segunda-feira, 1 de março de 2010

Paradoxo: Igreja Positivista do Brasil

O positivismo é uma tentativa de explicação global para a existência humana, consolidada na França por Auguste Comté, na segunda metade do século XIX. Em linhas gerais, defendia-se a idéia de "Progresso", onde as sociedades estariam a caminhar de forma linear (sem retornos ou interrupções) das trevas da ignorância provocadas pelo pensamento mítico e religioso para a luz de uma sociedade conduzida pela Razão. Também faz parte desse modelo a crença de cada estágio da sociedade é melhor do que o outro.

Precisamos lembrar o contexto do período 1850/1900, onde a Revolução Industrial se afirmou e entrou em nova fase, marcada pelo AÇO/ELETRICIDADE/PETRÓLEO e pelas CORPORAÇÕES e MONOPÓLIOS. Esse momento de intenso crescimento das riquezas foi acompanhado igualmente pelo crescimento desordenado das cidades, não havia emprego para todos (muito pelo contrário), não havia ainda nenhum tipo de direitos garantidos aos trabalhadores e operários. As descrições de Londres e Paris neste tempo são assustadoras. Aliás, o cinema incorporou bem esse aspecto, pois a Londres vitoriana é, invariavelmente, sombria e assustadora.

Tamanha crise social, que gerou os primeiros movimentos de reivindicações operárias e os primeiros socialistas teve repercussões também na literatura, com o surgimento dos realistas e naturalistas. Possivelmente, o maior e melhor romance do período seja "Os Miseráveis", de Victor Hugo. Por toda parte, havia, portanto, uma preocupação em entender o que estava acontecendo e buscar uma solução para tamanho caos. Os socialistas propuseram claramente a revolução. Os literatos possuíam uma visão crítica muito forte do que estava ocorrendo, mas não tinham certeza de como resolver. Os positivistas acreditavam que apenas um poder executivo forte poderia impor a ordem ao caos e garantir a realização do progresso.

A crença quase religiosa na Razão, no poder da técnica, na capacidade da ciência em resolver os dilemas e problemas humanos levou os positivistas ao mais interessante paradoxo: criaram a "religião da humanidade" e a "igreja positivista", cuja função era enaltecer e cultuar a Razão. Conhecer e estudar os principais personagens que marcaram a história. Celebrar a Pátria e o Progresso.

Você pode visitar AQUI o sítio da Igreja Positivista do Brasil e, passeando pela página, ver até onde puderam chegar. Claro que é uma imensa contradição que, aqueles que afirmavam que a religião seria descartável, tenham criado uma "religião racional".

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