quinta-feira, 4 de março de 2010

Progresso, história e política

A crença positivista na idéia de Progresso no século XIX gerou não apenas um vigoroso, embora questionável, movimento filosófico. Como já leram no post abaixo, o positivismo como filosofia influenciou a história, a geografia, criou a sociologia, a psicologia, a biologia.

Na política, levou os governantes a acreditarem que as forças do Progresso plenamente expressas pelos saberes da engenharia poderiam superar qualquer obstáculo econômico. Perceba que a engenharia é uma técnica que se desenvolve na confluência de vários saberes: a física (mecânica, elétrica, ótica, movimentos, força), a química (resistência de materiais, reações, materiais), geografia (solos, rochas, ventos, águas), sociologia (as obras da engenharia exercem impacto direto sobre as sociedades e, no caso do temor das revoluções e das tentativas de controlar o caos urbano no século XIX, pareciam cair como uma luva). Portanto, se algo parece ser um obstáculo aos projetos políticos da Nação: chamem os engenheiros!!!

Foi assim que a antiga Paris foi posta abaixo e se construiu uma nova Paris, com ruas mais largas, planejadas, geométricas, buscando, entre outras coisas, evitar que rebeliões como a Comuna de Paris se repetissem.

A França através de companhias privadas apoiadas pelo Estado construiu o Canal de Suez, ligando o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho. O comércio com o Oriente Médio e a Ásia passou a ser feito pelo Canal, encurtando o caminho do contorno africano.

Os EUA abriram o Canal do Panamá ligando o Atlântico ao Pacífico, encurtando o percurso que era feito pela Terra do Fogo ao sul da Argentina. Neste caso, depois de terem promovido a própria independência do Panamá, que era uma província colombiana.

Nestes três casos, era a engenharia e o poder do planejamento, da razão, em íntima ligação com o poder político, construindo e moldando o mundo contemporâneo. Deus permitiu que Moisés erguesse o seu cajado e abrisse o Mar Vermelho na dramática cena final da fuga do Egito, para que os homens passassem por onde antes havia água. Napoleão III e as companhias francesas ordenaram a seus engenheiros que rasgassem o chão para permitir a passagem de navios por onde antes, havia terra.

Governos e pensadores acreditavam que nada lhes opunha e que eram portadores de uma nova Verdade. O início do século XX ficou conhecido como "belle èpoque". A Primeira Guerra veio desfazer todas as ilusões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário