sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ataque de Israel aos pacifistas da Flotilha da Liberdade: "Israel consumou crime de guerra à luz do direito internacional".


Mapa da Morte, em vermelho o local do massacre. Imagem Corriere della Sera.

1. Nada aconteceu por acaso. Faz duas semanas que o assunto, em todos os cantos de Israel, era a chegada de algumas embarcações turcas, com partida pelo porto de Chipre, trazendo auxílio humanitário à Faixa de Gaza e, a bordo, o xeque Raed Salah, líder islâmico da comunidade árabe-israelense.

Raed Salah, por sorte, está vivo e a sua morte, seguramente, levaria a uma nova intifada.

O ataque promovido por Israel em águas internacionais e a vitimar passageiros de embarcações que não tinham propósitos bélicos, mas humanitários, caracteriza crime de guerra, à luz do Direito Internacional. Além, evidentemente, de estupidez de matriz nazifascista.

2. No Direito Internacional aquele (Israel) que toma a iniciativa de um ataque não pode alegar atuação em legítima defesa. Além da iniciativa, o ataque foi desproporcional.

Por outro lado, havia outra forma de promover uma blitz nas embarcações, para verificar sobre eventual transporte de armamentos e presença de terroristas.

A mera presença nas embarcações de representantes de uma organização não governamental (IHH- de solidariedade a palestinos em face do desumano bloqueio imposto na Faixa de Gaza) descaracteriza situação de legítima defesa. Caracteriza, isto sim, intolerância e injusta agressão. Na verdade, um estúpido ataque noturno que coloriu o mar de cor de sangue.

3. Todo mês o governo direitista do premiê Netanyahu — que conquistou o poder graças a uma união com extremistas e levou para a pasta de relações internacionais um irracional que já prometeu afogar todos os egípcios — mostra à comunidade internacional como se pratica terrorismo de Estado.

Mais uma vez, Israel promoveu terrorismo de Estado.

Quando da visita do vice-presidente norte-americano a Israel, o premiê Netanyahu fez a provocação ao anunciar a construção de casas populares em área ocupada militarmente em Jerusalém Leste.

O professor Noam Chomsky, notável e respeitável professor de universidade norte-americana, foi detido e submetido a interrogatório humilhante. Isto por ter entrado em Israel depois de uma visita à Jordânia. Chomsky, por evidente, não é nenhum terrorista. Sua única arma é a escrita e a sua força decorre do prestigio das suas obras e artigos.

Poucos dias atrás, o ultranacionalista Avigdor Lieberman recebeu a visita do embaixador turco (até então país amigo e distante do conflito) e o humilhou: colocou a cadeira do convidado em nível bem abaixo da sua e arrancou do gabinete a bandeira da Turquia, na frente do visitante.

Avigdor Lieberman tem uma mente tortuosa. Ele já virou notícia por ter, antes de assumir o cargo, viajado à Bielo-Rússia para se aconselhar com o ditador Aleksandr Lukashenko.

O ultranacionalista Avigdor, nascido Evet Lieberman, apelidado Yvette ou Leonid, tornou-se, pelo seu partido Yisrael Beiteinu (Nossa Casa Israel), o fiel da balança na formação do novo governo israelita.

Aos 51 anos e nascido na então república soviética da Moldávia, Lieberman conseguiu 1 milhão de votos de imigrantes russos e seu partido conquistou 15 cadeiras no Parlamento, transformando-se no terceiro maior.

Avigdor deixou a Moldávia em 1978 e, em trinta anos de Israel, apesar das denúncias de corrupção e de uma filha acusada de fraudes fiscais, integrou o gabinete do premiê Ehud Olmert (anterior a Netanyahu e marcado pela corrupção), num decorativo Ministério de Ações a Longo Prazo.

Algumas frases desse fanático de turno são preocupantes. 1 Devemos mandar o Hamas para o paraíso. 2 Vamos bombardear a represa de Assuã para inundar o Egito. 3 Precisamos fazer em Gaza aquilo feito por Putin na Chechênia. 4 Abu Mazen é um incompetente.

4. Israel não aceita a jurisdição do Tribunal Penal Internacional criado pelo Tratado de Roma e com competência para julgar crimes de guerra, contra a humanidade e genocídios. Como o país integra as Nações Unidas, espera-se que o Conselho de Segurança imponha sanções pelo mar de sangue que acabou de promover e cujo número de mortos está, até agora, estimado em dez.

5. A esquerda israelense, que afundou nas últimas eleições — o Meretz (pacifistas) teve de torcer pelo Kadima (centro-direita) e os trabalhistas perderam representatividade —, se fortaleceu depois do covarde ataque às embarcações humanitárias dispostas a furar pacificamente o absurdo bloqueio imposto a Gaza.

Já se fala e se exige a queda do premiê Netanyahu e de todo o seu gabinete, por consequência.

6. Israel, que não tem uma Constituição escrita e mantida a direita extremista no poder do Estado hebreu, certamente, continuará a indignar os que lutam pelo respeito aos direitos naturais do ser humano.

Wálter Fanganiello Maierovitch

3 comentários:

  1. Está claro que as intenções do Estado de Israel são nazi-fascistas. São ações e desmandos que se repetem ao longo do tempo.

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  2. Olá, Cláudio.

    Creio que a mensagem que nos chegou por meio da "mídia chique" não reflete o ocorrido. Ninguém está dando ouvidos a Israel. Aliás, por que [b]apenas[/b] não dar crédito a Israel? O que você faria se, ao ser ameaçado de invasão em seu território, avisasse ao invasor (mesmo que ele tivesse as melhores das intenções!) por diversas vezes; avisasse à polícia, mas esta nem daria bolas?
    O que ninguém quer ver é que a tal "ação humanitária" era, na verdade, uma afronta a Israel, bem como estava CHEIA de seguidores do da ong Gaza Livre e era liderada por um simpatizante do Hamas: Bülent Yildrim, o humanitário, pacifista, chefe turco, é amigo de Ismail Haniya, o chefe do Hamas.
    Outro líder da IHH chegou a dizer, pelos mortos, "nós somos gratos a Israel"(NYT).
    Após dezenas de avisos, especialmente para inspeção, a flotilha resolver [b]furar[/b], esta é a verdade, o bloqueio de Israel. Ao descer por cordas, os soldados de Israel não tinham como agir pela força. E foram recebidos com paus, barras de ferros, facadas, jogados no convés; havia "humanitáriso" com fuzil(veja lá o vídeo!)! Claro, tudo muito pacífico pelos "humanitários"
    Como sempre, o objetivo é sempre mostrar Israel como o vilão de tudo. A ordem dos fatos, porém, contraria isso:
    os “humanitários” atacaram os soldados de Israel
    - o objetivo da flotilha era provocar uma reação de Israel
    - A organizadora "humanitária" é uma ONG pró-Hamas;
    - o objetivo era criar a impressão, como sempre, de que Israel é sempre o bandido da história.
    Israel só errou porque não percebeu a estratégia daqueles, estes sim, bandidos....
    Aqui fica meu apoio a Israel.
    Que os Humanitários vão tentar furar o bloqueio no Irã, Turquia, Egito, Coréia do Norte....
    Forte abraço, mano.

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  3. Você não está apoiando Israel, caríssimo Gaspar. Está apoiando a extrema-direita israelense, violenta, brutal, assassina, comandada por assassinos do tipo do Ariel Sharon que liderou a matança dos campos de refugiados com mulheres e crianças de Sabra-Chatila. O grande problema é tomar uma parte pelo todo. As embarcações levavam vários terroristas: um ex-secretário geral da ONU, uma prêmio nobel da paz, um escritor sueco que vive na África, tantos outros anônimos dispostos a denunciar o violento cerco que os extremistas judeus (que são iguaizinhos aos extremistas árabes) faz à Faixa de Gaza. Aliás, essa é a nossa principal diferença. Eu sou completamente contra os extremistas palestinos e os ataques terroristas que eles executam. Mas sou igualmente contra o terrorismo de Estado que a direita judaica pratica, não faço parte do grupo que acha que os judeus podem matar apenas porque são judeus. Passou-se mais de uma semana e as armas que o Netanyahu dizia que os barcos que foram abordados transportavam não foram apresentadas. Ademais, o seu argumento sobre a imprensa, por favor, Gaspar! A CNN pertence a um judeu!!! A Time pertence ao mesmo grupo! Todos os jornais europeus trataram da mesma forma o que aconteceu, incluindo os jornais britânicos, tradicional reduto de apoio aos judeus, desde os fluxos migratórios no século XIX. "Mídia chique"?!!! Nem o Haaretz apoiou os assassinatos! Só para lembrar a você que existem judeus extremistas, quem matou o primeiro ministro israelense Rabin, que deu início ao processo de paz na região e às discussões com os palestinos? Um radical judeu! A partir daí a extrema direita liderada por "Bibi" aumentou sua votação manipulando o medo dos israelenses e chegou ao comando do gabinete de ministros. Aliás, manipulação do medo e a mentira é aquilo que os republicanos nos EUA também são especialistas. Cadê as armas de destruição em massa do Iraque? Depois de 200.000 mortos, a maioria civis, nada de armas. Mas o petróleo... É bom lembrar que o Brasil tem muito o que dizer para aquela região, porque aqui é um dos poucos lugares em que sinagogas coexistem vizinhas a mesquitas, além do que, foi um brasileiro que participou da elaboração e promulgou a resolução de criação do Estado de Israel depois da II Guerra na ONU, Graça Aranha, uma resolução, também é bom lembrar, que falava em dois estados, o judeu e o palestino.

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