segunda-feira, 29 de março de 2010

A Revolução Russa e os calendários Juliano e Gregoriano



Os calendários mais simples são sempre lunares pela facilidade em estabelecer o ciclo desse astro. 28 dias de uma lua cheia a outra, subdividido em 4 ciclos de 7 dias para cada fase lunar. Usam calendários lunares a quase totalidade dos povos antigos, o islão e o judaísmo. Os egípcios foram os primeiros a desenvolver um calendário solar, numa operação muito complexa de observação da natureza, anotação do ciclo da estrela Sirius [imagine a tarefa de contar os dias entre o surgimento e outro desta estrela num mesmo ponto do horizonte, que hoje sabemos ser 365 dias!].

Os romanos adotaram um calendário solar mais sofisticado a partir de Júlio César, que sofreu várias reformas, sendo a principal delas um ajuste feito pelo papa Gregório XIII em 1582 através da edição de uma bula chamada "Inter Gravissimas". Ocorria que por conta da diferença das famosas 6 horas do calendário [lembram que o ano tem 365 dias, 6 horas, etc.]? Desde Júlio César havia algumas tentativas de solucionar o problema dessa diferença, porque com o passar dos anos, o acúmulo dessas horas tornava o calendário "desatualizado" em relação aos dias de equinócios e solstícios. Por decreto [claro que não poderia ser de outra forma], o papa determinou que a data fosse ajustada por um salto de vários dias para que pudesse efetivamente sincronizar a data dos equinócios e solstícios. O mundo católico romano passou a adotar o calendário gregoriano progressivamente a partir de então, mas a Rússia, cuja principal igreja cristã era a Ortodoxa, que não obedecia as ordem de Roma, continuou com o calendário juliano.

Desta forma, em 1917 as várias fases da Revolução Russa são denominadas pelos dias do próprio calendário juliano, mesmo que diferentes do ocidente. Assim, a tomada do poder pelos bolcheviques ocorrida em 25 de outubro é chamada de "Revolução de Outubro", mesmo que tenha ocorrido em 07 de novembro de 1917 pelo calendário ocidental. Depois de vitoriosos, o novo governo passou também a adotar o gregoriano.

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