quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O plebiscito que Serra pretende.

A campanha começou com Lula propondo a discussão dos programas e práticas de governo dele e de Fernando Henrique Cardoso. Reclama-se muito do tamanho da popularidade de Lula e da fragilidade institucional dos partidos políticos no Brasil, mas o país está ficando bom neste ponto. Em que pese a fraqueza dos partidos, desde FHC o eleitor confronta-se menos com personalidades e mais com um programa, senão de governo, pelo menos de ação governamental. Foi assim quando se diz que FHC foi eleito duas vezes na esteira da estabilização da moeda e de Lula, reeleito e propondo a continuidade de seu modelo, estabilidade econômica, Estado mais forte, uma rede de programas sociais e descentralização das obras de infraestrutura.

José Serra, temeroso da comparação do "governo Lula" com o "governo FHC" planejou a comparação de biografias. Neste ponto, o primeiro retrocesso da campanha. Ao contrário da discussão dos governos, o cotejo de 'biografias', para atingir a única conclusão na visão serrista, de que ele próprio seria o único "salvador da pátria". Regressamos ao personalismo e ao messianismo, que foi encarnado com plenitude por Marina Silva. Ao afirmar que governaria 'com os melhores do PT e do PSDB' fazia uma confissão: estava só. Será que os pastores concordariam, aliás, com Gabeira como ministro da Educação? kkkkk. Bem, do exterior não poderia mesmo, porque sequestrou o embaixador americano em 1969 e, ele sim, não pode entrar nos EUA. kkkkk. Quanta ironia.

Agora, a campanha de José Serra, devidamente ancorada na Folha de São Paulo, no Estadão e na Veja, pretendem fazer o que for possível para eliminar de vez qualquer risco de uma discussão política, da realização do debate de políticas públicas, qualquer vestígio da existência de um espaço público e laico. Tentarão a todo custo transformar o pleito do próximo dia 31 num plebiscito. Não aquele proposto por Lula, moderno, avançado, de escolher entre duas formas de governar. Mas um plebiscito reacionário, fascista, destruidor da política como espaço de discussão da coisa pública. Querem focar apenas em um debate rasteiro sobre uma forma ingênua de abordar questões de ordem pessoal e moral. Não é desse plebiscito que o país precisa.

4 comentários:

  1. Realmente, com o Serra não haverá nehuma alternativa para nós. Concordo plenamente! Dilma neles!

    Abraços,

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  2. Alvíssaras, prof. Adinalzir. Em 2002, os vestibulares das universidades federais aqui do estado eram feitos para 3000 vagas. Hoje são 6500. Se isso não é 'visão estratégica', não posso imaginar o que seja. Pena que haja tanta gente que se furta a esse debate e prefere ficar numa religiosidade superficial e cheia de preconceitos. Um grande abraço.

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  3. Adorei o blog!

    Estou seguindo!

    Parabéns pelo trabalho!

    Abraços,
    Isabela Pimentel
    http://nablogoesfera.blogspot.com

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  4. Isabela, é ótimo que tenha gostado. Também achei o teu excelente, já está indicado aqui ao lado. Por sinal, você escreve muito bem, tanto a poesia quanto a quase crônica do dia de tua viagem. Ficou muito bom. Um grande abraço, Cláudio.

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