segunda-feira, 3 de maio de 2010

125 anos dos batistas em Pernambuco e 400 no mundo.


No dia 5 de maio próximo, os batistas de Pernambuco completam os 125 anos do início da pregação de suas doutrinas em nosso estado. O protagonista foi Mello Lins, despertado pela polêmica das bíblias falsificadas, travada em 1867 entre o general Abreu e Lima, pelas colunas do Jornal Pequeno, com o Cônego Pinto de Campos, pelo Diário de Pernambuco. O clima da polêmica levou Lins a examinar as referidas bíblias e, não encontrando justificativa para as acusações e perseguições, decidiu-se pelo protestantismo.

Cerca de dez anos depois optou pelos batistas, tendo sido batizado por imersão, característica dos batistas, por um pastor vindo de Salvador (Bahia), no dia cinco de maio de 1885, às margens do Rio Beberibe, a cinco quilômetros da foz. No ano seguinte, a quatro de abril, era fundada a Primeira Igreja Batista de Pernambuco, com o nome de Egreja de Christo no Recife, que teve sua sede na Rua Direita, 120. Hoje com o nome de Primeira Igreja Batista do Recife tem seu templo na Av. Conde da Boa Vista, 163.

Nesses 125 anos, o crescimento foi enorme. Instituições, como o Seminário Teológico, 1902, o primeiro do Brasil; o Colégio Americano Batista, 1906; Seminário de Educadoras Cristãs (SEC); fundação de igrejas, serviço social, comunicações, pastores consagrados e a grande aceitação da sociedade, levaram os batistas a estabelecer-se em todos os municípios do estado, somando mais de 600 igrejas, que se reúnem em Convenção, de 23 a 25 de abril para deliberarem sobre assuntos comuns.

Os batistas, como as demais denominações (ordens), são egressos dos ventos da Reforma do século 16, espalhados pela Europa. O marco, normalmente aceito, foi o ato do monge agostiniano e professor da Universidade de Wittemberg, Martinho Lutero, ao fixar as suas 95 proposições (teses) na porta da Igreja da Universidade, em 31 de outubro de 1517, para discussão, como era hábito. Não foi um ato de rebeldia; ao contrário, o propósito era melhorar a vida religiosa da época, muito envolvida com o fausto do Renascimento. Rechaçado por Roma, Lutero teve o apoio dos humanistas e a proteção dos príncipes alemães, que aproveitaram a oportunidade para se livrarem das imposições e do jugo de Roma, a igreja oficial.

Na Inglaterra, a Reforma foi muito mais traumática e sangrenta. Partiu do rei Henrique VIII, que declarou a igreja na Inglaterra independente de Roma, assumindo ele mesmo e seus sucessores, até hoje, a chefia da Igreja Inglesa. Mas o movimento luterano, mais do que a independência, lutava pela reforma da igreja, das práticas e doutrinas religiosas, expressas no trinômio: somente a Escritura, somente a Fé e somente a Graça. Estes ideais também proliferaram entre muitos religiosos da Ilha, que passaram a exigir modificações que se aproximassem do que achavam ser a pureza do modelo do Novo Testamento (puritanismo). Inconformados (inconformistas), separaram-se da igreja (separatistas) e foram à luta para verem suas ideias adotadas pelo povo inglês. Diferente da Alemanha, aqui a luta era contra o Rei, o "papa" da Igreja na Inglaterra. Por sua dissidência (dissidentes), muitos perderam a vida ou vegetaram nas prisões, enquanto outros se refugiaram na Holanda, onde havia um ambiente de maior liberdade, para defenderem as suas convicções reformistas.

É neste amalgama, propício à reflexão dos princípios da Reforma, que vão surgindo os vários grupos, denominações, com suas interpretações e acomodações peculiares, fruto da liberdade de especulação. Entre eles estão os que vão ser chamados de batistas. O grande líder e construtor do seu ideário foi Tomaz Helwys que, juntamente com João Smyth, o precursor, assinaram em 1610 uma Declaração de Fé, defendendo intransigentemente a separação da igreja do estado, principal "pedra de toque" dos batistas. Seus princípios, estabelecidos por longo e tenebroso caminho, são: absoluta liberdade religiosa para todos os homens de qualquer fé ou de nenhuma fé. Formação da
igreja por pessoas regeneradas, admitidas mediante o batismo por imersão e autonomia absoluta da igreja local.

(TEXTO DO PR. RAMOS ANDRÉ, PUBLICADO NO DIÁRIO DE PERNAMBUCO, DE 25/04/10. EMAIL DO AUTOR: jramosandre@ig.com.br)

Nenhum comentário:

Postar um comentário