar os professores a melhorar a educação do que os estudantes. Então, qual foi o papel da UNE e seu diretório estadual, e sobretudo da UEP,no processo democrático feito na Assembléia Legislativa que aprovou uma lei contra estudantes, pais de estudantes e profes-sores.Não podemos esquecer de uma palavra
    importante na política- a cooptação.
    Não será novidade dos historiadores explicarem
    que o movimento estudantil estadual foi tão pelego e oportunista quanto onacional. No entanto, o estudo da frente política realizada pela UEP precisará ser esmiúcada, relacionada com a eleição e atuação de certos deputados e desdobrada ao finaciamento público.

    Quando a opinião pública volta-se aos políticos, imprimem sua lista com nomes e fotos, obviamente é um primeiro passo. Afinal, o lugar do poder é facilmente indentificado pela população- a Assembélia Legislativa;no entanto a política não é nem aparece na Opinião Pública,de maneira tão objetiva.
    Não tenho dúvida que teremos muitas fontes documentais sobre o assunto, o difícil será costurar os fios, identificar os labirintos e desdobrar as redes. São várias as frentes do descaso de outros representantes da sociedade.

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  5. Sobre "essa temática" acho interessante ver um texto do professor Montenegro que postei no meu blog, bem como outros assuntos relacionados. http://historiaedebate.blogspot.com/search/label/Politica%20Brasileira
    Significante e "inquietador" o comentário feito por Emanuel, ou seja, algo que requer de fato uma reflexão.

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