sexta-feira, 21 de maio de 2010

"Acordo com Irã criaria confiança", disse Obama a Lula em carta.


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou em uma carta ao seu colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva que o acerto de troca de combustível nuclear com o Irã criaria "confiança" no mundo, segundo trechos do documento enviado há 15 dias, antes do acordo de Teerã, e obtidos pela Reuters nesta sexta-feira.

O Brasil, que mediou com a Turquia o acordo com o Irã, alega que a carta de Obama inspirou a maioria dos pontos da Declaração de Teerã, por meio da qual a "República Islâmica do Irã concorda em depositar 1.200 kg de urânio levemente enriquecido" na Turquia. Em troca, o país receberia 120 kg de combustível para um reator de pesquisas médicas localizado na capital iraniana.

A Reuters teve acesso a trechos da correspondência e comparou alguns de seus pontos com o acordo assinado na última segunda-feira. Nela, Obama retoma os termos do acordo que o Grupo de Viena havia proposto no ano passado, cujos principais elementos constam no acerto entre Brasil, Turquia e Irã. "Do nosso ponto de vista, uma decisão do Irã de enviar 1.200 kg de urânio de baixo enriquecimento para fora do país geraria confiança e diminuiria as tensões regionais por meio da redução do estoque iraniano" de LEU (urânio levemente enriquecido na sigla em inglês), diz Obama, segundo trechos obtidos da carta.

Após o anúncio do acordo, no entanto, os Estados Unidos anunciaram que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Grã-Bretanha, França, China, Rússia) concordaram com um esboço de resolução contendo novas sanções à República Islâmica. "Nós observamos o Irã dar sinais de flexibilidade ao senhor e outros, mas, formalmente, reiterar uma posição inaceitável pelos canais oficiais da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)", disse o presidente dos EUA.

Segundo a Declaração de Teerã, o Irã se compromete a notificar a AIEA, por escrito, por meio dos canais oficiais, sua concordância com os termos do acordo em até sete dias a contar da data do documento. Esse prazo se expira na próxima segunda-feira.
"O Irã continua a rejeitar a proposta da AIEA e insiste em reter seu urânio de baixo enriquecimento em seu próprio território até a entrega do combustível nuclear", afirmou Obama na carta. Segundo a Declaração de Teerã, "a República Islâmica do Irã expressa estar pronta a depositar seu LEU dentro de um mês".

Obama manifestava, ainda na carta, preocupação com a possibilidade de o Irã acumular, no prazo de um ano, estoque necessário para construir "duas ou três armas nucleares". "Para iniciar um processo diplomático construtivo, o Irã precisa transmitir à AIEA um compromisso construtivo de engajamento, através dos canais oficiais, algo que não foi feito até o momento. No meio tempo, insistiremos na aprovação de sanções". A Declaração de Teerã deixa claro, ainda, que o acordo para a "troca de combustível nuclear é um ponto de partida para o começo da cooperação e um passo positivo e construtivo entre as nações".

Após o anúncio do acordo mediado por Brasil e Turquia na segunda-feira, autoridades iranianas afirmaram que o país manterá suas atividades de enriquecimento de urânio, ao que Estados Unidos e outras potências ocidentais se opõem. O Ocidente suspeita que o programa nuclear iraniano tem o objetivo de construir armas nucleares, mas Teerã afirma que seu fim é a geração de eletricidade para fins pacíficos. Segundo autoridades dos EUA, o Irã teria manipulado Brasil e Turquia com o objetivo de ganhar tempo e adiar a imposição de novas sanções.

4 comentários:

  1. É, não dá mesmo para confiar nos Estados Unidos. Faltou ao Obama cumprir a palavra.

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  2. Que bom revê-lo, Adinalzir. Parece-me, pelo que começa a vir à tona, que os EUA não acreditavam na possibilidade do sucesso da negociação. Há uma matéria no The Guardian que trata do sucesso da diplomacia turca e brasileira, que foram os países que mais abriram embaixadas nos últimos anos. Aí Obama foi pego de calças curtas e só reafirmou o desejo de ir pro pau. Enquanto isso, a grande imprensa brasileira (das grandes famílias) fica só na torcida do contra, de olho nas eleições querendo colocar os paulistas da República Velha de novo no poder. rsrs.

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  3. Olá Professor, semana passada o Professor Pedro iniciou uma discussão na turma da CPREP sobre esse tema e expôs alguns argumentos que eu gostaria de compartilhar aqui junto a algumas idéias minhas.
    O Conselho de Segurança da ONU não tem muita moral para querer proibir o Irã de construir bombas atômicas. Até onde sei EUA, Grã-Bretanha, França, Rússia possuem ogivas nucleares suficientes pra destruir a Terra umas dez vezes (não sei se a China possui esse tipo de armamento, por isso não vou me pronunciar quanto a ela).
    O professor Pedro nos contou algo que eu realmente não sabia. Com o fim do socialismo e da URSS muitos países que pertenciam a ela mantiveram seus armamentos nucleares e o que é ainda mais agravante, algumas dessas armas estão perdidas após tantas mudanças no poder. Um armamento desse perdido ao relento, sem manutenção, é de um perigo absurdo, pois pode detonar a qualquer comento.
    Sendo o Irã tão Estado Nação quanto as potências do Conselho, ele também tem direito de ter seu armamento nuclear, por mais que isso doa aos ocidentais.
    Acredito que o Brasil deu um perigoso e importante passo na diplomacia mundial, e espero que o Irã cumpra com o seu papel no acordo, pois, caso o contrário, o Brasil estará em maus lençóis.


    Al: Thiago Henrique
    Nº 2497

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  4. EDSON COSTA
    N°: 3117
    TURMA:301

    OLÁ PROFESSOR CLÁUDIO. COMO FUTURO JURISTA, NÃO PODERIA PERDER A OPORTUNIDADE DE RELATAR IDEOLOGIAS QUE ADQUIRIR APÓS ANÁLISES APURADAS DE COMENTÁRIOS SOBRE O IMPASSE NUCLEAR ENTRE IRÃ E A "ELITE" MUNDIAL.

    PRIMEIRAMENTE, DEFENDO A IDÉIA QUE NOSSO QUERIDO BRASIL ESTÁ, AO LONGO DESSE PROCESSO, AUMENTANDO O PRESTÍGIO PERANTE AS POTÊNCIAS GLOBAIS. NÃO É QUALQUER LÍDER QUE DESAFIARIA EUA E ALIADOS NUM ASSUNTO TÃO SÉRIO COMO O PODERIO NUCLEAR. UM DIA DESSES, EU ESTAVA LENDO A CONTITUIÇÃO VIGENTE NO BRASIL E DESCOBRI QUE UM DOS PRINCÍPIOS QUE REGEM A NOSSAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS É A PACIFICIDADE DIANTE DE IMPASSES. ISSO MOSTRA QUE O BRASIL ESTÁ CUMPRINDO COM O SEU PAPEL DE MEDIADOR NO MUNDO.

    ADENTRANDO NOS CONFLITOS COM O IRÃ, OS E.E.U.U. E PARTE DA EUROPA POSSUEM TRÊA TEMAS DE DISCUSSÃO EM TORNO DO IRÃ. SÃO ELAS: OS PROJETOS NUCLEARES; OS DIREITOS HUMANOS E O TERRORISMO. ISSO SIGNIFICA QUE ESSE DEBATE SOBRE ENRIQUECIMENTO DE URÂNIO, ETC É APENAS UM DOS PRETEXTOS PARA ALMEJAR UM NOVO CONFRONTO COM O ORIENTE. O FATO É QUE OS COMBATES PASSADOS REFORÇAM A TESE DE QUE UM COMBATE ARMADO COM O IRÃ SERÁ UMA OPÇÃO NEGATIVA, POIS ESSE PAÍS, JUNTAMENTE COM OUTROS DA ÁSIA, TEM CONDIÇÕES ESTRATÉGICAS PARA ANULAR A SUPERIORIDADE TÉCNICA DOS EUA, TORNANDO A GUERRA UMA ALTERNATIVA INSANA PARA O MOMENTO.

    ENCERRANDO ESSE COMENTÁRIO, GOSTARIA DE AFIRMAR QUE HÁ MUITA COISA PARA SE FAZER, A FIM DE EVITAR UM LEVANTE ARMADO. O QUE BRASIL E TURQUIA ESTÃO FAZENDO É IMPORTANTE PARA A DEFESA DE UM MUNDO PACIFISTA E MAIS HONESTO.

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