domingo, 28 de fevereiro de 2010

Luto na cultura: Morreu José Midlin, 95. Empresário, mecenas, bibliófilo.

Morreu aos 95 anos o sr. José Midlin, empresário, fundador da Metal Leve (gigante no setor automotivo), extraordinário mecenas, dono de uma gigantesca biblioteca de obras raras e com uma rara visão da cultura como um bem público.

Ajudou a montar o gigantesco projeto de digitalização das bibliotecas da Universidade de São Paulo, após também fazer a doação de seu próprio acervo para a USP. Postaremos mais sobre o assunto depois.

Visite o blog da Brasiliana Digital da USP aqui.

Você pode baixar integralmente as obras raras que estão no acervo.

A Guerra do Pacífico, em nova série de Spilberg e Tom Hanks

Estreará nesta semana, nos EUA, uma outra mega produção de Spilberg sobre a II Guerra chamada "Pacific". O diretor de "ET" e "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" (quem não viu, está perdendo)já visitou o tema com "Band of Brothers" e "O resgate do soldado Ryan". Trata desta vez, da Guerra do Pacífico, que ele qualifica como "racista e movida pelo terror". Você pode ler aqui a matéria sobre o assunto no El Pais.

Detalhe: perceba como outros países tratam a questão do idioma nacional. Enquanto aqui ninguém pensa duas vezes em vender a série televisiva com o nome original em inglês, no caso "Band of Brothers", na Espanha ela se chamou "Hermanos de Sangre".

Manchetes do domingo e da semana

- Globo: Terremoto devastador deixa mais de 70 mortos no Chile

- Folha de São Paulo: Dilma cresce e já encosta em Serra

- Estadão: Terremoto de 8,8 graus abala o Chile

- Veja: A nova ciência da pele

- Época: Chico Xavier e a alma do Brasil

- IstoÉ: O relatório final do mensalão

- IstoÉ Dinheiro: O rei da TV no Brasil

- CartaCapital: Que estatização é essa?

Você pode ler aqui os resumos dos principais jornais e revistas do país.

Para ajudar a compreender a semana, fique atento:

1) O terremoto que atingiu o Chile servirá de mote para que se compare o seu impacto com que ocorreu no Haiti. Mesmo com prejuízos materiais elevados, as mortes no Chile foram poucas. Muitas comparações entre as histórias e as estruturas políticas dos dois países virão à tona. Postaremos sobre isso durante a semana.

2) O noticiário político será tomado pelas pressões para que o governador José Serra assuma sua candidatura em virtude do crescimento acelerado da ministra Dilma Roussef nas pesquisas. Continuarão as especulações em torno de Ciro Gomes, que continua sugerindo que o governador vai correr da parada. Também sugeriu que poderia se formar uma chapa Aécio-Ciro. Aí sim, o meio de campo iria embolar de vez.

3) Em Brasília, tempo quente, pouca umidade no ar. rsrs. O governador José Roberto Arruda, preso há 18 dias, entregou a seus advogados, segundo o noticiário nacional, um manuscrito produzido por ele na cela da PF com acusações aos líderes nacionais de seu partido, o Democratas (DEM). Vai faltar lexotan nas farmácias.

4) Aqui na província veremos por todo canto, amanhã, as conhecidas e velhas piadas e provocações entre torcedores de futebol com a vitória de 6 a 1 do Santa Cruz sobre o Sete de Setembro. rsrsrs.

5) Por fim, esta é a semana que antecede a premiação do Oscar. And the Oscar go to...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Batman x Superman




Dois dias depois do leilão do gibi do Superman, a revista que trouxe a primeira aventura do Batman foi vendida por U$ 1.075.000 dólares. Como podem ver na imagem, custou na época 10 centavos de dólar. A matéria no El Pais está aqui.

Vídeo - Cremação das bandeiras estaduais no Estado Novo de Vargas

Cremação das bandeiras estaduais no Estado Novo de Vargas.

Poucos sentimentos são mais instintivos e capazes de mobilizar as massas do que o nacionalismo. Na década de 1930 ele esteve fortemente associado aos regimes políticos totalitários e autoritários. Na Alemanha, na URSS, em Portugal, na Argentina ou no Brasil, esteve em alta. Até Fernando Pessoa rendeu-se por um tempo, escrevendo um belíssimo e longo poema em homenagem a sua nação, estimulado por um concurso nacional organizado pelo ditador Salazar. Bem, nesse caso específico, podemos compartilhar do prazer da leitura de versos extraordinários como "Oh, mar salgado! Quanto do teu sal, são lágrimas de Portugal!", numa referência ao projeto colossal da expansão marítima do século XV e XVI. O poema ganhou o nome de "Mensagem".

Quem desejar baixar o livro de Pessoa, pode clicar aqui. Quem quiser apenas ler, clique aqui.

No Brasil, logo após o golpe de 10 de novembro de 1937, chamado de Estado Novo (numa clara referência à ditadura de Salazar em Portugal, iniciada em 1928 e que também se chamou 'Estado Novo'), Getúlio Vargas organizou uma grande e pomposa cerimônia com o auxílio da Igreja Católica para exaltar a "Nação". Aos pés do "Altar da Pátria", acolitado pelo cardeal do Rio de Janeiro, realizou-se a queima de todas as bandeiras estaduais, bem como a proibição legal de que estados e municípios mantivesses símbolos próprios. Nos mastros de onde foram retiradas as bandeiras, hasteou-se em cada um deles a bandeira do Brasil, simbolizando, de acordo com Vargas, a "unidade nacional", o "fim das divergências regionais". [Os paulistas devem ter tido um troço, rsrsrs].

Segue o vídeo da cerimônia.

Graaande Machado de Assis

Machado é mesmo surpreendente!!! Viva!!! Está empatado com "Harry Potter" e com um voto a menos apenas atrás da autora da série "Crepúsculo". Dá-lhe Machado!!! (rsrsrs).

Que tal os votantes postarem nos comentários abaixo os livros que leram e o que acharam?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

3° remanejamento da UPE

A Universidade de Pernambuco (UPE), divulgou nesta quinta-feira (25), o terceiro remanejamento do vestibular 2010. Os alunos incluídos na lista deverão realizar suas matrículas no próximo dia 3 de março. A instituição deverá liberar a quarta listagem no dia 8 de março. Os candidatos que não efetivarem a matrícula na data indicada estarão automaticamente desclassificados.

Confira a listagem aqui.

Para os candidatos remanejados para os cursos oferecidos no Recife e em Camaragibe, as matrículas deverão ser feitas na Reitoria da UPE, que fica na Av. Agamenon Magalhães, s/n, em Santo Amaro, das 8h às 16h. Já os candidatos classificados nos cursos oferecidos no Interior deverão se dirigir às unidades correspondentes.

Os documentos exigidos no ato da matrícula são: Quatro fotos 3x4, original e fotocópia (ou apenas fotocópia autenticada) do RG, CPF, certificado de conclusão do ensino fundamental II (5a a 8a séries) e médio com respectivo histórico escolar.

Para os cotistas, o histórico deve comprovar que o aluno estudou em escola pública estadual ou municipal de Pernambuco. Os outros documentos com cópia são: Certidão de nascimento ou de casamento, título de eleitor e comprovante de votação. Os homens devem apresentar, ainda, a carteira de reservista, se maiores de 18 anos.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O gibi de 1 milhão de dólares.

Action Comics n° 01 - 1938

O primeiro gibi em que o Super Homem apareceu foi leiloado pela bagatela de 1 milhão de dólares ou 735.500 euros. Sua importância não apenas está na publicação do Homem de Aço, mas por ser considerada a primeira publicação que inaugurou o gigantesco e bilionário mercado das histórias em quadrinhos. Você pode conferir aqui a matéria do UOL sobre o assunto e aqui a matéria do El Pais (em espanhol), muito boa, sobre o leilão.

Só por curiosidade, percebam que a matéria do uol é uma lição sobre como não fazer jornalismo. (rsrsrs). Repetindo algo muito comum na imprensa brasileira, ela apenas copia a matéria original naquilo que ela tem de exótico (no caso, o alto valor que o gibi alcançou no leilão). No El Pais, há uma reportagem séria sobre o assunto, que toma o leilão como ponto de partida para uma breve análise sobre as HQ's e a cultura contemporânea, o Superman como símbolo cultural norte-americano e a formação do mercado (repito, bilionário!) de HQ's. Portanto, ser um bom profissional, em qualquer setor, requer conhecimento e aprendizado permanente. Abraços.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Argentina, Inglaterra e Ilhas Malvinas

Guerra, Holocausto e crise da Razão

O aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz pelos soviéticos em 27/01/45 foi transformado com muita justiça no dia mundial de lembrança das vítimas do Holocausto. A insanidade coletiva em que os alemães mergulharam na década de 30 e que tomou o nome de nazismo é não apenas um dos momentos mais trágicos da humanidade, mas representou uma crise na forma do ocidente conceber a política, a filosofia, as tecnologias, a ciência e as relações do homem com estes elementos e com a natureza.

Efetivamente, desde o iluminismo havia se constituído quase que um novo credo religioso, só que este, contraditoriamente, era baseado na Razão. Uma crença vigorosa na capacidade do ser humano em entender, explicar e dominar a natureza. “Ousadia em conhecer” era um lema irresistível até 1914. Essa crença foi embalada pelos extraordinários avanços da ciência e descobertas que ocorreram ao longo do século XIX. Não apenas os físicos, químicos e biólogos expressavam um crescente otimismo com o futuro da ciência e a felicidade humana. Também os filósofos, políticos ou não, criam na capacidade da razão em planejar e construir um devir de paz, harmonia e igualdade, fossem estes seguidores do ‘progresso’ positivista ou do comunismo marxista. Conservadores ou reformadores, todos apostavam que o futuro seria melhor e viria como resultado da vontade humana e do poder da razão em planejar.

Em que pese os primeiros sinais de contestação se manifestarem já na virada do século pelas mãos de Freud e Nietzche, os inequívocos sinais de crise vieram mesmo com as duas grandes guerras. O mundo confrontou-se com os horrores do fascismo, particularmente de sua versão alemã, o nazismo. A ciência e a razão estiveram a serviço de uma máquina de mortes e destruição, cujas expressões máximas foram os campos de concentração e o Holocausto. Criar as câmaras de gás, administrar o fluxo interminável de seres humanos (judeus, negros, ciganos e outras minorias marcadas pelos ‘arianos puros’) rumo às prisões, aos campos, aos fornos crematórios, às câmaras de gás. Dar destino econômico aos seus bens, às suas posses, administrar o trabalho daqueles que eram usados até a exaustão completa como escravos. Tudo demandou um impensável uso da razão, da ciência, do planejamento, da vontade. Uma sociedade inteira embarcou nessa loucura, acreditando no mito de encarnarem uma raça superior. Hitler não foi o Mal encarnado. Ele expressou a ‘alma do povo’ alemão de sua época, foi aceito pelo povo e financiado por grandes conglomerados industriais, representando a solução germânica para a crise de 1929: manutenção do capitalismo sob forte intervenção e estímulo estatal ao lado da supressão da sociedade política liberal. O nazismo foi tão brutal no controle do indivíduo e da sociedade, que foi preciso uma nova palavra para designá-lo, totalitarismo.

Quando a guerra terminou, a confirmação do Holocausto (sim, porque muitos ainda insistiam que os fatos não eram tão brutais) e os 50 milhões de mortos jogaram os filósofos e os pensadores em geral numa tremenda ressaca. A Razão iluminista estava em xeque. Pessimistas e relativistas de todos os tipos ganharam corpo. Nietzche nunca imaginou que um dia poderia ter tantos leitores. Os horrores daqueles anos deixaram marcas, portanto, não apenas entre os judeus, mas no próprio modo do ocidente pensar sua relação com a razão, a ciência, o ‘progresso’, a política, a história, a ética. O que não quer dizer que estejamos aprendendo a lição.

Humor: Quando Bush estava deprimido...

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Manchetes do domingo e da semana

- O Globo: Lula privilegia em reajuste a elite do funcionalismo público

- Folha de São Paulo: Dilma faz defesa de Estado forte e prega estabilidade

- Estadão: Indicada pré-candidata do PT, Dilma prega Estado forte

- Jornal do Brasil: Despesas médicas na mira do Fisco

- Correio Brasiliense: Poder e luxo

- Veja: "A realidade mudou, e nós com ela"

- Época: Exclusivo: "Você acha que sou um poste?"

- IstoÉ: A medicina da meditação

- IstoÉ Dinheiro: O dia em que ele virou líder global

- CartaCapital: Atolado até o pescoço

- Exame: Budweiser – Estilo brasileiro na maior cervejaria do mundo

Leia o resumo das manchetes aqui

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Amanhã, na Rede Estação

Oi pessoal. Amanhã, domingo, 21, às 22 horas, na Rede Estação, canal 14, estarei em uma mesa redonda discutindo as formas de organização dos acampamentos e retiros que as diversas igrejas organizam por ocasião do carnaval.

O ENEM já trouxe boas novas

O Enem já produziu duas boas novas. Oxigenou a lista dos dez primeiros da UFPE com alunos de escolas públicas e possibilitou que a lista se apresente com cursos outros que não apenas medicina. Daqueles, três são das engenharias e sete da área de ciências humanas, com ênfase em direito.

Nada contra as escolas privadas ou o curso de medicina. Mas o modelo anterior de seleção tinha como eixo a ênfase no treinamento dos alunos para a resolução de questões de múltipla escolha, cujas disciplinas mais difíceis, por assim dizer, eram aquelas da área de exatas, com uma infinidade de fórmulas para decorar e cálculos por fazer. A resolução destas questões eram normalmente encaminhadas pelos cursinhos através do que se chamou localmente de “bizus”, muitas vezes sem uma preocupação com uma exata compreensão pelos alunos dos conceitos e termos utilizados. Da mesma forma, os temas das ciências humanas e das linguagens pareciam prontas para que proliferassem as músicas e quadrinhas que facilitariam a tarefa de, novamente, decorar este e aquele conceito ou acontecimento. Professores “showmans”, “aulas-show”, foram expressões que, tristemente, se consolidaram na florescente cena escolar local. Métodos e técnicas que deveriam ser um meio para a construção do conhecimento transformaram-se rapidamente em fins, em uma inversão perversa que comprometia o próprio processo pedagógico.

Reduzindo o peso da decoreba, que privilegiava as ciências exatas, equilibrou a avaliação de todos os alunos ao contemplar questões que exigiam capacidade de compreensão e explicação de fatos e conceitos.

Em que pese a própria prova de história ainda ter demonstrado uma hesitação, talvez uma “crise de identidade” entre questões relativamente básicas e a solicitação do conhecimento de dados específicos, muito próximos à decoreba, no conjunto, as questões que abordaram temas de história e geografia já primaram muito mais pela análise e a contextualização de eventos.

Está claramente demonstrado porque os empresários da educação reclamaram tanto da adoção do Enem. Nada contra quem encontre na educação uma oportunidade de ganhar dinheiro. Mas tudo contra um modelo que, enfatizando o treinamento do aluno para resolver questões de múltipla escolha, relega a segundo e terceiro planos as competências e habilidades em se comunicar, em compreender um telejornal ou artigo de revista, interpretando os meandros das discussões políticas e econômicas, no acesso mais orgânico e sistemático à fruição do patrimônio cultural que a nossa sociedade produziu, particularmente nas artes e literatura.

Ainda está por se avaliar o impacto de uma seleção que abre a possibilidade de uma concorrência nacional para as vagas disponíveis nas universidades de cada estado.
O argumento do MEC de que a mobilidade acadêmica pode provocar uma melhoria no perfil do profissional parece ter apresentado como resultado imediato o aumento assustador da concorrência na UFRPE, a única que adotou o Enem como único meio de seleção. Se confirmado que o aumento foi devido a inscrições de alunos de outros estados, e que o número de alunos desta "mobilidade" é significativo, haverá muitas justas reclamações e talvez até reivindicações por algum tipo de "cota estadual". Afinal, as universidades possuem um papel essencial no desenvolvimento local e não haveria sentido em manter centenas de vagas em Pernambuco ocupadas com alunos do eixo Rio-São Paulo-Minas. Se a demanda está tão grande, e há de estar mesmo, o caminho será a abertura de novos cursos, novas universidades e não a ocupação maciça das vagas de um estado por alunos de outras regiões.

O ENEM passou bem por seu teste inicial. Ganha a educação brasileira, a universidade, alunos e professores do ensino médio.